Há exatos 100 anos, o Rio foi cenário do maior evento da história do Brasil até os dias atuais: a Exposição Internacional de Centenário da Independência, que teve como endereço o Centro. Celebrando a grandiosidade daquela mostra, o Museu Histórico Nacional (MHN) apresenta, até dezembro, “Rio-1922”, que transporta o público para aquela data por meio de paineis, fotos e objetos, como um dos ingressos impressos daquela ocasião e a batuta original de Carlos Gomes, que executou “O Guarani” (cuja partitura também está presente) na festa de abertura. A visitação é gratuita.
Dividida em módulos, a exibição é iniciada com as reformas urbanas que resultaram no país moderno apresentado pela primeira vez naquele momento. O Morro do Castelo, berço da cidade, era apontado como um insalubre e sua destruição, idealizada desde o governo de D. João VI, era apontada como necessária para a chegada do progresso. O projeto saiu do papel para a realização da grande exposição, que é tema da seção seguinte, onde o público se depara com uma imensa reprodução de sua planta original, indicando a localização original das dezenas de pavilhões e das demais atrações, como o parque de diversões montado especialmente para a ocasião.
Estes prédios eram concentrados em duas áreas: na primeira, entre o antigo Arsenal da Guerra (uma das partes que compõem, atualmente, o complexo do MHN) e o Mercado Municipal (demolido para a construção da Perimetral – apenas uma das torres, ocupada nos dias atuais pelo Restaurante Albamar, seguiu de pé), foram erguidos os pavilhões do Comércio, Higiene e Festas; das Pequenas Indústrias; da Viação e Agricultura; da Caça e Pesca; da Administração; de Estatística, aos quais se somavam os palácios das Indústrias e dos Estados. Já Avenida das Nações, que se estendia do Arsenal até o palácio Monroe (que ficava na Cinelândia e sediou o centro de informações do evento), foi endereço dos palácios de honra das seguintes representações estrangeiras: Estados Unidos, Argentina, México, Inglaterra, França, Itália, Portugal, Dinamarca, Suécia, Tchecoslováquia, Bélgica, Noruega e Japão.
A grandiosidade do evento reuniu um público de aproximadamente 3 milhões de pessoas – aproximadamente 10% da população brasileira contabilizada no Censo de 1920 e deixou como legado a apresentação do Rio de Janeiro como uma capital tão moderna quanto a de países desenvolvidos, o que também é apresentando na exposição do MHN. Em outro setor, a mostra dedica-se a apresentar alguns aspectos da cidade naquele ano de 1922, apresentando objetos, peças de vestuário e peças publicitárias.
A exibição termina com uma sala destinada ao próprio MHN, criado como herança daquele grande evento em um dos únicos prédios que resistiram à ação do tempo (além deste, onde funcionou o Palácio das Indústrias, ainda estão de pé os pavilhões da Administração, atual sede do Museu da Imagem e do Som, na Praça XV; o da França, sede a Academia Brasileira de Letras; e o da Estatística, onde funciona um órgão do Ministério da Saúde na Avenida Alfred Agache, no outro lado da rua do museu) e que também comemora 100 anos. A instituição ocupou o prédio ainda durante a mostra, então com apenas duas galerias. A mostra celebra também seu centenário a e até a ata de fundação está disponível para o público, que pode aproveitar a visita para visitar seu acervo de mais de 300 mil peças que apresentam o Brasil desde a época das pinturas rupestres à chegada da República.
Serviço: Rio-1922 Museu Histórico Nacional (Praça Marechal Âncora, s/n – Centro) Funcionamento: de quarta a sexta - das 10h às 17h, e aos sábados e domingos, das 13h às 17h. Entrada franca.
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