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Clube Carioca de Canoagem realiza trabalho social em Ilha Grande


(Foto: Felipe Mendes/Clube Carioca de Canoagem)

Em janeiro, o Clube Carioca de Canoagem (CCC) realizou uma expedição à Ilha Grande, onde desenvolveu trabalhos no Centro de Estudos Ambientais e Desenvolvimento Sustentável (CEADS), mantido pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). O grupo ofereceu noções de iniciação à prática de canoagem esportiva para jovens moradores da região, majoritariamente filhos de profissionais do mar.


“O CCC é um clube de amigos que fazem canoagem oceânica de expedição. A gente viaja juntos e acaba fazendo manutenção dos barcos, cuidando das coisas… É um formato diferente dos outros clubes”, conta uma das instrutoras, Raffaela Allegri, membro desde a fundação. Essa maneira de interagir, em sua visão, ganha outros ares durante os passeios: “Acaba esbarrando na questão social. Nós já somos colaborativos entre a gente, começamos a ser com os lugares. Fazemos sempre um mutirão de limpeza”, exemplifica.


A estadia na sede do CEADS foi possível graças a esses trabalhos: “Agora, conseguimos ficar em Ilha Grande em troca de ações ambientais. Nesse ano teve palestra junto com a limpeza da praia e demonstração para crianças sobre canoagem oceânica. A gente tem essa pegada no meio que está”. A parceria com a UERJ se deu por meio da aluna Thaís Costa, que já trabalhou na universidade e acreditava que a colaboração seria benéfica para o centro de estudos. “Meu trabalho é com turismo e achei que tinha tudo a ver juntar uma coisa com a outra. Perguntei no grupo do pessoal que foi para a expedição o que achariam interessante de contrapartida para irmos a Dois Rios, que era vontade de todos. Decidimos fazer uma iniciação à canoagem com as crianças de lá. Foram umas dez”, lembra.


Os pequenos participantes são integrantes de projetos mantidos pelo CEADS. “Estava um dia meio nublado, mas isso não atrapalhou. Eles compareceram e foi muito divertido. São crianças que já vivem no ambiente de praia. Certamente os pais e os familiares já têm uma vivência no mar. A gente percebeu que algumas tinham conhecimento, mas foi legal porque aprenderam uma série de técnicas. Deu para perceber como estavam curtindo e colocaram aquilo em prática. Vão poder usar nas vidas deles”


A autorização para o grupo ficar no CEADS foi criteriosa, segundo Thaís: “A gente teve que mandar ofício com pedido, identificação de todos os participantes, especificar o que a gente ia fazer e utilizar. Foi um processo longo, mas entendo. É um lugar específico para as atividades da UERJ. O casarão em que nos hospedamos é muito bem cuidado. Há um zelo com aquele espaço. Eu mesma não conhecia, primeira vez que fui. Me surpreendi, foi mais interessante do que eu imaginava”.


A coordenadora de extensão do CEADS, Marilene Cadei, justifica as medidas como uma maneira de preservar o espaço, mas aponta que a visita do CCC foi positiva. “A gente costuma receber esses pedidos com cuidados. Muitos buscam a ilha para usar as instalações sem nenhum compromisso com a comunidade ou educação ambiental. Recebo muitas solicitações e muitas são recusadas porque o interesse é usar a área para fins turísticos. Não é nosso caso. É uma universidade pública, mantida com recurso público. Não é hotel. É local de trabalho de pesquisa e extensão”, comenta, continuando: “Quando o CCC explicou que precisava de uma parada para descansar antes de continuar a expedição e que havia proposta de atividade educativa, recebemos de forma contente. É muito bom ter parceiros que nos ajudem trazendo novidades para a comunidade, fazendo trabalho de educação ambiental e vivência científica”.


De acordo com Marilene, o retorno foi benéfico para todos, ainda que nem todas as atividades tenham sido muito procuradas pelos moradores da região: “Fechamos um roteiro de programação. Temos um clube de ciência no qual trabalhamos com as crianças e fizemos uma chamada especial para a vivência da canoagem. A questão da limpeza da praia não teve praticamente ninguém participando, mas já imaginávamos que a comunidade não teria muito interesse pois já há um grupo que faz isso. O que ficamos tristes foi com a ausência de procura pela palestra sobre turismo náutico, oceanografia e poluição do mar, que iriam promover. Isso foi ruim. O que atraiu maior interesse e participação foi a vivência da canoagem no Rio Barra Pequena. As crianças tiveram oportunidade de entrar na canoa, conversar com todos…”


“A proposta social do CCC é formidável pois objetiva a democracia entre os participantes. Com a percepção do ‘dividir para multiplicar’, o clube foi fundado pelo canoísta Rodrigo Magalhães que teve a ideia de compartilhar caiaques para que todos pudessem ter a oportunidade de usufruir a prática da canoagem, explorando nosso litoral. Nesse contexto, o CCC contribui com diversos projetos, como esse junto à UERJ, para integração dos canoístas, assim como cuidado do ambiente marinho e praias”, assegura o participante Mauro Franco, que integrou um dos participantes da expedição para Ilha Grande.


As ações sociais do CCC são recorrentes, conforme descreve Raffaela: “Vamos para uma praia e daqui a pouco estamos trazendo o lixo de lá”. Ela exalta as iniciativas feitas em Guapimirim como as mais relevantes do grupo: “Lá, desenvolvemos um projeto com a associação de moradores dos pescadores. Fizemos trabalho de capacitação e doamos vários caiaques. Eles já devem ter uns dez. Hoje, há estrutura para oferecer passeios e almoço. Quando precisam de alguma ajuda, participamos de mutirão com eles. Durante a pandemia, enviamos cestas básicas”. Esse trabalho, entretanto, não é o único do grupo: “Fazemos parte da Rede de Educação Ambiental Marinha (Reamar) na Praia da Urca, integramos o Monumento Natural das Ilhas Cagarras… A gente tenta atuar de forma positiva no espaço em que vive”, finaliza.

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