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Beth Goulart e Malu Galli estrelam espetáculo de Mauro Rasi no Teatro Copacabana Palace


O espetáculo “A Cerimônia do Adeus”, de Mauro Rasi, ganha nova temporada no Teatro Copacabana Palace 34 anos depois da temporada original. Com Beth Goulart, Malu Galli e grande elenco, a peça tem como protagonista Juliano (Lucas Lentini), que representa um alter ego de Rasi na juventude. Saindo da adolescência, o personagem se vê em uma relação problemática com sua mãe ao mesmo tempo em que desabrocha artisticamente como escritor. Em meio a estas experiências, conversa com dois amigos imaginários: Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir. A temporada vai até 23 de julho e há ingressos a partir de R$50.


“Mauro Rasi conseguiu fazer uma comédia existencialista. Usa muito bem a força da Simone e do Sartre na formação da criação da liberdade dele como autor, como artista. É um texto autobiográfico”, descreve Beth, que interpreta a intelectual francesa em uma personificação de seu livro homônimo ao espetáculo, de onde seu texto inteiro é transcrito: “O material foi extraído com a genialidade do Rasi fazendo dramaturgia e humor".


A matriarca, Aspásia, é interpretada por Malu, que completa: “Não existe parto sem dor. Crescer dói. O processo de amadurecimento passa por despedida, entre aspas, do núcleo familiar, desse primeiro mundo que se construiu. Nessa fase de introspecção, o mundo (de Rasi) era o quarto dele e a literatura, onde se descobriu como artista e humano no grande mundo. A peça é um retorno com a memória dele, voltando para casa.”


Apesar da proposta realista e dramática, o texto é apresentado em forma de comédia. “Há muitos elementos cômicos, sobretudo nos diálogos. A forma de retratar a sociedade de Bauru da década de 1970 é muito divertida, mas é um drama, um rito de passagem do alter ego dele, o personagem Juliano. É um rapaz que não encontra lugar naquela sociedade do interior, que quer ser artista, é homossexual, quer ganhar o mundo, mas está preso em uma casa com a mãe conservadora e o pai que vive doente no quarto. A mãe não o aceita do jeito que é. Há cenas muito conflituosas entre eles, mas ao mesmo tempo, são muito engraçadas porque o Mauro Rasi trata o assunto com muita ironia”, observa Malu, que continua:


“As falas da mãe são divertidíssimas, mas é um drama porque ela vive uma relação completamente tóxica com o filho. Ela quer que ele seja concertista, coisa que ele não é. É um jovem que quer fazer revolução a partir da arte dele e vive em dois mundos na mesma casa”. Para Beth, é exatamente o encontro desses universos distintos que resulta na cena mais bonita na peça, conforme sua opinião: “A mãe dele e a Simone têm um diálogo. Elas representam contrapontos do universo feminino. A Aspásia representa todas as mães do mundo e a Simone, as mulheres liberais. Tudo bem querer ser mãe e esposa, mas a figura dela mostra que a mulher não precisa ser isso. Esposa não é profissão”.


O texto do espetáculo, apresentado conforme o original da década de 1980, representa os anos anteriores, mas segue atual, conforme destacam as duas atrizes. “Grandes textos são clássicos porque transcendem o tempo. O teor se torna universal, como os de Shakespeare. Não há mais reis e rainhas, mas os sentimentos e as relações humanas mexem com a gente”, observa Beth, Malu reforça ter percebido isso na temporada encenada em São Paulo, sucesso de crítica e público. “As pessoas ficaram muito impressionadas com como o texto é atemporal. Fala de coisas como a relação entre mãe e filho e essa dificuldade de um aceitar o outro como é, essa busca por liberdade, pelas liberdades individuais, mas também mostra que o Brasil evoluiu muito pouco. A peça se passa em plena ditadura militar, mas os valores permanecem os mesmos. O país continua igual ao dos anos 70 e isso é terrível. Há um embate da sociedade do mesmo jeito que há entre o Juliano e a Aspásia. Há frases no texto que parecem ter sido escritas hoje”, finaliza.


Serviço: “A Cerimônia do Adeus” | Temporada até 23 de julho | Local: Teatro Copacabana Palace (Av. N. Sª de Copacabana, 291) - Tel: (21) 2548-7070 | Horários: quintas, sextas e sábados, às 20h; domingos e feriados, às 18h / Gênero: comédia / Capacidade: 332 espectadores / Classificação: 16 anos / Duração: 100 minutos (com intervalo) / | Ingressos: www.sympla.com.br e na bilheteria do teatro nos dias de apresentação da peça

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