Há 100 anos, o Rio ganhava um de seus ícones: o hotel Copacabana Palace. Sinônimo de luxo, monumento da alta sociedade carioca e escolhido por personalidades do mundo inteiro para suas hospedagens na cidade, o “Copa” consolidou-se como uma tradição. O patrimônio, ameaçado algumas vezes ao longo do século, tornou-se querido pelas gerações que o acompanharam ao longo do século.
Antecedentes
O prédio saiu do papel para atender uma demanda já antiga no bairro. Naquele começo da década de 1920, havia poucas opções de hospedagem em Copacabana, todas muito simples. Nenhuma estava à altura do luxo do Palace Hotel, no Centro, então referência nesse sentido. Em paralelo, era urgente criar novos leitos hoteleiros, uma vez que a Exposição Internacional de Centenário da Independência, que teria início em 1922, multiplicaria o fluxo turístico na cidade, que finalmente seria apresentada ao mundo como uma capital moderna, não mais um espaço sujo e repleto de doenças como no final do século XIX, visão ainda muito difundida naquela altura. Por este motivo, em 1921, o prefeito Carlos Sampaio, visando a duplicação da Avenida Atlântica e a consequente modernização da orla, tentou comprar o antigo cabaré Mère Louise, um estabelecimento tradicional do Posto 6, para erguer um estabelecimento hoteleiro no local, que naquela altura, pertencia ao jornalista Edmundo Bittencourt.
Este teria concordado com a ideia de construir ali um hotel, desde que a Prefeitura não se envolvesse, o que levou o Poder Municipal a buscar outro terreno. A ideia de haver uma concorrência ao seu hotel levou Bittencourt a procurar o presidente, Epitácio Pessoa, que pessoalmente retirou da Prefeitura o ofício que autorizava o arrendamento do novo endereço, já doado pela Companhia de Construções Civis, proprietária de grande parte dos terrenos de Copacabana, à Companhia Brasileira de Hotéis, dos irmãos Guinle. O imprevisto, entretanto, não desanimou o empresário Octávio Guinle, que, junto com Francisco Castro Silva, construiu o Copacabana Palace em um bairro ainda praticamente deserto, muito distante do espaço com ares de metrópole.
A ideia de Guinle era montar no Brasil um estabelecimento com serviços nos moldes do Grande Hotel Carrasco, em Montevidéu, e para isso, até o gerente do estabelecimento uruguaio, Agostin Rossi, foi contratado para trabalhar no Copacabana e no Palace Hotel. Guinle precisou disputar Rossi até com o presidente daquele país, José Serrato, que tentou manter o profissional realizando bons serviços para o turismo local: até Serrato sabia que o Copa seria o maior e mais prestigioso hotel da América do Sul, o que se mostrou realidade e modificou permanentemente o panorama turístico do Brasil.
Inauguração
Apesar de todo o investimento, o Copacabana Palace não ficou pronto a tempo da exposição de 1922. Problemas como a dificuldade em importar os materiais e uma violenta ressaca que atingiu a Avenida Atlântica, causando danos aos pavimentos inferiores do prédio (originalmente quase na beira do mar), atrasaram a inauguração, que finalmente aconteceu em 13 de agosto de 1923. O momento foi tratado como um grande acontecimento, com direito à visita do presidente Arthur Bernardes, na véspera, e de um baile comemorativo, celebrado em 1º de setembro.
Não havia nada parecido no Brasil. Aquele era considerado o maior palácio do país e o prédio mais alto da orla do bairro e não apenas se destacava por suas dimensões monumentais, com janelões se sobressaindo em uma Copacabana sem muitas construções, mas também pelo progresso trazido não apenas ao bairro, mas a todo o país: enquanto a realidade dos demais hotéis sequer incluía banheiros privativos em cada quarto, os deste possuíam até telefones. Facilitando o deslocamento dos hóspedes pela cidade, foram disponibilizados ônibus exclusivos.
