A adaptação teatral de “Uma Aprendizagem Ou O Livro dos Prazeres”, de Clarice Lispector, está em cartaz no teatro da Casa de Cultura Laura Alvim até 26 de junho, sempre às sextas e sábados, às 20h, e aos domingos, às 19h. A montagem, planejada para celebrar o centenário da escritora, em 2020, precisou ser adiada devido à pandemia e traz aos palcos a trajetória de descobertas do casal Lóri e Ulisses, interpretados respectivamente por Melise Maia e Rafael Queiroz sob direção de Ernesto Piccolo.
“A gente está pensando em fazer algo popular no sentido de trazer o público para ver Clarice. É uma história de amor. Quem não gosta de amor? Precisamos falar disso. Cai como uma luva no momento atual”, defende Melise, que assina o texto do espetáculo. “Quando li esse livro, fui arrebatada. A primeira coisa que pensei foi ‘isso rende uma peça de teatro linda’. Fiquei acalentando o sonho e comecei a adaptar. Estava escrevendo inicialmente com uma professora que virou uma grande amiga minha, a Teresa Montero, que é uma das biógrafas da Clarice”, lembra, mencionando que precisou interromper o projeto devido a outro trabalho e na retomada, a parceira estava indisponível para dar continuidade, mas incentivou a finalização da obra.
“Uma Aprendizagem Ou O Livro dos Prazeres” apresenta a professora primária Loreley, que sai de Campos para o Rio de Janeiro em busca de uma liberdade impossível de ser alcançada numa cidade do interior. Ela conhece Ulisses, um professor de Filosofia, que se torna o grande amor de sua vida enquanto a insere numa jornada de conhecimento sobre o que é ser mulher, resultando em um processo angustiante e prazeroso.
“A busca da mulher é sem fim. Acho que esse livro me emocionou muito porque ela tenta ser uma o tempo todo e encontra alguém que acha que vai ensiná-la a amar, mas na realidade, conforme a peça vai acontecendo, o público vai vendo que a aprendizagem é dos dois. É do humano. É como quem pergunta se a gente gostaria de ser jovem de novo. Eu, não. Só se tivesse a sabedoria de hoje”, descreve Melise, mencionando que houve um cuidado para que o texto, considerado hermético por muitos (o que fica evidente em seu estilo textual, iniciado com vírgula e encerrado com dois pontos), fosse levado aos palcos de forma popular, dialogando até com quem nunca teve contato com nenhum material da autora: “O espetáculo tem linearidade. Começa com a Clarice entrando em casa e iniciando um livro. É como se os personagens saíssem do papel. Foi um desafio. A ideia é fazer algo que o público entenda e embarque desde o primeiro momento”.
A peça conta ainda com a direção musical e arranjos do Edu Lobo, trilha sonora gravada nos estúdios da Biscoito Fino pelos músicos Mauro Senise (sopros), Cristovão Bastos (piano) e Jorge Helder (contrabaixo), direção de movimento de Marcia Rubin, cenografia de Rostand Albuquerque, iluminação de Eduardo Salino e figurinos de Marcela Treiger.
Serviço:
Teatro da Casa de Cultura Laura Alvim (Avenida Vieira Souto, 176 – Ipanema)
Tel: 2332-2016
Temporada até 26 de junho (sextas e sábados às 20h e domingos às 19h)
Indicação etária: 12 anos
Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia)
Comments