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Rio de Janeiro​​​​​​​​​​​


Corcovado e Enseada de Botafogo vistos da Urca
Corcovado e Enseada de Botafogo vistos da Urca

A descoberta do território e a França Antártica

O Rio de Janeiro é um dos destinos turísticos mais visitados do mundo. Sua beleza encanta turistas de diversos países e do próprio Brasil, que costumam ir embora com um gostinho de "quero mais". A cidade úne belas paisagens às facilidades de um grande centro urbano. Seu panorama impressionou os primeiros portugueses que chegaram na região. As informações sobre a primeira expedição são divergentes. Em 1501, uma expedição foi enviada para conhecer o litoral do território recém-descoberto. Alguns pesquisadores defendem que ela era comandada pelo navegador Gaspar de Lemos; outros garantem que era pelo explorador André Gonçalves. No dia 1 de janeiro do ano seguinte, a área foi batizada de Rio de Janeiro, em referência ao mês em questão e à porção de água que posteriormente foi batizada como Baía de Guanabara - essa nomenclatura é derivada da forma como os índios tupinambas que habitavam seu entorno a chamavam, em tupi ("iguaá-mbará"). Há quem diga que houve um erro em classificar a porção de água como um rio, mas não havia distinção entre essas toponímias na época. No entanto, o primeiro desembarque teria ocorrido somente em 1504, na atual Praia do Flamengo quando a expedição de Gonçalo Coelho veio à região. Após dois anos, Coelho voltou a Portugal e o local passou a ser usado somente como uma simples parada. A colonização passou a ser evitada devido a hostilidade dos nativos. Em 1519, o navegador Fernão Dias teria rebatizado a Baía de Guanabara como Baía de Santa Luzia, em homenagem à santa cujo dia era consagrado na data em questão. Somente em 1530 foi construída a primeira casa, batizada pelos índios como "cari-oca", que deu nome ao riacho que desembocava no local. Paralelamente a isso, em 1554, o francês Nicolas Durand de Villegagnon visitou o litoral que hoje pertence à cidade de Cabo Frio. Nessa viagem, obteve informações sobre os hábitos lusitanos na região com os índios tamoios que ali residiam e, ciente da ausência, planejou instalar na região da Baía de Guanabara uma base militar e naval, onde a França poderia tentar controlar o comércio para as Índias. Sua expedição chegou à Ilha de Serigipe (posteriormente chamada de Ilha de Villegagnon - hoje, devido ao aterro da região, para a construção do Aeroporto Santos Dumont, a porção de terra deixou de ser uma ilha e é onde se situa a Escola Naval) no ano seguinte, trazendo 80 homens e 5 mulheres (dois anos depois, vieram mais 800 franceses do sexo masculino). Em três meses, foi erguido o Forte Coligny, com cinco baterias viradas para o mar. A instalação da colônia em terra firme teria acontecido na região da atual Praia do Flamengo, entre a foz do Rio Carioca e o atual Outeiro da Glória, na aldeia de Uruçumirim. O povoado começou a ser erguido em 1556 e era chamado de Henriville, em homenagem ao rei da França, Henrique II. Ali, viveram cerca de 60 franceses até a destruição do vilarejo pelos portugueses, quatro anos depois. Os únicos indícios que restaram são os registros do frade francês André Thevet no livro "Les singularitez de la France Antarctique" (As singularidades da França Antártica), publicado em 1558. O fim da colonização francesa teve início devido a Reforma Protestante. O principal ministro Gaspard de Coligny (o Forte fora nomeado em sua homenagem), responsável pelo envio da expedição brasileira, deixou de ser católico e converteu-se à nova crença. Devido à perseguição religiosa que acontecia na Europa, a França Antática foi considerada como um possível refúgio para os huguenotes (os calvinistas franceses). Coligny enviou um grupo para verificar a possibilidade de enviar os fugitivos para o território brasileiro. Foram enviados três barcos, comandados pelo sobrinho de Villegagnon, Bois-le-Comte. Sem poder parar para abastecer nas Ilhas Canárias devido à perseguição religiosa, foi necessário roubar outras embarcações para conseguir provisões, o que resultou em vários problemas a bordo. Após o retorno para a França, os calvinistas queixaram-se da situação e culparam Villegagnon (que, junto com Coligny, financiou a viagem), que precisou retornar para a Europa para os devidos esclarecimentos. Com isso, Bois-le-Comte passou a ser o responsável pela região. Os portugueses aproveitaram a ausência de Villegagnon para recuperar o território. Em 1559, o governador-geral do Brasil, Mem de Sá, teria recebido a informação em Salvador e organizado uma uma expedição com destino ao Rio de Janeiro. No dia 15 de março, foi dado um ultimato ao comandante do Forte Coligny, que ficou na defensiva até a destruição, no dia 17. No entanto, os franceses continuaram no local, pois a frota portuguesa não trouxe pessoas nem recursos suficientes. Os franceses passaram a ocupar a Ilha de Paranapuam (atual Ilha do Governador). Diante do cenário, a rainha Catarina da Áustria, que assumiu o trono de Portugal após a morte de D. João III (seu herdeiro, D. Sebastião, ainda era uma criança), decidiu ocupar a região fundando uma cidade, que seria um ponto estratégico para o escoamento do ouro de Minas Gerais devido à proximidade com esta província. Essa função foi encomendada ao sobrinho de Mem de Sá, Estácio de Sá, que chegou a Salvador em 1563. A chegada à Baía de Guanabara aconteceu em março, mas os portugueses foram atacados pelos franceses e pelos indígenas. Por isso, seguiram rumo a São Vicente, em São Paulo, onde permaneceram até janeiro de 1565. Na volta, contaram com o apoio dos índios tupiniquins, que os ajudaram na retomada da posse do Rio de Janeiro.

