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Projeto de revitalização do Parque do Chacrinha sai do papel


O Parque Estadual da Chacrinha está sendo revitalizado. A unidade, administrada pela Prefeitura do Rio, por intermédio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC), recebeu nova iluminação e, em breve, terá o mobiliário infantil reformado. Outras novidades são previstas para o espaço, que comemora a reabertura parcial da trilha, destruída por um deslizamento de terra há dois anos.


O Jornal Posto Seis esteve no local no começo de dezembro e constatou problemas graves de conservação, principalmente no parquinho. “Não é nem mais caso de consertar os brinquedos, é de trocar”, alarmou, na época, a administradora Dalva Braga. Naquele momento, o balanço estava sem nenhum assento e um gradil perto dele, bastante corroído. As gangorras estavam interditadas e até o trepa-trepa, de ferro galvanizado, fora danificado. Houve uma tentativa de levantar verba dentre os visitantes, mas sem êxito: “Sairia barato! Eles mesmos comprariam e trariam, mas alegaram ser obrigação da Prefeitura. Sim, mas também é obrigação do frequentador não escangalhar. Se não fizessem isso, estaria tudo inteiro”. Nem mesmo a quadra estava em condições de uso. Um bilhete afixado à grade informava a proibição do espaço por uma questão de segurança: as traves haviam caído. Na verdade, ambas foram tombadas pela própria administração do espaço, já que estavam soltas e poderiam causar acidentes, mas foram chumbadas no chão pela Comlurb, órgão muito atuante no parque, e o uso já foi liberado.


Em janeiro, a Prefeitura visitou o parque, conforme informa a assessoria da SMAC, e constatou que várias áreas exigiam manutenção, o que a levou a rever o orçamento. Apesar de as obras serem previstas para abril, algumas intervenções já tiveram início: a parte baixa recebeu lâmpadas LED nos postes – Dalva ressalta que a nova iluminação foi instalada apenas na área que não interfere na fauna do local, uma unidade de conservação ambienta. É prevista até a instalação de wi-fi, que deve ser implementado em março.


Enquanto o parque não é inteiramente revitalizado, Dalva comemora a reativação parcial da Trilha Laura Esteves, inteiramente destruída em um desmoronamento de placas de rocha em 2019. “A gestão municipal anterior não fez absolutamente nada!”. O acesso pelo parque infantil segue interditado, mas subindo pela outra escada, a Geo-Rio já liberou metade do caminho, até o bambuzal. “As pessoas vão e voltam pelo mesmo lugar. A trilha está limpa e segura. Estamos fazendo a manutenção direitinho e não corre risco de deslizamento”.

Já a liberação do resto da passagem segue sem previsão, já que a Geo-Rio ainda não conseguiu acessar o terreno. Apenas após a visita será possível a realização de um trabalho arqueológico, já que, sem o aval do órgão, há o temor da queda de novos blocos de terra.


Essa intervenção é importante porque o Parque da Chacrinha é o último vestígio da Copacabana colonial: no passado, existia ali o Reduto do Leme, habitado por chacareiros e índios que abasteciam a cidade quando esta ainda era sediada no Morro Cara de Cão, no século XVI. Com o passar dos anos, o terreno foi preservado devido ao aspecto militar atribuído à área, transformada em porto de aguada (espaço onde aconteciam os abastecimentos das embarcações que se aproximavam da região, então zona internacional). Dentre os detalhes soterrados, estão uma antiga fonte, a maior da área naquela época, e que ajudava no abastecimento desses primeiros momentos.


Enquanto esse trabalho não sai do papel, a administração do parque luta para preservar outra parte desse passado: a Casa Teodoro Pescador, que seria a mais antiga de Copacabana ainda de pé. Dalva conta que uma construção na Travessa Guimarães Natal teria invadido a mata e estaria causando desgastes às ruínas seculares. “Pode ocorrer queda de alguns pedaços’, lamenta, garantindo estar buscando soluções junto ao Inea, ao Iphan, ao Inepac e à UERJ, que até 2020 fez trabalhos de pesquisa histórica no local. Outra ação movimentada pela gestão, em parceria em a Associação de Moradores Praça Cardeal Arcoverde, visa responsabilizar a Light pelo excesso de ruídos constantes oriundos dos transformados vizinhos ao parque, que foi tema de reportagem na edição 551 do Jornal Posto Seis. “Entramos no Ministério Público para mitigar os danos causados à fauna”.


O Parque da Chacrinha fica na Rua Guimarães Natal, s/n.

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