Se viva, a cantora Marlene estaria com 100 anos. Para celebrar a data, a revista musical “Marlene: 100 Anos – A Incomparável” fica em cartaz até o fim de abril, sempre às quintas, às 20h, no Teatro Candido Mendes, com um grande elenco homenageando aquela que foi um dos grandes nomes da MPB. Com a autoria e direção de Silvinho Fernandes e a consultoria artística de Ricardo Cravo Albin e Cesar Sepúlveda, o espetáculo narra em fatos e canções a trajetória de sucesso da cantora que iniciou sua carreira na Era de Ouro do rádio e atravessou décadas brilhando e encantando as plateias nos palcos e nas telas, além de ter gravado mais de 4 mil músicas.
“Minha paixão pela Marlene vem desde os meus 15 anos, quando comprei o LP “Te Pego Pela Palavra” no teatro. Eu não tinha idade para entrar no show. Na mesma época, ela apareceu em musicais no Fantástico e fiquei vibrando”, conta Fernandes, afirmando que sua relação com a artista é além da apresentação. “Os anos se passaram, comecei a ir assisti-la e conheci o presidente do fã clube, aí veio aquela coisa toda de associação marlenista…”, menciona, citando o trabalho, presidido por Sepúlveda, que mantém o legado da artista vivo.
A ideia do show surgiu após a missa celebrada pelo centenário de Marlene, em novembro. “Quando ela acabou, ninguém falou mais nada da data. Não houve nem notinhas. Aí achei que merecia um tributo”, diz o autor do novo espetáculo, que, anteriormente, já havia desenvolvido outros sobre Cole Porter, Antônio Maria, Erasmo Carlos e Ary Barroso. A apresentação, entretanto, demorou a sair do papel por causa da grandiosidade do projeto. “Tenho essa pegada de carnaval (o artista é destaque em escolas de samba há muitos anos), gosto de montar cenários…”.
Detalhes como as participações nos festivais da década de 1960, as censuras sofridas (inclusive por seu modo de dançar, considerado sensual); os programas de TV que apresentou na TV Rio, na Record e na Rede Globo; os shows “Carnavália” (com Nuno Roland, Blecaute e Eneida e que foi sucesso de crítica e público) e “É a Maior” (com composições de Milton Nascimento, Marcos Valle, Arthur Verocai, entre outros) farão parte do espetáculo. A revista ainda aborda outros detalhes da carreira da estrela, como a participação como intérprete no desfile do Império Serrano em 1972, ajudando a escola a conquistar mais um título; os quase 20 filmes em que atuou, além das peças de teatro e as participações em novelas e em uma minissérie; e muito mais.
No elenco da revista, estão os artistas transformistas do cenário LGBTQIAP+ carioca como Alek Belmont, Lavynia Storm, Lidia Rangel, Marcella Kyanello, Marcio Ayalla, Patricia St.Laurent e Wellington Lopes; as cantoras Angela Leclery, Miramar Mangabeira, Thania Machado e a atriz e comediante Leda Lúcia. “O público irá escutar a voz da Marlene (usada nas dublagens) e também música ao vivo. Fizemos muita pesquisa, há bastante cuidado nesse trabalho”, diz, observando que na avant première, no final de março, o público presente (dentre eles Cravo Alvin; Sepúlveda; a filha de Waldyr Calmon, Márcia Calmon; o músico Tranka e a carnavalesca e professora Maria Augusta Rodrigues) aprovou a montagem, “Foi um alvoroço! A gente não quer que a Marlene caia no esquecimento. Não foi só cantora. Foi atriz, intérprete, crooner do Copacabana Palace... Foi uma cantora de elite que virou popular. As pessoas querem matar a saudade do que é bom”, conclui.
Serviço: “Marlene: 100 Anos – A Incomparável” | Apresentações às quintas-feiras, às 20h, até o final de abril | Teatro Candido Mendes (Rua Joana Angélica 63 – Ipanema – Tel.: 3149-9018) | Ingressos: R$70 (inteira) e R$35 (meia entrada para estudantes, pessoas acima de 60 anos ou jovens até 21)
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