O início da colonização portuguesa

Em 1º de março, Estácio de Sá chegou aos solos cariocas e desembarcou em uma pequena praia (Praia de Fora), localizada entre os morros da Urca e Cara-de-Cão (segundo o geógrafo Delgado de Carvalho, no livro "História da Cidade do Rio de Janeiro", o nome era uma referência devido à forma ser semelhante à cabeça de um lebrel - raça também conhecida como galgo), na área denominada Capoinhas - hoje, o terreno faz parte da Fortaleza de São João, na Urca. A instalação militar começou a ser erguida imediatamente e foi nesse momento em que a cidade recebeu o nome de São Sebastião do Rio de Janeiro. Após uma série de conflitos, os franceses foram expulsos. O crescimento urbana começou longe dali. Inicialmente, o desenvolvimento teve início na Ilha de Paranapuam (onde estavam os últimos franceses) e em Uruçumirim (na atual Praia do Flamengo). Em 1567, o Morro do Descanso (posteriormente, Morro do Castelo, destruído na reforma urbanística realizada em 1921) tornou-se um ponto estratégico na nova cidade. O local foi escolhido devido sua altitude, o que permitia vigiar a entrada da Baía de Guanabara, e pela proximidade com a Ilha de Villegagnon (que passou a ser chamada de Ilha das Palmeiras pelos portugueses). O marco de fundação da cidade foi transferido para uma catedral construída no local - por questão geográfica, seria difícil realizar a expansão a partir da Praia de Fora, pois o terreno, na época, era uma ilha (Ilha da Trindade) - a conexão com o a área de Capocaituba, como a Urca era chamada, aconteceu somente em 1922. O desenvolvimento do Rio de Janeiro aconteceu de forma lenta. Haviam poucas ruas que conectavam o mercado do peixe, no Largo do Paço (atual Praça XV), aos templos religiosos. Nessa épóca, já haviam sido erguidos vários, como a Capela de Nossa Senhora da Conceição e as igrejas de Nossa Senhora do Bonsucesso e de Santa Luzia. Poucos lugares distantes eram habitados, como o Engenho D'el Rey, no local da atual Jardim Botânico, datado de 1576. Em 1599, houve outra tentativa de invasão estrangeira. A expedição holandesa comandada pelo almirante Van Noort, passava pelo litoral brasileiro e teria pedido permissão para desembarcar devido à epidemia de escorbuto a bordo. Os portugueses teriam negado e mesmo assim os viajantes teriam tentado chegar ao solo, o que foi impedido pelos índios e pela Fortaleza de Santa Cruz (ocupada em 1584). No retorno à Holanda, havia somente 45 sobreviventes. Para proteger ainda mais a entrada da Baía de Guanabara, erguidas outras construções militares no entorno do Morro São Januário (antes chamado de Morro do Descanso e posteriormente, do Castelo), como o Forte de São Tiago da Misericórdia (demolido devido à Exposição Internacional Comemorativa do 1º Centenário da Independência, em 1922. Somente uma parte de suas muralhas foi preservada e integra da fachada do Museu Histórico Nacional, com peças de artilharia decorando e indicando a antiga função deles) e a Fortaleza de São Januário (posteriormente rebatizada de Sebastião do Castelo e derrubada no mesma data, com o mesmo propósito) - a região foi posteriormente batizada em referência a essa estrutura. Até a segunda metade do século XVII, pouca coisa mudou na cidade. Foram construídas novas fortificações e igrejas. Foram realizadas algumas intervenções urbanas e outras áreas foram habitadas, como Uacaré Upa-Gua (Jacarepaguá), Guaratiba, Paquetá, Magé e São Gonçalo (que, na época, faziam parte do território do Rio de Janeiro). A região do Centro passou por algumas intervenções urbanas e novas ruas foram abertas. Em 1750, foi construído o Aqueduto da Carioca (os Arcos