Coluna "A Arte de Copacabana": Edifício Rio Alegre

A coluna “A Arte de Copacabana” dedica essa edição a um painel figurativo que muitos moradores do bairro não repararam, apesar das dimensões e das cores chamativas. Instalado no Edifício Rio Alegre, na Rua Figueiredo Magalhães, ele fica no interior da grade do condomínio, mas quem passa pela calçada, com olhares atentos, logo o percebe. Os mais detalhistas reconhecem o cenário retratado imediatamente: trata-se do portão do Passeio Público, no Centro.

A imagem é uma reprodução de um desenho feito pelo pintor alemão Karl Wilhelm von Theremin em 1835. Ele veio ao Rio para estudar a atividade comercial do local onde a Corte portuguesa instalou-se e gostou tanto que, 15 anos depois, radicou-se à cidade. A versão “copacabanense” de sua obra, cuja autoria é desconhecida (o artista não assinou a obra), traz pequenas alterações em relação ao trabalho original: algumas cores, como as da liteira, foram modificadas; e alguns detalhes, como duas mulheres que foram desenhadas, não foram reproduzidos.

Não se sabe o motivo pelo qual essa obra, em específico, foi selecionada para enfeitar a portaria; na mesma época, outros sete prédios foram entregues em Copacabana pela mesma construtora e, ainda que alguns também tenham painéis em suas portarias, nenhuma segue a linha artística deste.

Uma curiosidade é que a obra de arte mostra uma particularidade do Passeio Público: no interior dele, o Chafariz do Menino, obra de Mestre Valentim, aparece incompleto. Seus adornos, assim como outros enfeites do local, haviam sido retirados em uma reforma, encomendada ainda por D. João VI, motivo pelo qual as pirâmides tão características daquele parque também não estão visíveis. Os materiais foram devolvidos seis anos depois do desenho feito por von Theremin e o artista responsável por transportá-lo para o edifício manteve essa particularidade.