A nova temporada de “A Tropa”, espetáculo que já passou por oito cidades do Brasil nos últimos anos e arrebatou mais de 10 mil espectadores, é marcada pela celebração dos 60 anos de carreira de Otávio Augusto, um dos atores com carreiras mais sólidas e premiadas do país, cujo currículo traz mais de 70 filmes, 90 peças e 100 trabalhos em televisão.
“Não percebi (a chegada da data). Foi meu colega de cena, o ator Daniel Marano, quem atentou para os 60 anos da minha estreia, em 1962, na peça ‘O Fim’, de Boris Fetchir”, conta o artista, que, anteriormente, celebrou os 50 anos de profissão também enquanto encenava “A Tropa”. “Foi coincidência”, garante o ator, que ganhou de presente de sua companheira, Cristina, e de Marano uma conta no Instagram (@otavioaugustosoueu) em meados de maio. “Eles estão me ajudando com o conteúdo”. Seu primeiro post, um vídeo, anunciava sua chegada às redes sociais aos amantes do teatro, da televisão e do cinema e para agradar esse público, lembranças de diversos trabalhos são publicadas em meio aos registros recentes.
Em “A Tropa”, Otávio interpreta um ex-militar, viúvo e pai de quatro filhos, um homem autoritário que, no leito de hospital, vê as relações veladas da família serem descortinadas. Consequentemente, cada um expõe suas enfermidades - ideológicas, sociais, afetivas e familiares -, dando início a uma discussão sobre o lugar da tolerância na sociedade atual. Na visão do ator, desde que a primeira temporada foi encenada, em 2016, esse cenário tornou-se pior: “Não houve avanços, houve um retrocesso. A intolerância está gritante nas redes sociais. Lembrando que grande parcela da nossa sociedade deseja mudanças para melhor. O governo atual avalizou o pior dessa sociedade. Quanto à construção da personagem, nada mudou pois ele representa exatamente o lado retrógrado da sociedade”.
As críticas continuam no que diz respeito as mudanças no setor artístico. Após se destacar em novelas como “Tieta” (1989) e “Vamp’ (1991), em filmes como “Central do Brasil” (1998) e “Amor Estranho Amor” (1980), e em espetáculos que marcaram a história do teatro brasileiro, como “O Rei da Vela” (1967), do Teatro Oficina; e a montagem original de “A Ópera do Malandro” (1978), de Chico Buarque, Otávio lamenta a falta de estímulos por parte do Poder Público: “Este governo está tentando destruir as artes, mas somos resilientes, estamos aqui e teremos força total em breve”, finaliza, esperançoso.
Serviço: Teatro PetraGold (Rua Conde de Bernadote, 26 - Leblon) | Até 26 de agosto | Sextas-feiras às 20h30m | Telefone: 2529-7700 | Ingressos: R$70 (inteira) e R$35 (meia) | Classificação indicativa: 14 anos | Gênero: Comédia dramática | Duração: 80 minutos | Lotação: 409 lugares | Vendas antecipadas no site: www.sympla.com.br
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