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Movimento de guias locais promove passeios por trilha no Morro da Babilônia


A trilha do Morro da Babilônia está pronta para receber visitantes nesse verão. O caminho, que já foi muito procurado no passado, voltou a ser bastante percorrido recentemente, mas agora conta com uma novidade: há quase três anos, um grupo de moradores, todos guias de turismo e guias locais, formou a Amastour, movimento com viés turístico especializado naquela rota, que além de mirantes, passa também por marcos históricos.

“A ideia é fomentar o turismo daqui”, conta um dos idealizadores, Felipe Sena, que lidera a ação junto com Léo Dester e outros oito profissionais. “Não adianta a galera subir e a trilha estar cheia de mato. Se chove, o capim-colonião cresce 7cm em um dia. Em dois, já são 14 cm. Havia gente se perdendo na trilha e ligando para os bombeiros. Levamos para lugares conhecidos, não para localidades estranhas ou onde há árvores frutíferas. Não é bom pisar ali”.

A duração do passeio depende do objetivo do visitante. “Tem gente que quer ir direto para o mirante da Praia Vermelha, aí a gente faz em 1 hora, 1 hora e meia. Se a pessoa quer ver a vista em um ângulo completo de 360º, fazer o tour histórico, saber sobre a Segunda Guerra Mundial, ver as ruínas dos séculos XVII e XVIII, aí demora umas 2h, 2h40m…”, observa Sena, citando que a trilha completa possui seis mirantes, mas que os passeios contemplam ainda um sétimo, escondido na comunidade da Babilônia. Dester complementa apontando a possibilidade de contemplar a flora e a fauna local: “Aqui há bastantes pica-paus; saguis; tucanos; araras; répteis diversos, como teiu…”. A dupla garante que todos os guias se especializaram nas particularidades do caminho, possibilitando responder às mais diversas dúvidas. “Estamos com tudo detalhado na cabeça. Estudamos até as aves, como as jacupembas, que são difíceis de serem vistas porque correm e voam”, menciona Sena, que continua:


“Não é um passeio como os de sempre (apenas para bater fotos). Mostramos a cultura e a essência aqui de cima; passamos por cenários de filmes, como “Tropa de Elite” e “Orfeu Negro”, que inspirou a mãe do Barack Obama… Ela via negros vivendo com felicidade e passou a mostrar o filme para o filho”. A rota é indicada para todos os públicos: recentemente, por meio do Coletivo Inclusão, até um cadeirante a percorreu, utilizando uma cadeira de rodas adaptada para aquele tipo de solo, com ajuda da Amastour.

Ao fim da caminhada, os participantes são levados para almoçar em algum dos restaurantes situados em cima do morro. “O pessoal costuma terminar com fome e nossa ideia é também fomentar a economia local”, observa Léo. Geralmente, o espaço escolhido é o Chapéu do Chef, que, já antes dessa parceria, desenvolvia um projeto social distribuindo 700 quentinhas para pessoas em vulnerabilidade social. Se as pessoas pedem para ir ao Bar do David, famoso por ter vencido algumas edições do Comida Di Buteco, é para lá que são conduzidas. Há ainda opções orgânicas no Favela Orgânica, iniciativa que visa ensinar sobre o aproveitamento total de alimentos.

O trabalho da Amastour contempla também outros benefícios para os moradores. Eventualmente, quem está desempregado é chamado para ajudar a capinar os pedaços de trilha que precisam de intervenção. As crianças da colônia de férias são inseridas no projeto ajudando a plantar árvores frutíferas. “As jacas são as rainhas, mas há ainda pitanga, acerola, manga, banana, jamelão… Até pé de café tem lá em cima”, observa Sena. O grupo ainda participa da horta comunitária e na época da colheita, todos os frutos cultivados nela e na mata são distribuídos para moradores idosos tanto da Babilônia como do Chapéu-Mangueira. A terceira idade também é lembrada durante o passeio: em todos os roteiros, os guias fazem questão de exaltar a memória de Seu Tunico, que, quando vivo, foi um dos moradores mais longevos da região. Sua casa, a mais antiga ainda de pé em cima do morro, foi construída há mais de 100 anos (reportagens indicam que ela teria sido erguida em 1908) em pau a pique e se situa na entrada da trilha, onde o senhor plantou uma jaqueira, já centenária, que chama a atenção dos visitantes pela beleza: seu tronco formou um banco natural.


As ações da Amastour renderam reconhecimento em duas edições do prêmio Braztoa de Sustentabilidade, concedido pela Associação Brasileira das Operadoras de Turismo. “Na primeira vez, ganhamos uma menção honrosa e na segunda, ficamos entre os 27 finalistas. Para nós, já foi uma vitória. Eram 105 inscritos. Foi muito importante para a gente”, comemora Dester, complementado por Sena: “Só as associações de moradores (do Chapéu-Mangueira e da Babilônia) nos ajudam. Elas e o boca a boca”. Atualmente, o grupo está presente nas redes sociais (Instagram @amastourbabichapeu e também no Facebook /amastour.leme.9) e, em breve, ganhará um site.


Os passeios podem ser realizados diariamente. Os agendamentos podem ser feitos pelos telefones 97598-1060 (Felipe Sena) e 98184-3040 (Léo Déster).

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