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Louise Cardoso estrela montagem de “Os Bolsos Cheios de Pão”


Louise Cardoso (Foto: Cristina Granato)

A partir de 30 de março, a Arena do Sesc Copacabana recebe o espetáculo “Os Bolsos Cheios de Pão”, que reúne dois textos do renomado dramaturgo Matéi Visniec: o homônimo à apresentação e “O Último Godot”. Ambos são estrelados por Luiz Octávio Moraes e Louise Cardoso, que conversou com o Jornal Posto Seis sobre a montagem, em cartaz até 23 de abril, de quinta a domingo, às 20h.


“É uma obra nova na medida que o Matéi escreveu os dois textos nos anos 1990, mas são extremamente contemporâneos. Os trabalhos cabem como uma luva em 2023”, descreve Louise, que interpreta personagens masculinos nessa montagem. “Faço rabo de cavalo e posturas um pouco mais masculinas, mas não falo com voz grossa. Dá pra passar, mas não há preocupação em mostrar barba, por exemplo”.


A primeira parte, “O Último Godot”, é uma homenagem ao dramaturgo Samuel Beckett, autor de “Esperando Godot” e pela primeira vez, o público poderá ver Godot se apresentando. Expulso de um teatro fechado, o personagem se conecta com seu criador, Beckett, e a partir do encontro, vê a possibilidade de existir, enquanto lamenta a decadência da cultura ao mesmo tempo em que uma relação afetuosa começa a nascer. “Li esse material na pandemia e ele fala de ruas desertas, pessoas trancadas em casa… Parecia que era sobre aquele momento, dos teatros fechados… O Godot quer entrar em cena, quer existir, mas o autor não o coloca, apesar de ele ser um dos mais famosos do mundo. Como pode ser e não ser ao mesmo tempo?”. Por ser um texto muito curto, este não poderia ser montado sozinho, por isso é apresentado junto com “Os Bolsos Cheios de Pão”.

Nessa segunda parte, é apresentada a história de dois senhores indignados porque um cachorro foi jogado em um poço. Enquanto debatem questões como quem foi capaz de fazer tamanha atrocidade, por qual motivo, se o animal ainda está vivo, se teria se jogado sozinho e até se quer sair de lá, os personagens defendem suas próprias ideias, consideradas melhores que as do outro. “É uma metáfora de algo muito maior. Pode ser sobre os imigrantes. O que fazer com eles? Ou sobre usuários de crack. Como lidar com essa gente? Todos falam, mas ninguém faz nada”, pontua.


Devido às várias possibilidades de interpretação, são previstos debates nas temporadas seguintes. “Me interessa muito saber as opiniões”.Apesar desse tipo de interação não estar programado para a atual, o público será inserido na peça: em vários momentos, os atores quebram a quarta parede e interagem diretamente com o espectador. “Os personagens falam com o público, olham nos olhos das pessoas. O Sesc é uma arena, vai dar para ver bem isso”.


Apesar de habituada a se apresentar, Louise, que é formada pelo Teatro Tablado e esteve em cartaz com espetáculos variados quase que anualmente desde 1977, confessa estar ansiosa para seu retorno aos palcos após a pandemia. “Estou nas nuvens e ao mesmo tempo, nervosa, pensando em coisas como ‘será que minha voz está boa?’’. A última peça que fiz foi em 2018 e ela continuou em 2019. Sempre fiz teatro junto com TV e cinema (a artista pôde ser vista em 43 produções televisivas e outras 43 cinematográficas), mas agora só quero um trabalho de cada vez porque às vezes, cansa”, diz, mencionando que seu retorno ao trabalho após o lockdown se deu no filme “45 do Segundo Tempo”, lançado em 2022. “Voltei com ele, mas o teatro é minha paixão. É onde fico mais plena”, finaliza.


Serviço: Temporada: 30 de março a 23 de abril, de quinta a domingo, às 20h | Local: Sesc Copacabana – Arena (Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana) | Informações: 2547-0156 | Ingressos: R$30 (inteira), R$15 (meia entrada para casos previstos por lei, estendida a professores e classe artística mediante apresentação de registro profissional), R$ 7,50 (credencial plena SESC), gratuito (público PCG) | Funcionamento da bilheteria: Terça a sábado, das 9h às 20h, e domingos, das 13h às 20h | Duração: 70 minutos | Classificação: 12 anos

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