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Cine Roxy: a história em cartaz

Publicado na edição 340 (2ª quinzena de junho de 2012)

(Foto: Divulgação)

Inaugurado no dia 3 de setembro de 1938, com a estréia do filme “Bloqueio” (Blockade), de William Dieterle, protagonizado por um jovem Henry Fonda, o cinema Roxy é um marco na história dos cinemas de rua na cidade do Rio de Janeiro. Único a permanecer em funcionamento no bairro, sem interrupção de seus serviços, mesmo após as reformas estruturais nas décadas de 1990 e 2000, é reconhecido pela Prefeitura como um “marco referencial na cultura cinematográfica da cidade”.


Principal sala de exibição de filmes de Copacabana, o Roxy também era conhecido pela apresentação de espetáculos de variedades. Seu palco possuía duas escadas laterais e um “semi-fosso” destinado às orquestras. Nas décadas de 1940 e 1950, o programa completo era assistir ao lançamento no Roxy e, na saída, ir ouvir, em primeira mão, a trilha sonora nas cabines exclusivas de discos Copadisco (que ficava em frente ao cinema, do outro lado da Avenida Nossa Senhora de Copacabana). Por ser responsável por lançar as novidades da indústria cinematográfica, era também o único da cidade, no final da década de 60, a ter o Cinerama (processo cinematográfico de widescreen que trabalha com imagens projetadas simultaneamente por três projetores de 35 mm sincronizados para uma tela de proporções gigantescas e extremamente curva, com um arco de 146º).


Com o aumento da concorrência feita pelas salas de cinemas nos “shopping centers” e, consequentemente, a franca decadência dos cinemas de rua, a empresa responsável pelo Roxy realizou nele uma grande reforma estrutural que durou três meses, a partir de janeiro de 1991. Nela, foi mantido o majestoso hall de entrada e a fachada (marcas registradas do requinte do Roxy) e o cinema foi dividido em três salas (todas com 305 lugares), que ganharam sistemas de áudio de projeções digitais e poltronas confortáveis. Em 2003, foi feita uma ampliação e revitalização do cinema, que foi tombado, contemplando novo foyer e reformulando as três salas de projeções existentes.


“O cine Roxy permanecerá por tempo indeterminado em minha mente. Principalmente quando relembro a minha adolescência, em 1968, quando o cinema apresentava filmes em Cinerama, como quando exibiu ‘2001: uma Odisséia no Espaço’ neste formato. Quem viu, viu. O resto fica na lembrança de cada espectador”, recorda uma assídua freqüentadora. “Tradicional no Rio de Janeiro, o Roxy era o único cinema que conseguia superlotar as sessões, formando imensas filas na Avenida Nossa Senhora de Copacabana”, assegura Rachel Cardoso.

Frequentadora do cinema há cinquenta anos, Paula de Sampaio, de 83 anos, conta que adora frequentar o Roxy pelo fato do local estar rodeado de restaurantes, sorveteria e lanchonetes, e principalmente, por poder saborear a pipoca, vendida no lado de fora do cinema.


O Roxy também coleciona histórias, como a famosa retirada de um espectador de uma de suas salas. Na ocasião, início da década de 60, o frequentador havia lançado uma ave do segundo andar, o que causou tumulto na sessão. Expulso, foi responsável por um dos assuntos mais comentados do bairro à época.


Além do Roxy, outras salas também fizeram parte da história dos cinemas de rua em Copacabana, como o Cine Joia. Inaugurado como Cine Hora, tinha como objetivo ser um espaço onde o espectador “mataria” o tempo. Ele entrava e saia na hora em que desejava. Sua programação era basicamente composta de cinejornais, desenhos animados e pequenos documentários. Como particularidade possuía um relógio em cima da tela, que não deixava o espectador se atrasar ou perder um compromisso. Fechado para reformas desde 2005, foi reaberto em abril de 2011 e manteve o clima da década de 1970, com as 87 poltronas coloridas restauradas.


Entre os cinemas extintos no bairro, estão: o Rian, que se localizava na Avenida Atlântica, entre as Ruas Constante Ramos e Barão de Ipanema (atual Hotel Pestana); o Alaska, no Posto 6, único que tinha o formato de anfiteatro; o Alvorada; Riviera; Americano; Metro (atual C&A); Art-Palácio (Di Santini); Paris Palace, no Posto 2; Royal; Ricamar (atual sala Baden Powell); Bruni e Copacabana, localizado onde hoje está a Academia Bodytech.


Cada sala teve sua particularidade, mas o Roxy foi o único que se manteve vivo e presente na história e na contemporaneidade de Copacabana.

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