Sua imponência chamava a atenção. Com a fachada inspirada nos hoteis Carson, em Cannes; e Negresco, em Nice (ambos na França), tinha decoração em estilo Luís XVI e planta assinada pelo arquiteto Joseph Gire, que também foi responsável por outras construções icônicas como o Hotel Glória; o Edifício A Noite, na Praça Mauá; e o Palácio de Brocoió, na ilha homônima, na Baía de Guanabara. Luxos como quadra de tênis e sala de leitura integravam o edifício. Em seu interior, foram empregados materiais caros, como cristais da Boêmia e mármore de Carrara, que se destacava principalmente na escadaria que dava acesso ao cassino, situado em um anexo na parte de trás do hotel (cuja entrada se dava pela Av. N. Sª de Copacabana). Este foi inaugurado apenas em janeiro do ano seguinte, em uma noite de chuva forte que não afastou a alta sociedade. Seu espaço era dividido em duas salas: a verde, para todos os públicos; e a azul, para um grupo seleto, como sócios do Jockey Club, Club dos Diários, Clubs Central e clubes Militar e Naval, considerados membros natos. Vizinho aos corredores que levavam para as duas, ficava o acesso ao grill room e ao teatro, onde diversos números eram apresentados ao vivo. No mesmo ambiente, uma tela fez daquele espaço um cinema, com programação geralmente composta por filmes norte-americanos.
Anos de ouro
Foi exatamente uma dessas produções que fez o hotel ser conhecido mundialmente: “Flying Down To Rio” (1933), com Fred Astaire e Ginger Rogers dançando juntos pela primeira vez. Na trama, a dupla integra uma banda que vem ao Rio tocar na inauguração do fictício “Atlantic Hotel”, cujos cenários reproduziram fielmente o Copacabana Palace, que, a partir de então, passou a hospedar nomes como Clark Gable, John Wayne, Walt Disney, Ava Gardner, Janis Joplin, Santos Dumont, Alain Delon, Paul McCartney, o presidente francês Charles de Gaulle, a Rainha Elizabeth II, Nelson Mandela, Guglielmo Marconi (o inventor do rádio), Alexander Flemming (depois de ter descoberto a penicilina), Josephine Baker, Evita Peron, vários presidentes do Brasil e incontáveis personalidades ao longo de sua história.
Muitos deles protagonizaram episódios peculiares durante suas estadias. Marlene Dietrich, que vestiu um tubinho muito justo para suas seis apresentações no Golden Room (o salão de eventos mais desejado do hotel e que recebera shows de nomes como Louis Armstrong, Nat King Cole, Sammy Davis Jr, Ella Fitzgerald e Edith Piaf) precisou solicitar um balde com gelo e terra para aliviar suas necessidades – assim, evitava descer as escadas, o que fazia com dificuldade devido ao traje, para usar o banheiro. Rod Stewart teria promovido uma partida de futebol dentro do quarto. Lady Di quebrou o protocolo e saiu do carro para cumprimentar crianças que a aguardavam na entrada do hotel. Orson Welles, em um momento de raiva após brigar com Dolores Del Rio por telefone, arremessou a cama pela janela, derrubando-a na piscina por onde Janis Joplin nadou nua em outra ocasião. Ava Gardner também teve um instante de ira e destruiu móveis, mas não mais que os oito cães do Rei Carol, da Romênia, que não apenas comeram a mobília como degustaram também os tapetes – depois deste episódio, cachorros foram proibidos no hotel, causando problemas para Joan Crawford e Zsa Zsa Gabor, que chegaram ao Rio acompanhadas de seus amigos de quatro patas. Houve até uma apresentação improvisada de Bono Vox que entrou para os anais do Copacabana Palace: incomodado com os gritos histéricos do público, o cantor pediu silêncio e como foi atendido, cantou, a capela, para os presentes.
