Publicado na edição 340 (2ª quinzena de junho de 2012)
Ao longo de sua urbanização, várias praças foram projetadas em Copacabana. Com o passar dos anos, sofreram diversas mudanças, tornando-se irreconhecíveis quando comparadas com fotos antigas. Os motivos das alterações foram diversos: novas construções, especulação imobiliária, obras do metrô ajudaram a transformar os espaços. A Praça Cardeal Arcoverde foi uma das mais modificadas em pouco tempo.
Seu nome original era Praça Sacopenapã, em referência ao nome original do bairro, já que o terreno teria sido doado ao município em 1874, antes da fundação de Copacabana e da mudança da nomenclatura. Em seguida, passou a chamar-se Praça Martim Afonso, em homenagem ao expedicionário português Martim Afonso de Souza, que fundou a primeira vila brasileira, a Vila de São Vicente, em 1532. A designação atual tornou-se a oficial somente em 1917, em referência a Dom Joaquim Albuquerque.
O terreno ficava compreendido entre as atuais ruas Barata Ribeiro e Toneleiros, passando pela descida da Ladeira do Leme e terminando na Rua General Azevedo Pimentel, onde ficam os pontos dos ônibus de integração para o Leme do metrô.
Na década de 1930, o espaço foi urbanizado. O chão foi coberto por um grande gramado, por onde passavam diversos caminhos que formavam desenhos no pavimento. Ao centro, foi implantado um lago, por onde passavam duas pontes. Todo o entorno era decorado com flores e diversas espécies de plantas.
Nesse período, parte de seu espaço foi tomado pelo prédio de uma das polícias especiais do governo de Getúlio Vargas. Em 1935, o prefeito Pedro Ernesto entregou o quartel para um projeto educacional. A construção transformou-se na Escola Municipal Dom Aquino Corrêa. Em 1942, com a abertura da Avenida Presidente Vargas, a sede da prefeitura foi desalojada e passou a ocupar o local do Museu da Cidade, na Gávea. Com isso, todo o acervo foi levado para o Centro de Recreações da Prefeitura, o antigo auditório do colégio, que foi desalojado da instituição e ficou fechado para o público. Somente em 1958 o local voltou a ser aberto, após a inauguração do Teatro da Praça (atual Gláucio Gill).
Em 1969, a praça voltou a ser reduzida com a inauguração da Escola Municipal Alencastro Guimarães e a ampliação da antiga construção. Com isso, o terreno foi restrito à metade de seu tamanho original e recebeu novo ajardinamento. No entanto, os cuidados não duraram muito tempo e alguns anos depois, o local foi abandonado.
Somente na década de 1980 o lugar recebeu intervenções, com a construção do metrô. Um grande buraco foi cavado, as árvores foram cortadas e a obra foi parada devido alterações no projeto (a linha passaria originalmente por baixo da Rua Barata Ribeiro e teria saída na Avenida Nossa Senhora de Copacabana. No entanto, a densidade demográfica da região e os custos fizeram com que os trilhos fossem levados para a encosta do Morro São João). Em 1996 foi retomada, e dois anos depois, a estação foi inaugurada, ocupando mais um quarto da praça, que recebeu melhorias.
Atualmente, a Praça Cardeal Arcoverde em nada lembra o ambiente original, grande e com plantas. Sua principal função é servir como a entrada e a saída da estação. Somente o mobiliário do pequeno parque remete ao lazer, o objetivo principal da localidade.
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