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Lagoa Rodrigo de Freitas

Thayssa Rodrigues

Lagoa Rodrigo de Freitas
Lagoa Rodrigo de Freitas

A Lagoa Rodrigo de Freitas é conhecida e valorizada mundialmente. A área, composta por grandes espaços preservados de natureza, como o Parque da Catacumba e dos Taboas, abriga, ainda, o mais famoso espelho d´água do estado. A margem da lagoa possui 7,4 km de extensão, destinados ao lazer de seus frequentadores e a sua contemplação. Do local é possível ver a estátua do Cristo Redentor, completando a beleza desse cenário digno de cartão postal. No século XVI a área era denominada como jardim da gávea e formada pelos bairros conhecidos hoje como Gávea, Jardim Botânico e Lagoa. O espelho d´água era chamado de Sapopenã, que significa lagoa de raízes chatas em tupi-guarani. A denominação caracteriza o tipo de povoamento que ocupava o espaço, índios que aproveitavam-se da natureza para sobreviver e da geografia das terras para se esconder de possíveis invasores. Um tempo depois, quando o bairro começou a ser habitado por portugueses, a água da região passou a ser denominada como Lagoa dos Socós, por possuir muitas aves desse gênero ao seu redor. Devido a qualidade da terra que circundava a lagoa, grande parte dos terrenos localizados ali eram destinados ao plantio da cana de açúcar. Por isso, o espaço era, em seus tempos primórdios, predominantemente rural. Foi durante esse período, em que o plantio era a principal atividade econômica do pais, que o então governador, Antônio Salena, instalou, na área que hoje abriga o Jardim Botânico, o Engenho D´El Rey, após expulsar os franceses, em 1575, da Baía de Guanabara. Desde 1570, a câmara da província cuidava da área, tentando evitar uma concentração de poder latifundiário. Para isso, as permissões de uso se tornaram comuns, dividindo o terreno entre diferentes usuários. O período que se estende ao início dessa atividade foi marcado por uma forma desordenada de ocupação, em que as terras eram separadas em lotes e ocupadas por grandes engenhos, dividindo-se entre multi-proprietários. No entanto, no início do século XVII, essas terras ficaram separadas, basicamente, entre os engenhos de Nossa Senhora da Cabeça, de Martim Sá; da Lagoa, de Sebastião Fagundes Varela; o de Santo Antônio de Francisco de Caldas Telo e as terras de Antonio Pacheco Calheiros Foi somente em fevereiro de 1609 que as terras passaram a se concentrar em um único dono, Sebastião Fagundes Varela. Nessa ocasião, ele recebeu da câmara toda a área de terras divididas no espaço que ia da Lagoa até o Pão de Açúcar e, na outra extremidade, do "sertão" (chamado dessa forma por ser praticamente uma roça) até a Pedra da Gávea. Durante esse período, a Lagoa ficou conhecida como Lagoa do Varella. Alguns anos depois, já em 1660, essa área foi adquirida pelo português Rodrigo de Freitas Castro e Mello que, após voltar a sua terra natal, as transferiu para seu filho, Rodrigo de Freitas. Daí surgiu o nome que prevalesse até hoje no espelho d´água, Lagoa Rodrigo de Freitas. A história do lugar começou a mudar no início do século XIX, devido a dois grandes acontecimentos. O primeiro marco dessa época está relacionado a chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil, em março de 1808. Com medo de uma possível invasão francesa, D. João VI decidiu implantar na cidade uma fábrica de pólvora, para facilitar a defesa da região. O local escolhido para sediar o empreendimento foi a área que do Engenho D´El Rey (que hoje abriga o Jardim Botânico), de propriedade da família Rodrigo de Freitas. Outro grande marco foi a crise que acometeu a produção de cana de açúcar, diminuindo, consideravelmente, a atividade. Com isso, grande parte dos engenhos localizados na lagoa foram se transformando em chácaras, mudando o estilo de ocupação e a paisagem do local. Uma das chácaras famosas nessa época, que prevalece tendo destaque nos dias atuais, era a do comendador Antonio Martins Lage, que posteriormente seria transformada no conhecido Parque Lage. Aos poucos, a mudança na economia promoveu a industrialização desse espaço, que passou a abrigar inúmeras