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Pandemia transforma festa inclusiva em lives


(Foto: Reprodução)

As restrições impostas pela pandemia de COVID-19 interromperam as edições da festa inclusiva promovida pelo projeto Somos Todos Especiais. Mais de um ano desde a última edição e sem previsão de retorno presencial ao Sports Clube Mackenzie, no Méier, o grupo se reinventou e vem promovendo lives mensais que estão fazendo a alegria do público, majoritariamente composto por pessoas com necessidades específicas como Síndrome de Down, autismo, deficiências visuais ou cadeirantes. Os espetáculos podem ser acompanhados gratuitamente em www.facebook.com/projetosomostodosespeciais.


As transmissões, mensais, tem como único objetivo divertir os espectadores. De acordo com a idealizadora, Jussara Costa, parte do frequentadores do evento não estão sabendo lidar com o momento atual: “Minha filha tem deficiência intelectual. Tem horas que ela quer descer. Digo que não pode, que a gente tem que se preservar, mas ela diz que não está vendo o vírus. É muito complicado para eles entenderem o que está acontecendo. Muitos estão depressivos, regrediram muito. As mães ligam e pedem pelo amor de Deus por ajuda. Ontem mesmo uma me disse que o filho está emagrecendo por causa disso”, aponta.


Ela observa que, em 2020, havia muitas lives de artistas variados ocorrendo até diariamente, ajudando a entreter esse público: “Todas acabaram. Essas pessoas têm dificuldade em ficar paradas, mas no princípio, estudar online era novidade, fazer ‘não-sei-o-que’ pela internet também… Agora, não é mais. Já estão saturadas. Ninguém estava preparado para isso. As coisas foram feitas para que no mês seguinte, tudo melhorasse. Estamos vivendo uma situação completamente atípica. O ser humano não é feito para viver trancado”.


Por este motivo, as exibições do Somos Todos Especiais são sempre motivo de comemoração: “Está sendo melhor do que eu esperava. No princípio, houve uma pequena dificuldade em ver em qual plataforma faríamos. Tentei no Instagram, no Zoom e no Facebook, onde tenho maior visibilidade. Entre eles, todos têm Facebook, mas nem todos têm celulares que suportam Zoom. Às vezes, também faço pelo Instagram, simultaneamente. Tenho tido uma resposta super legal, eles ficam ansiosos perguntando quando será a próxima…”, comemora. Devido ao sucesso, Jussara considera aumentar a periodicidade, realizando lives quinzenais, o que ainda está sendo estudado: “É complicado porque eles estão em casa, mas às vezes sabem mexer no celular ou no computador melhor que as mães, que não conseguiam acessar. Agora que as coisas estão ficando melhores, já que todos se acostumaram com essa nova modalidade”.


Ainda assim, nem os empecilhos tecnológicos afastam os espectadores: “Meu público é fiel. Desde o princípio, tanto no presencial quanto no online, a audiência só aumenta. Às vezes, do lugar que a pessoa está, não consegue acompanhar porque a internet está ruim, mas os outros compartilham e passam o que foi gravado. Muitos acabam vendo depois e comentam. É bem legal!”. Visando tornar a participação ainda maior, a cada edição ao menos um dos frequentadores é convidado para expôr algum talento. “Como é no Facebook, não podemos botar muita gente, mas combino com eles, dividimos a tela e todo mundo vê”. Já houve apresentações de danças contemporânea, do ventre e cigana; declamações de poesias, esquetes e até de artesanato de animais feitos com bolas de encher.


Apesar de o público com necessidades específicas já estar protegido contra o COVID, Jussara rejeita a possibilidade de retornar a festa presencialmente nos próximos meses: “Eles pedem, mas não vou fazer. Não é seguro. A gente sabe que essa vacina não dá 100% de imunização. Outra coisa: precisa-se de um tempo para ver qual vai ser a resposta do organismo, vacinar todo mundo, depois fazer um teste para ver como está a imunidade daquela pessoa… Ainda é um estudo. Tenho muita saudade, me pedem muito, até choram, mas ainda não é o tempo. Fico muito preocupada! Isso sem contar que muita gente foi embora com COVID. Muitos tinham até tomado a vacina. Está tudo muito instável. Não me sinto segura em reunir um monte de pessoas que têm a imunidade lá embaixo. Estou doida para que elas voltem, mas é muita responsabilidade”.


Em paralelo às lives, Jussara está encabeçando uma rifa em prol da APAE. “É um trabalho muito antigo e sério, muitas famílias dependem disso”. Cada participante pode comprar cotas de R$10 e concorrer a bonecas de porcelana. O valor arrecadado será destinado à compra de cestas básicas que a associação entregará aos beneficiários. Mais informações podem ser obtidas com Jussara pelo telefone 98112-2883, que também é a chave do PIX.

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