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Ator inspira-se em histórias da família para peça de teatro em cartaz em Copacabana


(Foto: Fernando Valle)


O espetáculo “O Cachorro Que Se Recusou A Morrer” está em cartaz no Teatro Brigitte Blair. O novo espetáculo do ator e autor Samir Murad deriva de suas memórias e das histórias contadas por seu pai: um imigrante libanês em sua luta pela sobrevivência numa terra estranha. Conflito, êxodo, o novo mundo, casamento por encomenda e saúde mental afetada são alguns dos conteúdos que, como um mascate andarilho, o ator mambembe carrega em sua mala e pretende vender ao seu público. A peça fica em cartaz todas as sextas-feiras de janeiro, às 20h; e os ingressos custam R$50 (inteira) e R$25 (meia).

“É a minha história traduzida pelas lentes de um personagem que é um caixeiro viajante e que, ao longo da peça, se desnuda e vira eu mesmo. Conto o encontro desses três protagonistas – meu pai, minha mãe e minha irmã – que me inspiraram, indiretamente, a me tornar artista. Fui pegando as memórias do meu pai, coisas que eu queria falar sobre minha mãe, o nascimento da minha irmã mais velha… Em uma família árabe, uma primeira filha mulher é uma coisa complicada em uma criação que trazia tintas muito rústicas do interior do Líbano. Eles vieram do campo. É outra realidade não só geográfica, mas sócio cultural também”, analisa Murad, falando sobre o processo de construção da peça.

Em seu quarto trabalho solo, o artista afirma perceber que ao falar sobre seus entes queridos, os espectadores costumam se identificar. “As pessoas falam ‘isso me lembra um pedaço da minha vida’ ou se recordam de algum parente. Falo sobre perdas para ressaltar a importância da vida. Gosto de escrever sobre coisas que me tocam profundamente. O difícil é você lapidar, colocar em uma forma que caiba em 1 hora, 1 hora e meia. Claro que a gente tem a preocupação de trazer a compreensão para o público, mas o teatro é o lugar onde a poesia da cena pode acontecer e cada um vai ler da própria maneira um desdobramento que pode ter um significado para um, mas diferente para outro”

Apesar de abordar temas tocantes, o ator esclarece que a peça não é triste. “O trabalho é no foco da narrativa, onde vivo um pouco os três, passando por outros personagens. Há pitadas de humor, apesar de não ser comédia. Traz uma ironia típica da vida. O público pode se emocionar e se divertir”, diz, complementando: “A arte tem a capacidade de trazer a realidade para uma dimensão a ser repensada, a ser refletida sobre lentes que às vezes vão para o humor, às vezes para ironia… É uma limonada com vários sabores”

Após a temporada no Teatro Brigitte Blair, “O Cachorro Que Se Recusou A Morrer” será montado no Teatro Niemeyer, em Niterói (10 e 11 de fevereiro, às 19h); e na Associação Sholem Aleichem (ASA), instituição judaica centenária que abriu suas portas para o espetáculo que tem suas origens no Líbano nos dias 3, 4 e 5 de fevereiro, no mesmo horário. “Eu havia feito uma apresentação de outro espetáculo lá. Aproveitamos o mote para intercâmbio entre uma história libanesa em um clube judeu. Ambos são povos imigrantes, que tiveram várias dificuldades de adaptação no Brasil. Serão três apresentações. Lá, iremos convidar um profissional especializado em cada área que a peça toca, como psicologia e cultura árabe. Estamos convidando também uma pessoa judia para falar sobre essa questão da imigração”.


Serviço: “O Cachorro Que Se Recusou A Morrer” | Temporada: 6, 13, 20 e 27 de janeiro, sextas-feiras, às 20h | Local: Teatro Brigitte Blair (Rua Miguel Lemos, 51H – Travessa Cristiano Lacorte | Informações: 2521-2955 | Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25,00 (meia-entrada) | Vendas na bilheteria do teatro ou pelo site www.sympla.com.br | Capacidade de público: 200 pessoas | Classificação: 10 anos. | Duração: 70 minutos | Drama

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