Publicado na edição 341 (1ª quinzena de julho de 2012)
No alto do edifício número 61 da Rua Bolívar, na esquina com a Avenida Nossa Senhora de Copacabana, um detalhe peculiar chama a atenção dos pedestres mais observadores: um relógio destaca-se na arquitetura do prédio. Sem funcionamento há décadas, o adorno foi instalado na época da construção da edificação.
A síndica Zildamar Peçanha Gentil Jordão, que mora no endereço desde 1973, conta que quando se mudou o relógio já não funcionava. De acordo com ela, a manutenção não é feita devido ao alto custo. O maquinário é antigo e de ferro, com peças pesadas e danificadas pela ação do tempo. Uma manivela indica que o funcionamento dependia da ação humana. O enorme badalo encontra-se no chão da parte superior do edifício, assim como o pêndulo. A madeira que os prendia ao equipamento não existe mais. O valor do condomínio dos 24 apartamentos não comporta subsídio para restaurar o enfeite e, segundo ela, nunca houve interessados em ajudar nesse aspecto.
O motivo da instalação do adorno é desconhecido. Há quem acredite que a função dele era mostrar as horas aos frequentadores da Praça Santa Leocádia, que existia no quarteirão entre a Avenida Nossa Senhora de Copacabana e a Rua Aires Saldanha, no espaço compreendido entre as ruas Bolívar e Xavier da Silveira. No entanto, o posicionamento do edifício Castro Araújo mostra que o relógio era voltado para a quadra ao lado (entre as ruas Bolívar e Barão de Ipanema).
Fotos antigas mostram outra versão para sua existência. O edifício era um dos mais altos da região, com nove andares. Maior, só o Edifício Guarujá, na esquina da Rua Constante Ramos com a Avenida Atlântica . Por causa do grande número de casas, o relógio era facilmente visto da praia, desde o Leme até as proximidades.
Localizado na esquina com a Avenida Nossa Senhora de Copacabana, em frente ao cinema Roxy, o prédio é um dos exemplares de art déco na região. Copacabana é o bairro que mais concentra imóveis nesse estilo, que predominou entre as décadas de 1930 e 1950. Dentre as características, destaca-se a inspiração na arte greco-romana, assim como os adornos (luminárias, corrimão, etc) e os traços geométricos.
De acordo com a documentação, a construção do Edifício Castro Araújo é datada de 1944. No entanto, o prédio aparece em fotos da década anterior. Seu térreo já abrigou a tradicional loja Adonis, de roupa masculina. Hoje, o espaço é ocupado por uma drogaria.
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