top of page

Pessoas que tiveram contato com Papa Francisco na JMJ compartilham memórias da vinda do Pontífice a Copacabana


Durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em 2013, uma multidão de peregrinos lotaram as areias de Copacabana para participar do evento conduzido pelo Papa Francisco. Estima-se que 3,7 milhões de pessoas estiveram na orla, onde poucos tiveram a oportunidade de se aproximar do Pontífice, que morreu vítima de um AVC no dia 21 de abril. Para relembrar esses momentos, o Jornal Posto Seis conversou com a artista plástica Mazeredo, que produziu a escultura benzida por Francisco; e com o presidente da Sociedade Amigos de Copacabana (SAC), Horácio Magalhães, que encabeçou o momento eternizado n a história do bairro.


“Eu presidia o Conselho Comunitário de Segurança Pública e fui procurado pelo Padre Anísio, da organização da JMJ. Passei para ele uma sugestão levada por um senhor, cujo nome desconheço, a uma reunião do conselho: a de que houvesse algum monumento registrando a passagem por aqui. O Padre Anísio falou com Dom Orani Tempesta, que levou a ideia ao Papa. Ele foi simpático à homenagem, desde que não fosse algo com sua imagem”, lembra Magalhães, reforçado pela escultora. “Quando ele soube que eu faria uma estátua de São Francisco de Assis, avisou, de Roma, que faria questão de abençoá-la”.


Para evitar problemas de segurança, toda a operação foi mantida em sigilo. A peça foi colocada na orla numa terça-feira, dois dias antes da previsão da bênção, prevista para acontecer em 18 de julho, uma quinta-feira. Entretanto, contrariando o cronograma, o Papa Móvel passou direto em vez de parar na área reservada para tal ação, no canteiro central da Avenida Atlântica, nas imediações da Rua República do Peru. “Ele estava atrasado. Parece que ele esteve com a presidenta (Dilma Roussef) naquele dia”, relembra Mazeredo, complementada por Magalhães: “Ninguém entendeu nada e depois, o Padre Anísio me ligou e disse que até o Papa estranhou, já que ele sabia que iria abençoar a estátua, mas o cronograma estava apertado”.


No dia seguinte, a Força Nacional confirmou que Francisco pararia no local, onde havia profissionais de poucos veículos de imprensa, Magalhães, Mazeredo e alguns religiosos representantes da região. Além deles, estavam também os diretores da SAC, Cláudia Maia e Daniel Uram; o então administrador regional Raphael Gattás e seu assessor, Rafael Cardoso.


Como era previsto algum contato entre Mazeredo e o Papa, os demais escolheram Cláudia, por ser a única mulher excedente, para recepcionar o Pontífice, que se mostrou simpático interagindo com todos:

“Quando desceu, ele nos cumprimentou. O Padre Anísio apresentou cada um de nós e o Gattás tinha comprado uma camisa da seleção brasileira com o nome ‘Francisco’ para ele. Foi muito legal!”, comenta o presidente da associação.


Após essa quebra do protocolo, o Papa dirigiu-se à Cláudia, recebendo dela uma miniatura da escultura. “Ele perguntou se era para ele e beijou a peça”. Já Mazeredo vivenciou um momento inusitado: “Eu iria entregar a ele uma pomba de resina para ser colocada na mão de São Francisco de Assis, mas ele não conseguiu e me pediu ajuda. Peguei minha mão e coloquei por cima da dele, mas nisso, alguém pisou no meu pé e perdi o equilíbrio. Me apoiei nas costas dele, que foi muito generoso porque viu que eu ia cair e disse que estava tudo bem, mas isso foi filmado pela TV Aparecida e dois minutos depois, minha filha estava me ligando e perguntando ‘Que intimidade é essa com o Papa?’. Parecia que eu estava abraçando ele”, diverte-se.


Depois que Francisco seguiu em direção ao palco, montado na altura da Avenida Princesa Isabel, surgiu um problema inusitado: a multidão queria se aproximar da estátua para bater fotos. “Muitas pessoas se penduravam nela”. Por isso, coube aos participantes do momento resguardarem a peça até às 2h da manhã, quando a Guarda Municipal assumiu o trabalho até domingo, quando a escultura foi guardada. Na semana seguinte, foi levada para a Praça do Lido, onde foi inaugurada por Dom Orani Tempesta. “Todo dia 26, há uma roda de oração em volta dela”.


Magalhães lembra outro detalhe dos bastidores que não foi tornado público na época: “Para construir a torre de imprensa, iriam tirar 12 coqueiros. A gente, enquanto associação, questionava isso porque dificilmente sobreviveriam ao replantio. Falamos com o Padre Anísio, que levou o assunto ao Dom Orani. Ele abordou o assunto com o Papa, que não gostou da ideia de tirarem as árvores por causa dele. Por isso, mesmo com autorização da Secretaria de Meio Ambiente, os coqueiros ficaram porque o prefeito teve que rever a decisão”, finaliza.

 
 
 

Comments


Commenting on this post isn't available anymore. Contact the site owner for more info.
bottom of page