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Observatório do Valongo proporciona passeios gratuitos para curiosos por astronomia


As noites de quarta-feira são especiais no Observatório do Valongo. Quando o sol se põe, o espaço costuma ser visitado semanalmente por pessoas interessadas em visualizar o céu e conhecer astronomia. As sessões, gratuitas, são realizadas sempre que o céu permite tal atividade e já viraram uma tradição no local, situado no Morro da Conceição, no Centro.


“Recebemos crianças, muitas pessoas com família inteira, idosos… Já vieram grupos de alunos que fazem atividades turísticas no Rio, escolas…", descreve o astrônomo Daniel Mello, coordenador das sessões astronômicas. “Sempre partimos do preposto que as pessoas estão tendo uma vivência pela primeira vez”, diz, explicando que apesar de o tema ser apresentado para leigos, as perguntas mais complexas também são respondidas.


Em sua visão, o começo de cada sessão costuma ser o momento preferido dos visitantes: “Quando começa a anoitecer, é o momento dos satélites. Alguns são tão brilhantes que as pessoas imaginam ser algo diferente. Em uma delas, a Estação Espacial Internacional passou pelo céu brilhando, como o planeta Vênus”. Este planeta foi bastante explorado durante as noites de junho, quando estava muito visível e permitiu que o público enxergasse, por meio de telescópios, uma surpresa: tal qual a Lua, este corpo celeste também possui fases.


A visita dura em torno de três horas e é dividida em três partes. Na primeira, é realizada uma visita museológica ao telescópio Cooke & Sons, encomendado para a passagem do cometa Halley. Este equipamento é original do antigo observatório que existia no alto do Morro de Santo Antônio, já demolido, desde 1881. Com o desmonte da elevação, o centro de estudos ganhou a sede atual, administrada pela UFRJ.


A visita continua na área aberta, onde os astrônomos presentes realizam identificação de constelações e astros usando um apontador estelar. Por fim, ocorre a observação nos telescópios. Geralmente são montados dois no jardim do campus, que podem estar direcionados para objetos diferentes: em uma das visitas de junho, enquanto um mirava a lua, outro apontava para Vênus (antes de o planeta sumir do campo de visão, o que colocou o supertelescópio Coude, que já foi um dos maiores do mundo, em uso, já que suas lentes permitiam a observação daquele ponto). Com isso, a lente do equipamento foi direcionada para uma das estrelas que compõem a constelação do Centauro, visão que surpreendeu os presentes por um detalhe visível apenas por meio de telescópios; e, em seguida, ao aglomerado de estrelas que resulta em uma “caixinha de joias” perto do Cruzeiro do Sul.


“É importante que as pessoas visitem as cúpulas históricas não apenas pela observação, mas pela importância do acervo museológico. É necessário que elas entendam a relevância de haver um observatório, de existir um financiamento, o valor da ciência, o quanto isso exige de dedicação dos profissionais… Colocar o público para olhar em um telescópio centenário gera um impacto maior. Todos se sentem viajando na história por ter contato com ele”, analisa, mencionando que os equipamentos de campo também são históricos e fornecem imagens igualmente interessantes Recentemente, para aumentar ainda mais o interesse dos visitantes, o Observatório do Valongo passou a investir em noites temáticas, como das constelações de Órion, Cruzeiro do Sul ou Escorpião; de algum planeta ou mesmo da conjunção de vários objetos, como ocorreu recentemente com a proximidade da Lua, do Marte e de Vênus. “A astronomia gera muita curiosidade em jornais, na TV e nas redes sociais. Há pesquisas recentes feitas por grandes telescópios e as visitas são uma oportunidade de conhecer mais ou em estar em contato com astrônomos ou estudantes de Astronomia”, comenta, exaltando que muitos jovens perguntam sobre a carreira e o que é necessário estudar para trabalhar na área.


Além das sessões noturnas, o Observatório do Valongo também oferece visitas diurnas. Estas são focadas ao conjunto de objetos científicos (atualmente, o acervo conta com 320 deles) e à história da instituição. “O passeio pelo campus proporciona uma visita muito interessante da cidade, as pessoas nem imaginam”. Em condições adequadas, são oferecidas também observação do Sol – sempre usando filtros ou métodos de projeção, tornando o momento seguro. “Em vez de a pessoa botar os olhos em um telescópio, ela vê a imagem em um anteparo”. Estas ocorrem de terça a sexta, das 13h às 16h, e apesar de não ser necessário agendamento, Mello sugere que isto seja feito por meio do e-mail extensao@ov.ufrj.br (enviando nome, data, horário e, se for grupo de estudantes, qual a faixa etária e o número de professores): “Às vezes, há muitas visitas escolares e pode calhar de alguém chegar e precisar esperar”.


Mais informações sobre as visitas ao Observatório do Valongo (Ladeira do Pedro Antônio, 43) podem ser obtidas em suas redes sociais.

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