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Sociedade Amigos de Copacabana comemora 23 anos


Horácio Magalhães (Foto: Divulgação)

A Sociedade Amigos de Copacabana (SAC) completa 23 anos em novembro e para marcar a data, o Jornal Posto Seis entrevistou o presidente, Horácio Magalhães, que conversou sobre o assunto, mostrando a importância do trabalho da associação de moradores. Dentre os temas levantados, Magalhães destacou alguns dos êxitos do grupo e apontou ações atuais, mostrando que o trabalho segue em continuidade. Confira:


Jornal Posto Seis: Qual o papel de uma associação de moradores hoje, quando as redes sociais funcionam como canais entre a população e o Poder Público?

Horácio Magalhães: É preciso que a sociedade civil tenha representação junto aos órgãos públicos na busca de encaminhamento de demandas, anseios e necessidades. A gente sabe que muitas das vezes, o Poder Público só é movido mediante a pressão, cobranças e reivindicações. Daí o papel da associação, que atua como “advogada”, pleiteando as coisas e também fazendo sugestões.


Jornal Posto Seis: Como você, como presidente, lida com as críticas feitas à SAC e outras associações por não realizarem ações que competem ao Poder Público?

Horácio Magalhães: Quando vem comentário dessa natureza, é de quem não conhece a associação, sequer participou de uma única reunião e nunca nos procurou para absolutamente nada. É muito fácil falar ‘ninguém faz nada’, mas a pessoa trouxe algum assunto para nós? Procurou saber se conseguimos alguma solução? Para esculhambar, o pessoal é rápido. Para elogiar, já não é tanto.

Falta também cultura associativa às pessoas. Ou você faz parte da feitura da história ou assiste ela acontecer. Você tem que se mobilizar para correr atrás das coisas, não ficar aguardando que caia do céu. Às vezes, o Poder Público até dá respostas positivas, mas na maioria das vezes, a gente tem que cobrar. Um exemplo foi a construção da estação Siqueira Campos, que implicou na demolição do 19º BPM, do posto de saúde e da Comlurb. Naquela época, estavam cogitando tirar o batalhão daqui e levá-lo para dentro do 23º BPM e o posto de saúde seria transferido para o Rocha Maia durante a obra. Fomos lá no Governo do Estado e falamos “imagina uma viatura ter que sair do Leblon para patrulhar Copacabana, com o trânsito e tudo mais”. O mesmo para o posto de saúde. A pessoa teria que se deslocar até Botafogo. Conseguimos, na época, um fato inédito: duas unidades provisórias foram construídas no próprio bairro. Isso não aconteceu por iniciativa do governo. Se as unidades saíssem do bairro, não voltariam. Com os provisórios, havia o compromisso de, depois. construir as definitivas. Eram quatro reuniões semanais até no Ministério Público.


Muitas pessoas confundem associação com Poder Público. Alguns falam que a associação não faz nada. Eu concordo. Não cabe à associação fazer. Não somos Poder Executivo. Não cabe a nós tapar buraco, consertar um poste apagado ou acolher população em situação de rua. Cabe a mim, enquanto presidente da associação, cobrar dos órgãos públicos a atuação em relação a esses problemas e propôr soluções e possibilidades.


Jornal Posto Seis: Quais outras ações da SAC você destacaria?

Horácio Magalhães: Agora estamos discutindo a localização ponto de ônibus Bancários x Prado Junior. Essa linha tem poucos veículos e eles demoram muito, então principalmente nos finais de semana de sol, há uma procura muito grande de pessoas que vêm da Ilha do Governador para a praia. Nada contra o direito das pessoas virem, não se trata disso. É simplesmente porque a calçada ali é estreita e os moradores dos dois prédios que existem naquele trecho não conseguem nem entrar nem sair. Estamos sugerindo a transferência para o quarteirão entre as avenidas N. Sª de Copacabana e Atlântica, onde já há ponto de outra linha em uma lateral de um prédio, sem portaria. Não atrapalharia ninguém.