Em paralelo ao crescimento da fama, o hotel seguiu celebrando festas que viraram tradições. Ainda em 1924, realizou a primeira comemoração de Natal em Copacabana, abrindo as portas para a comunidade com uma árvore repleta de presentes para a criançada. Alguns eram bastante valiosos, como um pequeno automóvel infantil e uma máquina de costura para esse público. O sucesso foi tanto que, em 1925, a ação foi repetida, desta vez acompanhada de uma festa de revéillon para os adultos, a primeira pública registrada no bairro – as comemorações de ano novo só viriam a se popularizar na região na década de 1950 e nessa época, ainda muito ligadas à religiosidade. Posteriormente, as do próprio Copacabana Palace passaram a ser muito disputadas e até os dias atuais têm os ingressos vendidos rapidamente. Outras entraram para o calendário do bairro, como os chás dançantes e os bailes de inverno, mas foram os eventos de carnaval que se popularizaram. O primeiro foi também em 1924 e com o tempo, passou a atrair celebridades e a alta sociedade nos luxuosos concursos de fantasia. O mais recente, neste ano, teve como tema o centenário do hotel.
Em sua fase áurea, o hotel ganhou uma grande novidade: duas piscinas, ambas inauguradas em 1935 no espaço entre o prédio e o Morro do Inhangá, vizinho ao hotel. A principal, com profundidade variando entre 1,3m e 4m, possuía um trampolim e a menor era destinada a crianças. O sucesso foi instantâneo e perdurou por tantos anos que, mais tarde, foram promovidas aulas de natação com a campeã olímpica Maria Lenk como professora. Todos queriam nadar no local, que se tornou um sucesso instantâneo no verão de sua inauguração e chegou a cobrar mensalidades do público externo que desejasse estar ali.
Começo dos problemas
Em meio à grande procura, a proibição do jogo no Brasil, em 1946, foi um golpe duro para o Copacabana Palace, que contava com o cassino como importante fonte de renda. O fechamento do espaço levou o movimento do hotel a ser enfraquecido a tal ponto que até o teatro foi fechado. Antes disso, em 1944, o barão austríaco Max Von Stuckart foi contratado para modernizar as atrações do hotel. Foi nessa época que a Boate Meia Noite foi aberta, e também que alguns pratos até então inéditos para os cariocas começaram a ser servidos à sociedade carioca, como estrogonofe e frango a Kiev, além do picadinho – este já era consumido pela cidade, mas até então, era uma iguaria servia em bares que atendiam boêmios durante as madrugadas e ali, ganhou status de carro-chefe da culinária nacional. Apenas cinco anos depois o empresário Paschoal Carlo Magno convenceu Guinle a reabrir a sala de espetáculo, que, naquela altura, era um depósito de bebidas da Meia Noite.
Nascia, então, o Teatro Copacabana, endereço de uma tragédia que ficou marcada na memória da população: em 1953, um grande incêndio, causado pela explosão de uma lâmpada, virou notícia pela dificuldade de ser controlado, uma vez que a cidade vivia um grave problema de abastecimento. O episódio alertou sobre a falta de estrutura dos bombeiros, que tiveram várias mangueiras estouradas com a pressão da água, e também para a escassez deste líquido: o conteúdo dos dois carros-pipa disponíveis não foi suficiente para controlar as chamas, apagadas graças à água da piscina. Quando isso aconteceu, uma hora e meia depois, o teatro (onde a novata Fernanda Montenegro estava em cartaz em um de seus primeiros trabalhos), a Meia Noite, o Golden Room e o restaurante Bife de Ouro (inaugurado ainda em 1923, apesar de só ter recebido este nome mais tarde) foram completamente destruídos, sendo posteriormente reconstruídos.
