A morte da Princesa Diana, que ganhou holofotes em 1997, é o ponto de partida do espetáculo “Um Dia Feliz”, idealizado pelo ator Diogo Savala. A peça propõe uma reflexão sobre a visibilidade midiática do ocorrido sob a ótica de um ex-casal de namorados que vive na Baixada Fluminense. Com curta temporada, as apresentações acontecem no Teatro Candido Mendes até o fim do mês, sempre às terças, às 20h.
Na trama, Reinaldo, interpretado por Savala, é um homem endurecido pela realidade, porém ingênuo e ainda apaixonado pela ex-colega de classe Edilene (Lays Mattos). Ela, por sua vez, seguiu a vida. Mudou-se para o exterior, onde se casou e teve três filhos, mas a morte do marido a faz retornar à sua cidade natal. “Quando volta, ela não reconhece mais aquela realidade. Sequer conhece o Reinaldo. Ele chega com aquela expectativa da namoradinha que está voltando, mas ela adquiriu uma bagagem muito grande lá fora. Aí vem toda a questão do distanciamento. Ela está focada com as notícias de fora e na época, o que estava rolando era a morte da Princesa Diana”, conta o ator, mencionando a coincidência de a montagem ter estreado no dia da coroação do Rei Charles III.
“A gente queria fazer esse contraste entre a cobertura internacional, ainda mais na época, quando não havia esse imediatismo de mostrar tudo 24h. A imprensa mostrou na íntegra quando o corpo chegou, o Bispo rezando Pai Nosso; o coro cantando… Isso por horas e horas e na peça, a personagem está acompanhando tudo aquilo”, comenta, continuando: “Sem dúvidas, a morte da Princesa Diana foi algo triste, mas para o Reinaldo, naquela realidade, é tudo meio chato. Ele acha uma notícia irrelevante porque não mudaria em nada sua vida, enquanto a Edilene se identifica com aquela figura real, meio que uma estranha no ninho. Era uma pessoa que não nasceu na realeza e onde já se viu Princesa desquitada naquela época? A Edilene também era uma mulher mais pra frente, que seguiu a vida dela. Virou uma mãe solteira, o que também não era bem visto”.
Apesar de Savala ter idealizado o espetáculo, o texto foi escrito por João Cícero, que também é o diretor e entregou o material no começo de 2023. “Gostei tanto e estava tanto na ânsia por poder trabalhar que aproveitei que saí da novela (‘Cara e Coragem’, exibida na Rede Globo), ganhei uma grana e decidi bancar para acontecer logo”, explica o ator, justificando a escolha por não se apresentar aos fins de semana:
“Muitos dos teatros do Rio estão parados ou por obras ou por causa do governo passado. Houve editais que não aconteceram. As pessoas ficaram tanto tempo em casa durante a pandemia que estão sentindo falta de ir ao teatro, até valorizando mais. Com isso, comecei a ver muitas peças feitas em horários alternativos. Acho ótimo! Geralmente, quando a gente faz aos sábados e domingos, não consegue ver as dos colegas. Notei que isso dava certo certo e resolvi fazer por um mês. Fechamos no Teatro Candido Mendes só às terças-feiras, às 20h. É um horário bom, o pessoal já saiu do trabalho, não tem mais engarrafamento e termina cedo”.
Além do trabalho em “Um Dia Feliz”, Savala também tem realizado apresentações de outra peça, “Tá Certo ou Não Tá?”, que conta a vida do palhaço Carequinha para crianças moradoras de comunidades carentes. “Quase 100% delas nunca foi ao teatro. É um trabalho também de formação de plateia. É difícil, longe… A gente chega lá, faz duas apresentações por dia (uma para o turno da manhã e outra para o da tarde), o que exige muito do corpo, mas a energia que o público traz dá muito retorno… A risada das crianças faz com que eu não queira parar. É muito gostoso”, finaliza.
Serviço: “Um Dia Feliz” | Local: Teatro Candido Mendes (Rua Joana Angélica, 63 – Ipanema) | Temporada: até 30 de maio | Horário: Terças-feiras às 20h | Duração: 80 minutos | Gênero: Drama | Classificação: 16 anos | Ingressos: de R$20 (meia) a R$40 (inteira) – lista amiga R$20 | Venda de ingressos: Sympla
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