A peça “Luz Vermelha” apresenta nos palcos um thriller policial no Teatro Brigitte Blair. Produzido por Guilherme Del Rio, que também integra o elenco, a peça se passa na Lapa, onde personagens associados ao submundo disputam poder. A trama, provocante e desconcertante, mostra conflitos e paixões, criando um micro universo único e misterioso, onde tempo e espaço se fundem e são desconstruídos para serem formatados em outro paradigma, do mesmo modo, surpreendente. As apresentações acontecem às sextas e aos sábados, às 20h30m; e aos domingos, às 19h30m. Os ingressos custam a partir de R$40.
“O espetáculo é como um filme no palco”, observa Del Rio. “É todo feito em cenas de flashback. Há o presente, com uma jornalista que faz uma reportagem sobre tudo o que aconteceu e é apresentado por meu personagem, que narra tudo a ela. Isso se passa um dia depois do réveillon de 1999 para 2000, mas as demais cenas se passam na semana anterior”. Apesar de o texto ser ambientado há mais de duas décadas, possui detalhes que fazem dele atual. “Na história, naquela época havia um grupo de extermínio que matava as pessoas que praticavam crimes contra homofóbicos, o que nem era discutido. Como é teatro, fiz licença poética”.
“Luz Vermelha” apresenta um gênero teatral que ainda não voltou com força após a pandemia, conforme aponta o artista. “As pessoas estão querendo muito comédias ou musicais, mas as lacunas do thriller policial estavam abertas. Não há nada no cenário atual”. A produção havia sido apresentada em duas temporadas em 2017, mas volta à cena repaginada, com elenco quase que inteiro renovado e nova direção, o que faz da atual um novo espetáculo. “Há a pegada de suspense; traições; amores bandidos; violência gerada pelas mazelas do submundo de pessoas que disputam poderes limitados àquele universo”.
Del Rio aponta que essa realidade continua viva na Lapa. “Mesmo com a região na moda, ainda tem um toque marginal. Existem personagens lá com essa pegada. Toda a violência e a pobreza refletem muito na rua, na população. Os personagens estão o tempo todo pisando em campo minado. Eles são presos àquilo que eles são e àquele mundo, com medo de ele ser detonado a qualquer momento”, palpita, mencionando que o estilo do texto é uma homenagem aos escritos pelo autor teatral Plínio Marcos. “Muitos deles tem essa mesmo estilo. Ele falava desse submundo, da coisa carioca que é um cortiço na Lapa”.
Essa ambientação é o que dá nome ao espetáculo: nele, existe um cabaré chamado Luz Vermelha, onde acontecem algumas das situações encenadas. “Ocorrem coisas boas e ruins. As prostitutas se reúnem, os bandidos também, as pessoas vão para se divertir. É um grande país onde há de tudo”. Um desses personagens é Katita, uma travesti jovem expulsa de casa. “Em uma cena, ela leva uma surra. Me inspirei em uma que apanhou até morrer no interior do Ceará. Todo esse pessoal já vem de uma vida muito rejeitada. É uma questão que coloco na peça. Não quero doutrinar nem educar ninguém, mas sim apresentar uma realidade nua e crua”, finaliza.
Serviço: “Luz Vermelha” | Temporada: de 13 de outubro a 5 de novembro, com apresentações às sextas e aos sábados, às 20h30m; e aos domingos, às 19h30m | Local: Teatro Brigitte Blair (Rua Miguel Lemos, 51-H – Copacabana) – Tel.: (21) 2521-2955 | Ingressos: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia) | Vendas: Sympla.
Comments