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As vilas de Copacabana: vilarejos preservados na Avenida Princesa Isabel encantam moradores

Publicado na edição 363 (1ª quinzena de junho de 2013)

Thayssa Rodrigues


Vila Rica, Rosada, Margarida... Com o passar das gerações, certos nomes tendem a cair no esquecimento da população, mas os espaços nomeados dessa forma continuam preservando o clima bucólico da antiga Copacabana. Algumas vilas resistiram à especulação imobiliária e contam mais de um século de história, como as localizadas na Avenida Princesa Isabel. Outras, como a que depois de aberta virou a já extinta Rua Tenreiro Aranha, sumiram do mapa e ficaram somente na memória dos moradores. Para contar um pouco das histórias envolvendo esses redutos, o Jornal Posto Seis traz aos leitores uma série de reportagens contando um pouco como é a vida nesses pequenos oásis de tranquilidade no meio da cidade.


A Avenida Princesa Isabel, importante via de Copacabana, é conhecida por sua intensa movimentação de pedestres e veículos, cena rotineira em centros urbanos. No entanto, basta caminhar pela via com um pouco mais de atenção para perceber que ela abriga pequenos refúgios de sossego. Os espaços, que resistiram ao crescimento imobiliário, são as tradicionais vilas. Ao todo, são três ao longo da avenida, que um dia já foi quase toda composta por esse estilo de habitação. Os vilarejos enchem os olhos de quem passa por seus portões e acumulam elogios e lembranças entre os que residem ali.


Consideradas como raridade nos dias atuais, o conjunto de casas que compõe as vilas foge aos padrões de condomínios modernos, equipados e super sofisticados. Ali, ao contrário, o que se preza é a simplicidade e o clima bucólico que remete ao passado ou mesmo a cidadezinhas do interior. A área é fechada por portões, mas as moradias não possuem grades ou muros para isolá-las, as janelas normalmente permanecem escancaradas e, vez ou outra, é ali mesmo onde se inicia um papo de comadres. As crianças brincam na rua, como seus pais e avós faziam na infância. Tranquilidade, segurança e amabilidade fazem parte do estilo de vida desse lugar.


Um desses cantinhos está localizado no número 386 e, apesar da fachada não ostentar nenhuma placa, a área é conhecida, entre os mais antigos proprietários, como Vila Rica. Pode-se dizer, em alusão ao nome, que a maior riqueza da vila é a cordialidade dos que vivem ali. “O clima aqui é muito bom, a amizade entre os vizinhos é maravilhosa”, aponta Maria Fernanda Silva Machado, de 70 anos, que reside há 13 anos por lá. Segundo ela, não são apenas os mais velhos que apreciam o estilo de vida oferecido por esses cantinhos; as crianças se apaixonam pela liberdade vivenciada nesse ambiente: “Meus netos acham ótimo poder andar de bicicleta na rua”.


A moradora Maria Aparecida, de 78 anos, vive na mesma vila que Maria Fernanda, há 40 anos, e da janela cumprimenta a vizinha enquanto comenta os pontos positivos do lugar: “Nós já temos essa casa há muitos anos, gosto bastante de viver aqui. Acho que, atualmente, podemos indicar como uma grande vantagem termos espaço para estacionar os carros na porta de casa. Além disso, vamos modificando, reformando e ampliando nossas moradias aos poucos, ao nosso gosto”, explica. Para ela, a cidade cresceu ao redor desses redutos de tal forma que conseguir parar o veículo em frente a residência, sem nem mesmo precisar de garagem para isso, é um privilégio de que poucos dispõem. De fato, ali os automóveis permanecem na rua, as vezes abertos, enquanto os donos retiram compras da mala, sem as preocupações naturais existentes do portão para fora, como tempo de estacionamento ou segurança dos pertences.


A poucos metros dali localiza-se outra vila, no número 412, conhecida como Vila Rosada. É lá que vive o produtor musical Willian Luna, de 73 anos, igualmente orgulhoso de seu vilarejo. Ele explica que a rua permanece sempre muito bem cuidada, com os jardins floridos e a limpeza em dia, graças a uma taxa de manutenção dividida entre os vizinhos: “Todos aqui pagam R$40,00 para contribuir com a organização do espaço comum. Com essa quantia, garantimos iluminação, limpeza e jardinagem”. Willian, que já soma 20 anos de moradia no local, explica por que é tão difícil encontrar um imóvel disponível em recantos como esse: “Conseguir casas em vilas é quase impossível, porque quem vive nelas não quer sair e não vende por nada!”, comenta, entre risos. Segundo ele, é justamente por isso que o preço dos imóveis é bem valorizado. “O valor é alto porque a procura é grande e a oferta pequena, além do lugar ser agradável e acolhedor”.


Ainda assim, há quem consiga encontrar uma chance de mudar-se para essas vielas. É o caso da dona de casa Bianca Miranda, de 29 anos, que realizou o sonho no final de abril. A vila em que reside hoje é a última da avenida, localizada no número 254. De acordo com Bianca, a qualidade de vida oferecida pelo ambiente foi o que mais chamou atenção na escolha pela área, principalmente pelo fato dela desejar proporcionar a filha, prestes a completar um ano, diversões simples e seguras na rua de casa, daqui a uns anos, quando estiver maiorzinha. “Eu cresci em casa, tive essa experiência e acho muito importante, por isso, queria proporcionar isso a ela. A gente morava em um apartamento, onde ela ficaria limitada aquele espaço físico reduzido. Aqui dispomos de um ambiente amplo para ela brincar e se desenvolver e, para completar, ainda estamos pertinho da praia. Melhor impossível!”.


São famílias diferentes, que residem em vilas distintas e possuem histórias de vidas particulares. Os motivos que as levaram a construir um lar ali são diversos, mas os laços que as mantém apegadas ao local podem ser comuns, entre eles, a alegria de viver em um dos poucos espaços que aliam calmaria a praticidade. Resumindo o que todos sentem ao sair da avenida e entrar em uma das três vilas preservadas na via, Bianca afirma: “Parece que estou no subúrbio, esse é o grande diferencial. Você sai do portão e está no centro de tudo, mas entra aqui e percebe uma paz absoluta”, finaliza.

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