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Remador carioca prepara-se para expedição solidária no Rio Paraná


O remador carioca Pedro Botafogo está na reta final dos preparos para participar da Travessia do Bem, expedição pelo Rio Paraná prevista para ter início em 20 de setembro. O grupo sairá da nascente desse curso d’água, situado na divisa de três estados (Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo), com destino à barragem da usina de Itaipu, no Paraná, numa viagem de aproximadamente 30 dias, nos quais a qualidade da água será monitorada. No trajeto, as comunidades ribeirinhas serão visitadas e contempladas com placas de energia solar.


“São previstos 19 dias de remada, mas isso é flexível. Se o lugar for muito interessante e a gente entender que vale ficar mais porque as aves se concentram para dormir, por exemplo, podemos ficar mais”, conta, mencionando que essa maleabilidade afetou todo o planejamento: “Nos campings, não precisamos agendar nada, mas há dias em que ficaremos em pousadas. Em todas, reservamos sempre dois dias para trás da data prevista e dois para frente. Assim, a gente não perde esse viés de expedição, de poder decidir as coisas enquanto elas acontecem”. Os caiaques, cedidos pela marca Eclipse, possuem compartimentos estanque tanto na proa quanto na popa, possibilitando que cada remador leve seus pertences e mantimentos. Outra parceria que viabilizou o projeto com com a Mitsubishi, que cedeu duas pickups para o transporte das embarcações.


É a quarta vez que Pedro se aventura em uma experiência como essa. Sua estreia foi em um trecho do Rio São Francisco. “Não percorri ele inteiro porque não tinha preparo para isso e porque o rio tem 2 mil quilômetros. Precisamos ser realistas”, destaca. Na segunda, tentou percorrer de Porto Alegre ao Uruguai, mas precisou abortar a tentativa no meio do caminho: “Foi o maior índice pluviométrico dos últimos 40 anos na região. Chovia todo dia, eu não estava tão bem preparado, perdi comida, a barraca ficou encharcada….”. Posteriormente, com os aprendizados, partiu de Viamão (RS) até o destino almejado na anterior. “Fiz 700km mais ou menos em 13 dias, sozinho..”.


Foi exatamente essa última viagem que abriu portas para a Travessia do Bem. Ao fazer um post na internet celebrando os quatro anos dela, atraiu a atenção do idealizador do novo projeto, Marcelo Figueiral, que o convidou para remar no Rio Paraná. No total, serão quatro remadores e outras quatro pessoas no barco de apoio, incluindo o capitão e o diretor de fotografia, que produzirá imagens para um documentário já comercializado a um canal de esportes e que deve ser exibido em 2022. Será produzido também um livro fotográfico.


A expedição está prevista para passar por mais de 280 ilhas, além de 28 cidades, 24 portos, 14 unidades de conservação e quatro represas. Por ser um trajeto que engloba muitas comunidades ribeirinhas, a ideia também é deixar legados para elas, como doações de placas de energia solar e coleta de amostras da água do Rio Paraná ao longo dos seus dos seus 830km, material este que será analisado a fim de detectar e medir a presença de agrotóxicos, metais pesados, microplástico e bio-indicadores.


Pedro mostra-se animado com as possibilidades trazidas pela viagem: “Fico muito animado porque é um esporte que merece ser divulgado. Expedição não é algo de outro mundo. O Brasil tem 8 mil quilômetros de costa, mas quantos temos de água doce navegáveis? Remar em água doce é mais fácil, tem suas facilidades. Não precisa levar para beber. Quando é no mar, tem que pensar numa logística para isso super complexa. Fora isso, geralmente não há ondas ou risco de não conseguir desembarcar numa praia ou se machucar quando fizer”, diz, citando ainda as vantagens geográficas: “Se estudar bem, não é tão isolado, dependendo do rio que for remar. Nos últimos 150, 200km do São Francisco, a gente passou por várias cidades. Se você tem medo de acontecer alguma coisa quando estiver longe dos grandes centros, consegue remar ali e tem uma base. No mar, todos ficam muito isolados, expostos ao vento e às ondas. Tem gente que tem medo de tubarão e não faz porque acha que só pode fazer expedição no mar”, observa.


Mais informações sobre a expedição podem ser encontradas na página www.travessiadobem.com.br.

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