fábricas, principalmente destinadas a atividade têxtil. Até a década de 1920, no entanto, a área ainda era considerada rural, sendo ocupada pelas fábricas e circundada por casebres que abrigavam seus trabalhadores. Entretanto, o avanço dessa atividade aumentou, também, a presença de famílias e suas construções irregulares, iniciando, assim, espaços de moradia que hoje conhecemos como favelas, em suas primeiras aparições na sociedade. Dentre as comunidades formadas nesse momento estavam a Catacumba, Macedo Sobrinho, Ilha das Dragas, Cidade Maravilhosa, Praia do Pinto, Largo da Memória e Ilha da Guarda. A partir de 1920, um processo de mudança passou a ser implantado, visando uma reestruturação urbana a fim de apresentar a cidade de uma forma diferente aos moradores e visitantes em 1922, ano em que seria comemorado o centenário da independência. Assim, sob o comando do prefeito Carlos Sampaio, começou a acontecer um tratamento do espelho d´água, poluído há anos pelo depósito de detritos provenientes de suas diferentes fases de ocupação. Dois anos depois, a área da Lagoa Rodrigo de Freitas foi circundada por uma avenida, nomeada de Epitácio Pessoa, em homenagem ao presidente da época. Na via, foram construídas diversas casas suntuosas, mostrando a existência de moradores de alto poder aquisitivo. A valorização do bairro se intensificou, juntamente com a presença maciça da elite, alguns anos depois, mais precisamente em julho de 1926, quando foi inaugurado o Hipódromo do Rio de Janeiro, conhecido atualmente como Jockey Club Brasileiro. Na década de 1950, as fábricas de tecido começaram a fechar, intensificando a urbanização do bairro. Paralelamente a isso, o desemprego gerado pelo fim dessa atividade aumentou o tamanho das comunidades irregulares. Por iniciativa do governo para frear essa ocupação, na mesma época, começaram a se extinguir, também, as favelas da região, que ainda abrigavam a população mais pobre da cidade. Com isso, houve uma grande valorização dos imóveis do local, que iniciou um crescimento acelerado. Em 1970, os empreendimentos imobiliários passaram a aterrar o espaço próximo a Lagoa mesmo sem a autorização da Prefeitura, gerando protestos de moradores e arquitetos, como Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, a fim de que a região fosse tombada como patrimônio Histórico e Cultural. A reivindicação, entretanto, só foi atendida cinco anos depois, durante o governo do prefeito Marcos Tamoyo. Desde então, entrou em discussão a necessidade de preservar a natureza do local. Foi em sua administração, também, que foi aprovado um decreto para alinhar a margem do espelho d´água e proibir construções no espaço, que seria destinado a elaboração de uma área de lazer. A década de 1980 foi marcada por novos esforços voltados a despoluição das águas da Lagoa e a consolidação de um modelo cidade-jardim para as residências do bairro, a fim de que não prejudicassem a preservação da área. A partir de 1996, a Lagoa passou a sediar um dos acontecimentos mais esperados na cidade, a Árvore de Natal da Lagoa, promovida pela empresa Bradesco Seguros. É uma megaestrutura, sendo totalmente enfeitada e iluminada especialmente para a data. A árvore, que se tornou o ícone natalino da cidade foi reconhecida pelo livro dos recordes como maior árvore flutuante do mundo. Atualmente, é possível perceber que os esforços somados ao longos dos anos para desenvolver o bairro de forma satisfatória foram bem sucedidos. O local é considerado um dos principais pontos turísticos da cidade e encanta moradores e visitantes, durante todo o ano. O cenário observado por todos eles é predominantemente residencial, com pouco comércio, se comparado a bairros vizinhos, como Ipanema e Leblon. A área é considerada a terceira mais nobre da cidade, ficando atrás, apenas, dos dois locais citados anteriormente. A especulação imobiliária é justificada pela beleza da natureza e as áreas de lazer disponíveis, como a pista ao redor do espelho d´água e os parques da Catacumba, dos Taboas e dos Patins. Em seu entorno, há também as igrejas de São José e Santa Margarida Maria.

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