No ano seguinte, os espaços foram reconstruídos e pouco tempo depois, outro anexo foi edificado, resultando em uma ampliação do hotel. O prédio, vizinho ao acréscimo original, foi erguido entre a piscina e a Avenida Nossa Senhora de Copacabana, no terreno obtido após o desmonte do Morro do Inhangá. Sua demolição teve início ainda em 1935, quando a piscina foi inaugurada, porque a ressaca do ano anterior demoliu a Avenida Atlântica e como o fluxo da Av. N. Sª de Copacabana era interrompido pela formação rochosa, era necessário criar uma solução para outros momentos de mar forte. Por motivos desconhecidos, a destruição foi interrompida naquele momento e voltou a acontecer apenas muitos anos depois, possibilitando a construção do novo edifício, com instalações modernas, e dos condomínios vizinhos Chopin, Prelude e Balada, que ganharam direito de uso da servidão ao lado dos prédios por 100 anos.
As comemorações do IV Centenário do Rio encerraram a fase áurea do Copacabana Palace com chave de ouro. Os quatro séculos da cidade foram celebrados com glória no hotel, em 1965. Em janeiro, estreou no Golden Room o espetáculo “Rio de 400 Anos”, do produtor Carlos Machado e dirigido por José Carlos Miele e Ronaldo Boscoli. O show era programado para ficar em cartaz durante todo o ano ficou em cartaz durante o ano inteiro e tinha em seu elenco, dentre vários nomes, o do promissor Wilson Simonal, ainda em começo de carreira. O baile de carnaval daquele ano também foi especial e reuniu estrelas como Brigitte Bardot, Gina Lollobrigida e Romy Schneider, sendo essas duas parte do corpo de jurados do concurso de fantasias. Ao todo, 11 salões foram usados. Os buffet foi supervisionado por 22 mâitres e os convidados prestigiaram 16 orquestras. O sucesso dessa festa, no sábado, foi tão grande que uma segunda data, na terça-feira, foi comercializada, além de uma terceira celebração, dessa vez infantil, na segunda, com distribuição de presentes e brindes aos pequenos foliões. Mesmo com os ingressos considerados caros para a época, todos queriam fazer parte daquele momento.
Futuro ameaçado
Apesar da boa fase, logo a decadência chegou ao Copacabana Palace. A transferência da capital do Brasil para Brasília afastou chefes de estado da cidade, ao mesmo tempo em que o Rio ganhou hotéis de luxo mais modernos. Até o Golden Room foi fechado. Com o passar dos anos, o hotel perdeu seu glamour e virou um estabelecimento tão decadente que sua demolição chegou a ser anunciada pelo prefeito Marcos Tamoyo, que deu o prazo de 18 meses para o prédio virar passado. A notícia gerou lamentos por parte da população, levando a gerência a afirmar que a destruição seria apenas parcial. O projeto previa um conjunto comercial, residencial e hoteleiro sobre um shopping, que teria também edifício-garagem e auditórios, em uma construção de 150m – 12 a mais que os grandiosos Lé Méridien e Othon, as mais altas da orla. O novo Copacabana Palace desagradou: houve até quem criticasse o tamanho da sombra que seria projetada na areia, palpitando que isso afastaria hóspedes.
Apesar do anúncio, a icônica construção continuou de pé, mas as tentativas de reaproveitar o terreno para outras finalidades viraram briga entre a gerência e os moradores dos edifícios Chopin, Prelude e Balada: um novo edifício, de seis metros, seria construído no lugar da servidão, ferindo o acordo firmado no Registro Geral de Imóveis no passado. Novos problemas se arrastaram até a década de 1980. Nessa época, um repórter do jornal O Globo hospedou-se em um dos quartos para produzir uma reportagem sobre o que poderia vir a ser uma das últimas noites do estabelecimento, que estava com dias contados e seria substituído por duas torres. No material, a profissional descreveu serviços desatualizados, móveis desgastados, conservação precária e problemas no atendimento, como quando foi acordada, por volta das 23h40m, por uma camareira que insistiu em entrar no quarto para arrumar a cama para a hóspede dormir, o que ela estava fazendo até ser interrompida. Nesse cenário, considerado um nobre falido, o Copacabana Palace ganhou um último suspiro, que se mostrou sua salvação: ao ser considerado Patrimônio Nacional, foi tombado em todas as esferas, garantindo seu futuro – até então, não havia consenso sobre quais partes eram protegidas pelo Inepac e pela Câmara Municipal e mesmo após essa decisão, apenas o edifício principal, a pérgula e a piscina ficaram resguardados.