Outro exemplo de atuação: quando a Prefeitura veio com o projeto de racionalização das linhas de ônibus, fomos a quatro reuniões com a Secretaria Municipal de Transportes. Antes, havia um ponto a cada quarteirão, então o veículo parava em todos e a viagem ficava muito longa. Mostramos que era necessário intercalar as paradas. Discutimos também outras questões. Só poderiam passar ônibus pelos corredores, mas e as vans escolares, como ficariam? Os profissionais largariam a criança do outro lado da rua para ela atravessar sozinho? E a cooperativa de táxis adaptados para cadeirantes? Ia deixar o usuário do outro lado da rua? Na época, a Secretaria de Transportes não tinha pensado nisso. Foi conquista nossa.


No que diz respeito às bicicletas no bairro, foram dois anos discutindo bicicletários. Os ciclistas não podiam prender em árvores, mas deixariam aonde? Nos postes? Era necessário ordenar isso. Conseguimos 200 unidades com a Secretaria de Meio Ambiente. Palpitamos até em relação ao modelo deles, que tinham que atender a todos e também ser resistentes a maresia. Outra coisa: defendemos que eles tinham que ser colocados onde os ciclistas se sentissem seguros em deixar as bicicletas. Não adianta botar longe de tudo. Tem que ficar perto de lugares com movimento.


Agora estamos brigando por outra questão: a punição dos maus ciclistas. O Conselho Nacional de Trânsito chegou a baixar, em 2017, uma resolução estabelecendo multa para os infratores, só que em 2019 isso foi suspenso. Hoje, não há legislação. Com o incremento das entregas por aplicativo, os problemas pioraram. Outro dia tinha um pedalando na contramão no meio da Av. N. Sª de de Copacabana. O pessoal fala ‘cadê a guarda?’, mas os agentes não podem multar porque não está regulamentado. Estamos vendo com um deputado federal para ele cobrar essa regulamentação. Estão acontecendo muitos acidentes e atropelamentos e ninguém está fazendo nada em relação a isso.


Os projetos de segurança daqui, tanto o Rio + Seguro quanto o Copacabana Presente, também foram frutos de militância. A gente estava aqui em 2016 com problemas sérios e a associação dizia que a Prefeitura não poderia ficar distante disso. Aí criaram o Rio + Seguro. Depois disso, conversamos com o governador sobre a importância de trazer o Copacabana Presente.


Na área cultural, fomos responsáveis pelo tombamento do cinema Roxy. Agora, com o anúncio da venda, conseguimos com o prefeito que ele fosse inserido na relação de estabelecimentos notáveis. Mesmo que seja vendido, a atividade feita ali terá que ser cinema. É o último do bairro. Além disso, quando o Conde foi prefeito, a Oriente Express, que havia comprado o Copacabana Palace, tinha projeto de construir um anexo de dez andares na parte que dá para a Av. N. Sª de Copacabana. Como o hotel só é tombado a nível federal (a níveis municipal e estadual, apenas a parte da frente é protegida), tivemos que ir ao Iphan reivindicar isso. Foi mais uma vitória: a preservação de um dos ícones artístico e arquitetonico do bairro, de 1923. É um patrimônio. Fora outros como a Galeria Menescal, a primeira comercial da Zona Sul. Fomos nós que pedimos o tombamento, assim como do colar de pérolas, que é aquela iluminação da década de 1930 da Avenida Atlântica. Conseguimos e virou lei. Com isso, a Prefeitura tem compromisso de manter.


Até a volta do Detran foi reivindicação nossa, assim a abertura do novo cartório. Só havia um em Copacabana e ele não tinha acessibilidade. O pessoal do 5º Ofício de Notas se interessou em vir para o bairro e pediu um ofício da associação para juntar no processo administrativo junto ao Tribunal de Justiça para acelerar a autorização. Assim, há mais uma alternativa de um serviço que é essencial.


As ações da SAC podem ser acompanhadas no Facebook da associação. Já o histórico de trabalhos ao longo dos 23 anos está disponível na página

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