O morador de Copacabana Aluysio Franco Moraes completou duas décadas como subsíndico do edifício que reside, na Rua Xavier da Silveira. O fato chama a atenção por sua idade: Coronel, como é conhecido, está com 102 anos. Fisicamente bem e com total lucidez, recentemente ele ganhou uma festa de aniversário, no próprio prédio, onde celebrou a nova idade ao lado dos vizinhos.
“Não tenho a pele do rosto enrugada, nem cabeleira branca”, pontua no começo da entrevista, apresentando uma lista com alguns tópicos de sua vida que acha importante apresentar, como o fato de ter sido o vencedor, há muitas décadas, de um prêmio da loteria estadual e, em outro momento, ter sido contemplado por um título de capitalização em 1943, ainda que os valores recebidos não tenham sido altos. “Minha mãe sempre comprava títulos, o bilheteiro falou que o prêmio estava alto e compramos uma cota”, lembra.
Esbanjando saúde, Coronel orgulha-se de não depender de acompanhante. Ao receber a equipe do Jornal Posto Seis em sua residência onde vive com o neto e cinco gatas, fez questão de ir até a porta dar boas-vindas e conduzir à sala. A independência também ocorre na rua. “Ando sozinho e faço pequenas compras na farmácia e no mercado”, orgulha-se, ostentando jovialidade. “Quando pergunto para os outros quantos anos acham que tenho, falam, no máximo, 80”. Questionado se, em sua visão, manter-se ativo mentalmente ajudou a conservar a parte física, o centenário mostra-se reflexivo (“pode ser, nunca parei para pensar nisso”, mas após alguns segundos, assume outra feição. Para ele, o segredo de sua longevidade é outro:
“Em 1944, tomei um soro da jovialidade que meu cunhado, que era médico, me receitou”, afirma, com convicção, ainda que ache graça no fato de a pessoa que indicou tal bebida tenha falecido cedo. O fato, entretanto, não diminui sua confiança no método: “Para alguns, deve fazer bem. Acho que funcionou para algumas pessoas Minha esposa chegou aos 95 anos. Eu estou com 102. Um casal de amigos também tomou. Ela viveu até os 97 e ele fez 100 ano passado. Sou o único vivo da turma de oficiais (do Exército) de 1944. Éramos 115 e 114 morreram”.
Em meio aos palpites, Coronel, que trabalhou como engenheiro militar, descreve seus trabalhos no condomínio: “Fiz muitas obras aqui como a reforma das entradas sociais e também de vários apartamentos. Hoje, minha maior atribuição é a manutenção da fachada”. Coube a ele também a construção de uma academia no local, onde pedala, três vezes por semana, 4 km na bicicleta ergométrica.
Seu empenho parece agradar. Em seu 102º aniversário, em janeiro, o zelador do prédio organizou uma festa para ele na portaria. Cerca de 30 moradores o prestigiaram, o que animou o idoso – seu centenário não pôde ser comemorado por causa da pandemia. “Ele me avisou e eu concordei. Gostei muito!”. Grande parte dos convidados já o conhece de longa data: ele vive naquele mesmo endereço desde 1967 – no bairro, mora desde a década de 1950.
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