A volta do apogeu e a atualidade
Apesar da permanência do prédio, seus anos de ouro voltaram apenas com a venda do estabelecimento, em 1989 – até então, ainda gerido pela família Guinle. Octávio, que construiu o prédio, havia se mudado para lá com a esposa, Mariazinha, e os filhos após vender a casa que tinham na Avenida Atlântica, em 1953. Com sua morte, 13 anos depois, Mariazinha passou a ser a administradora até seu herdeiro, João Eduardo Guinle, assumir o trabalho durante todo o período antes da empresa ser comprada pela Venice Simplon Orient Express, do empresário James Sherwood, sob a condição de que o quadro de funcionários fosse mantido. Uma cláusula contratual permitia Mariazinha a continuar vivendo na suíte presidencial, o que fez até sua morte, em 1993. Nesse período, se recusou a viver, mesmo que temporariamente, em outro lugar até quando a equipe do rei Juan Carlos, da Espanha, exigiu que aquele sexto andar fosse exclusiva da comitiva do regente, que se hospedou em outro estabelecimento por causa da negativa. O sobrinho de Octávio, Jorginho Guinle, também seguiu desfrutando do local até o fim de sua vida, condição prevista no contrato com a Orient Express. Jorginho não apenas era parente do fundador como teve grande importância na internacionalização da imagem do hotel. Em suas viagens ao exterior, coube a ele convidar muitas atrizes famosas para se hospedarem ali – foi ele quem levou nomes como Gina Lollobrigida e Rommy Schneider no carnaval de 1965, dentre outros nomes que aumentaram ainda mais a fama do espaço que era patrimônio de sua família, que iniciava sua fase decadente com o fechamento do cassino.
Sob a nova gestão, o Copacabana Palace foi alvo de uma grande obra, que o rejuvenesceu e lhe devolveu o apogeu. Os bailes de gala no Carnaval passaram a ser realizados novamente, após duas décadas sem nenhuma edição; o salão de chá voltou a funcionar; a piscina foi reformada. A reforma, tanto no edifício principal quanto no anexo, fez com que o hotel fosse o mais procurado por chefes de estado na Rio-92 – posteriormente, na Rio+20, esse cenário se repetiu. A nova fase, entretanto, foi marcada por despedidas, em 1994, do restaurante Bife de Ouro, que funcionava há mais de 70 anos, e do teatro – este, entretanto, foi reaberto em 2021, após 21 anos, com um musical contando a história do próprio hotel.
Em meio ao sucesso, novamente a especulação imobiliária voltou a ser usada como justificativa para modificar o prédio, levando o prefeito Luís Paulo Conde a autorizar a construção de um edifício de até 52m – 18 andares - sobre o primeiro anexo do hotel (a parte do prédio original voltada para a Av. N. Sª de Copacabana). Até Oscar Niemeyer assinou um dos projetos, sob encomenda da administração do hotel, mas o decreto de Conde foi revogado por seu sucessor, César Maia, sob a alegação de que o bairro já estaria saturado. O tombamento definitivo veio apenas em 2008, abrangendo todas as dependências. A partir de então, qualquer obra passou a exigir autorização do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro.
Apesar da nova preservação, dessa vez definitiva, o progresso aos poucos mostrou chegar ao Copacabana Palace. O lobby foi modernizado com a incorporação dos salões frontais e instalação de medidas de acessibilidade, em 2012. Em seguida, parte da mobília dos quartos foi leiloada e estes receberam ares contemporâneos, sem perder o estilo clássico, e os banheiros foram reformados. Em 2018, foi a vez da piscina – que, nessa altura, era apenas uma semiolímpica que ocupava o espaço das duas de antes – ser transformada, ganhando bordas infinitas.
