Carlos Drummond de Andrade completaria 120 anos em 31 de outubro. O mineiro de Itabira escolheu Copacabana como seu bairro do coração e após sua morte, foi imortalizado com uma estátua em sua homenagem, preservando sua presença para sempre na orla que tanto o inspirou.
Poeta, contista, cronista e farmacêutico formado pela Universidade Federal de Minas Gerais, era o nono filho de fazendeiros. Aos 13 anos, ingressou em um colégio interno em Belo Horizonte, mas por motivos de saúde, voltou à antiga residência. Retornou os estudos em uma instituição mais tarde, em Nova Friburgo (RJ), e participou do único exemplar do jornal lançado pelos alunos. Chamava-se “Maio…” e nele, Drummond assinou uma poesia em prosa.
Expulso da escola, mudou-se com a família para Belo Horizonte, onde passou a trabalhar no jornal “Diário de Minas” e no ano seguinte, recebeu um prêmio no “Concurso da Novela Mineira”. Em meio à publicação de outros trabalhos no periódico, ingressou na Escola de Odontologia e Farmácia de Belo Horizonte, mas sem interesse pela área, decidiu abandoná-la após se formar.
Nessa altura, já era casado com Dolores Dutra de Moraes, com quem teve dois filhos, Carlos Flávio e Maria Julieta. O menino morreu logo após o parto e até a tragédia foi motivo de inspiração: desse falecimento, nasceu o poema “O Que Viveu Meia Hora”, em sua homenagem. Já Maria Julieta veio ao mundo no mesmo ano da publicação de “No Meio do Caminho”, poema publicado na “Revista da Antropofagia”, que chamou a atenção dos críticos, negativamente, apesar de ter entrado para a posterioridade como um marco da literatura.
O primeiro livro, “Alguma Poesia”, foi publicado dois anos depois, sob o selo imaginário de Editora Pindorama. Na mesma época, passou a atuar como servidor público como auxiliar de gabinete da Secretaria do Interior, mas logo foi promovido a oficial de gabinete quando Gustavo Capanema, com quem estudou em sua primeira escola, virou ministro.
Foi Capanema quem o trouxe ao Rio, já que Drummond seria seu chefe de gabinete enquanto ministro da Educação e Saúde Pública. Naquele ano de 1934, começava sua relação com a cidade, onde continuou escrevendo para veículos diversos e lançando livros inclusive infantis. Na década de 1940, chegou a ser premiado pelo conjunto de sua obra pela Sociedade Felipe d’Oliveira. Em paralelo à carreira de escritor, continuava exercendo o cargo de funcionário público, agora na Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (DPHAN), onde mais tarde se tornaria chefe da Seção de História, na Divisão de Estudos e Tombamentos. Com sua situação estabilizada, em 1953, parou de trabalhar em periódicos (apesar de ter colaborado com o Jornal do Brasil no final da década de 1960). Passados nove anos, aposentou-se.
A nova fase da vida não atrapalhou suas escritas, que resultaram em livros lançados quase que anualmente. Em meio a prêmios e edições no exterior, Drummond continuou sendo reconhecido cada vez mais como um grande expoente da literatura nacional. Não a toa, em seus 80 anos, tanto a Biblioteca Nacional como a Casa de Ruy Barbosa organizaram grandes exposições comemorativas da data, marcada também pela obtenção do título de doutor honoris causa concedido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Sua última homenagem em vida foi em 1987, quando sua obra virou enredo da Estação Primeira de Mangueira. A escola sagrou-se campeã naquele ano, mas em agosto, a morte de Maria Julieta abalou a saúde do poeta, que morreu poucos dias depois da filha, aos 84 anos.
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