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Marchinhas típicas marcam festas juninas em todo o Brasil


Nesse ano, as festas juninas serão dentro de casa. Diante da impossibilidade de aglomerações, só resta preparar as comidas típicas dentro de casa e fazer a própria celebração. Vale até se vestir à caráter, mas como ter um arraiá perfeito sem as músicas temáticas? Muitas delas se caraterizam como marchinhas, gênero comumente associados ao carnaval, mas também rico em repertório desta outra data. A maioria das produções se concentrou entre as décadas de 1930 e 1960, concomitantemente ao surgimento do cancioneiro carnavalesco desse filão, envolvendo nomes importantes dos primórdios da música popular brasileira, e até os dias atuais muitas são conhecidas até por crianças pequenas. Conheça a história de algumas:


Capelinha de Melão

Talvez uma das composições mais antigas do gênero, ainda que a autoria seja desconhecida. Os versos “Acordai, acordai/Acordai João/Ela está dormindo./Não acorda não" já eram citados no jornal O Carapuceiro, em 1837. Mais tarde, em 1913, foi a vez de O Paiz noticiar outro trecho como cantado em províncias do Norte do Brasil. Aos poucos, a canção ganhou espaço no conhecimento popular e na década de 1930, já fazia parte do repertório que deveria ser ensinado nas escolas, uma determinação da Superintedência de Educaçao Musical e Artística, inclusive sendo executada na Rádio Tupi por alunos da Escola Municipal Cócio Barcelos, de Copacabana. A primeira gravação de que se tem registro, então associado ao samba, é datada de 1930 e foi feita por Elisinha Coelho, a cantora favorita de Ary Barroso, acompanhada no piano por Tia Amélia (que, na época, assinava como Amélia Brandão Nery), sucessora de Chiquinha Gonzaga. Entretanto, o estouro se deu quando Emilinha Borba emprestou sua voz à música, em 1949, com a letra e a melodia atualizadas por João de Barro e Alberto Ribeiro.


Cai, Cai, Balão (Olegário Mariano e Jouberth de Carvalho)

Muitos afirmam que a famosa “Cai, Cai, Balão” é a pioneira do gênero das marchinhas juninas, mas a gravação homônima que inaugurou o estilo, assinada por Assis Valente e cantada por Francisco Alves e Aurora Miranda em sua estreia no meio musical, em 1933, nada tem a ver com a que ficou imortalizada com o passar das décadas. A música preservada no imaginário popular é anterior àquela data: em 1928, o músico Jouberth de Carvalho musicou o poema do escritor Olegário Mariano, recém-empossado na Academia Brasileira de Letras, resultando no trabalho.


Chegou a Hora da Fogueira (Lamartine Babo)

Outra pioneira do gênero, fez sucesso na voz de Carmen Miranda e Mário Reis exatamente um mês após “Cai, Cai, Balão” de Assis Valente. Com orquestração de Pixinguinha, foi sucesso imediato: a música foi apontada como o maior êxito daquele período. Apesar de a Pequena Notável já estar consagrada nessa época, alguns veículos atribuíram esta música à sua irmã, Aurora, que iniciava sua carreira naquele momento.


Isto é Lá Com Santo Antônio (Lamartine Babo)

O sucesso de “Chegou a Hora da Fogueira” foi tão grande que, grande que, no ano seguinte, Carmem Miranda e Mário Reis se juntaram em outra parceria junina. Posteriormente, em 1954, esta foi apontada pela Revista Manchete como a melhor do estilo, rótulo atribuído por outros compositores.


Sonho de Papel (Alberto Ribeiro)

“O balão vai subindo e vai caindo a garoa” fez, novamente, Carmen Miranda voltar às paradas de sucesso nas festas juninas, em 1935. Em um primeiro momento, também foi alvo de outro erro: alguns selos garantiam ser uma composição de João de Barro, que não teve participação em tal trabalho. Ironicamente, essa composição foi lançada como complemento de um disco com outra marcha junina, “Fogueira do Meu Coração”, mas ainda no contexto do lançamento, “Sonho de Papel” destacou-se como a favorita do público.


Pula a Fogueira (Getúlio Marinho e João Bastos Filho)

Em 1936, foi Francisco Alves quem deu voz ao sucesso que resistiria ao tempo. Naquele momento, o gênero recém-criado já era apontado como em declínio, conforme apontou o jornal O Malho: “O carioca e os habitantes das grandes cidades não têm senão um enthusiasmo (SIC) relativo por estes festejos, que alcançam um grande esplendor no interior dos estados onde a polícia não consegue persegue (SIC) os soltadores de balões”.


Antônio, Pedro e João (Benedito Lacerda e Oswaldo Santiago)

Com a filha de João, Antônio ia se casar, mas Pedro fugiu com a noiva e o troca-troca virou música, composta em uma cafeteria na esquina das ruas Gonçalves Dias e do Ouvidor, em 1939. Os compositores convidaram Emilinha Borba para gravar aquela canção, conforme noticiou a revista Carioca, no mesmo ano, mas a cantora faltou na gravação e, por um golpe do destino, enquanto a orquestra e os técnicos de som ainda estavam lá, Dalva de Oliveira, que até então só havia gravado com o Trio de Ouro ou com Francisco Alves, apareceu no estúdio e acabou sendo designada para o trabalho, seu primeiro trabalho solo (os demais aconteceriam apenas a partir de 1950).


O Sanfoneiro Só Tocava Isso (Haroldo Lobo e Geraldo Medeiros)

Gravada ainda em dezembro de 1949, antecipou-se as festas do ano seguinte antes mesmo que as marchinhas daquele carnaval, festa celebrada antes, fossem disponibilizadas ao público. Os vocais foram feitos por Dircinha Batista, a Rainha do Rádio do ano anterior, e o trabalho foi o único de temática junina a aparecer nas paradas de sucesso daquele ano. Foi também destacado por um colunista da Revista do Rádio que começava a fazer sucesso naquela época: Abelardo Barbosa, o Chacrinha.


Todas as mencionadas, assim como outros sucessos presentes nas festas juninas, estão disponíveis nas principais plataformas de streaming.

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