Entretanto, foi a mudança na identidade do estabelecimento que virou briga. Uma pesquisa realizada pela Orient Express mostrou que o público associava a marca à linha de trens de luxo da empresa, não aos hotéis. Surgiu, então, marca Belmond, que transformaria o nome do hotel para “Belmond Copacabana Palace”. A proposta chegou a ser levada para a internet, onde a comunidade “Diga Não à Mudança do Nome do Copacabana Palace” foi criada no Facebook em 2014. A questão foi judicializada e, por fim, os defensores do nome tradicional venceram.
Após tantas histórias e ameaças, o Copacabana Palace chega a seu centenário como um rei. Sucesso nas redes sociais, é comum encontrar turistas tentando uma foto perfeita em sua fachada, situação inimaginável há 100 anos. Para a comemoração a chegada do primeiro século, a fachada foi pintada conforme era originalmente – com uma única cor, detalhes marrons em vez de cinzas e gradis das fachadas mais escuros. A única certeza é que apesar de acenar com o futuro, o hotel reconhece toda a trajetória que o levou a ser o que hoje.
Legendas:
Imagem 1: Projeto de hotel para ser construído em Copacabana pela Companhia de Hoteis Palace, dos Irmãos Guinle, assinado por Eduardo Pederneiras. Chama a atenção o fato de o material ter sido divulgado, como portfolio do profissional, após o Copacabana Palace já inaugurado.
Imagem 2: O hotel dos Irmãos Guinle seria construído no Posto 6, onde funcionava o tradicional Mère Louise (à direita na foto)
Imagem 3: A planta do térreo do hotel, em 1923
Imagem 4: Imagem veiculada pela mídia de 1923 para anunciar a inauguração. A ideia era mostrar que o hotel trazia novos ares para a cidade.
Imagem 5: Divulgação do baile de inauguração do hotel
Imagem 6: Dimensões do hotel impressionavam; o prédio principal era mais alto até que o Morro do Inhangá
Imagem 7: Cena de "Flying Down To Rio" mostrando o hotel
Imagem 8: Carmen e Aurora Miranda no Copacabana Palace
Imagem 9: Marlene Dietrich se apresentando no Golden Room, em 1959. No primeiro show dos seis show, a artista estava rouca e precisou descer o tom de suas músicas
Imagem 10: A piscina principal no dia da inauguração, em 1935 (Foto: Revista Beira-Mar)
Imagem 11: A infantil também fez muito sucesso (Foto: Revista Sombra)
Imagem 12: Maria Lenk ensinando crianças a nadarem (Foto: Revista A Casa)
Imagens 13 e 14: O cassino foi uma importante fonte de renda
Imagem 15: Teatro Copacabana (Foto: Teatro Facebook "Copacabana Palace, A Belmond Hotel")
Imagem 16: Bombeiros apagando o incêndio
Imagens 17 e 18: A Pedra do Inhangá já sendo demolida para a construção do anexo e depois, terreno livre aguardando construção dos condomínios vizinhos
Imagem 19: Gina Lollobrigida no baile de carnaval de 1965
Imagem 20: Novo Copacabana Palace seria uma torre
Imagem 21: Novo projeto previa que o prédio principal continuaria de pé, mas os dois anexos seriam demolidos para a construção de duas torres
Imagem 22: Parte interna do hotel manteve ares clássicos
Imagem 23: O prédio principal com a pintura anterior
Imagem 24: Teatro Copacabana Palace em 2021 (Foto: Divulgação)
Imagens 25 e 26: Antes e depois da piscina
Imagem 27: A fachada do hotel recebeu projeções na Olimpíada de 2016
Imagens 28 e 29: O visual do hotel para a celebração dos 100 anos
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