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Coluna "Copacabana 130 anos" - Mère Louise


O Mère Louise (construção de dois andares à direita) foi inaugurado antes da Avenida Atlântica

Copacabana celebra 130 anos em julho e para marcar a data, o Jornal Posto Seis estreia essa coluna, que exalta algumas particularidades do bairro. A primeira edição é dedicada a Louise Chabas, uma moradora que, no século XIX, entrou para a história da região ao montar um dos primeiros estabelecimentos notáveis no bairro, o bar e restaurante Mère Louise – o que a fez, talvez, uma das primeiras empreendedoras do Brasil. O espaço era conhecido pela alta gastronomia, mas era o fato de ser um cabaré nos moldes parisienses, com jogos de roleta, mulheres com “colos e pernas nuas” e aluguel de quarto por hora que atraía clientes ilustres – até deputados, senadores e ministros deslocavam-se ao distante areal para se divertir na casa.


Louise, de origem provençal, nasceu em 1843 e teria chegado no Brasil em 1875. Seu negócio abriu as portas 11 anos depois e a alçou ao posto de figura conhecida na região que ainda viria a se tornar um bairro do Rio. Casou-se com um cliente em 1905, mas mostrou-se além de seu tempo ao separar-se do marido no ano seguinte, prática incomum às mulheres do começo do século XX.


A empresária era bastante ativa na vida comunitária de Copacabana. Em 1912, já com idade avançada, embarcou em uma das canoas dos pescadores do Posto 6 para ajudar no resgate de afogados vitimados pelo mar revolto, arriscando sua vida em prol dos outros. Seu lado social era refletido até no Mère Louise, onde confiava tanto nos clientes que tomou uma série de calotes. Com isso, tornou-se insustentável manter o luxo da casa, vendida para a Cervejaria Brahma.


Nessa fase, sabe-se que Louise tentou abrigar-se em um asilo para viver o fim de sua vida, mas o sossego durou apenas um mês: o interesse em fazer negócios a levou a abrir mais dois rendez vous: um no Beco das Carmelitas, na Lapa, e outro em Copacabana, nas imediações de onde inaugurou o antigo Mère Louise. Mais tarde, a empresária passou a administrar outras duas casas na Rua Santa Clara, mas nessa altura, já estava doente demais para gerir os negócios.


Desenganada, foi visitada por muitos antigos clientes fieis, que fizeram questão de se despedir da senhora, mas contra todas as expectativas, Louise sobreviveu e recuperou a saúde. A partir de então, tornou-se figura recorrente na Galeria Cruzeiro, no Centro, conforme noticiado nos jornais da época: munida de uma lista com seus devedores, fazia questão de expor os nomes a todos, o que constrangia os homens renomados que haviam comido e bebido de graça e se divertido com mulheres na época do luxo.


Morreu em 1918 e seu obituário ganhou um grande espaço no jornal Correio da Manhã – naquela altura, o proprietário,o jornalista Edmundo Bittencourt, havia adquirido a casa que fez Louise ser conhecida em todo o Rio. Até os dias atuais, o negócio é bastante citado por pesquisadores em seus textos sobre a Copacabana antiga e o chalé onde funcionou, muito apontado em fotos que registram o Posto 6 daquele período, o que faz do Mère Louise um dos estabelecimentos antigos mais notáveis do princípio do bairro.


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