da Lapa), que levava as águas do Rio Carioca até a região do Centro, onde os moradores reclamam frequentemente de problemas de escassez. Antes, já havia sido erguido outro, em 1719, que ligava o Morro de Santa Tereza ao Campo de Santo Antônio. A obra do mais moderno foi iniciada em 1744 com pedras brasileiras, devido ao alto custo da importação dessa matéria-prima de Portugal. A inauguração, o abastecimento ia até o Convento de Santo Antônio, onde a água saía através de 16 bicas de bronze, instaladas em um chafariz de mármore. Depois, passou a chegar até o Largo do Paço, passando pela Rua do Cano (atual Sete de Setembro). O aqueduto funcionou até 1896, quando foi transformado em viaduto de bondes. Antes da construção do Aqueduto Carioca, a região voltou a sofrer invasões francesas. Em 10 de maio de 1710, o rei Luís XIV autorizou a viagem de uma expedição, comandada pelo corsário Jean-François Duclerc, para atacar a cidade do Rio de Janeiro, por onde era escoado o ouro trazido de Minas Gerais. O grupo chegou na Baía de Guanabara em agosto, com bandeiras inglesas hasteadas como disfarce. No entanto, os portugueses já haviam sido avisados e as fortalezas de Santa Cruz e São João bombardearam as embarcações, que seguiram viagem rumo ao sul, saqueando fazendas e engenhos pelo caminho. Desembarcaram em Jacarepaguá e fizeram o trajeto de volta todo a pé. Ao chegarem na região do Morro do Castelo, os franceses, cansados, se entregaram aos cariocas. Cerca de 400 homens foram mortos, incluindo Duclerc. No ano seguinte, outra expedição francesa, dessa vez comandada pelo corsário René Duguay-Trouin, foi enviada com o mesmo propósito da anterior. A entrada na Baía de Guanabara aconteceu no dia 14 de setembro. Novamente, os portugueses já haviam sido avisados, mas reforçaram a segurança somente do caminho percorrido pelo ouro até o porto. Dessa vez, a tropa era mais forte que a de Duclerc e a chegada foi bem sucedida. Os invasores concentraram-se na Ilha das Cobras (que hoje é território da Marinha) e tomaram posse de muitas riquezas. Foi negociado um resgate e, no retorno à Europa, os franceses levaram os sobreviventes do ataque anterior, que estavam presos. Boa parte dos itens conquistados foram perdidos em naufrágios, já que as embarcações ficaram sobrecarregadas. Somente em 1763 que o Rio de Janeiro, que era a cidade mais povoada do Brasil, passou a receber mais investimentos de Portugal. Nesse ano, o ministro Marquês de Pombal transferiu a sede da colônia para as terras cariocas por causa da importância no escoamento do ouro. A antiga capital, Salvador, era mais moderna e bem equipada, mas o Rio era mais próximo das minas, o que facilitava o transporte. Antes disso, no mesmo ano, o Brasil havia sido elevado de colônia para vice-reino. Apesar do novo patamar da cidade, uma parcela da população começou a se revoltar com a exploração por parte de Portugal, que recebia grande parte das riquezas, enquanto o povo brasileiro continuava em situação de pobreza. Em 12 de maio de 1789, o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi preso em solo carioca, durante uma viagem licenciada. Por ser o único a assumir a responsabilidade sobre a Inconfidência Mineira (movimento surgido em Minas Gerais que pedia a proclamação da República), foi enforcado e esquartejado, três anos depois. A pena em casos semelhantes era de "morte cruel". No entanto, Tiradentes foi poupado disso por ordens da Rainha Maria, que teria ficado traumatizada com uma execução ordenada por seu pai, D. José. Essa teria sido uma das razões que justificam sua instabilidade mental, que deram a ela o apelido de "Maria, a Louca". O discurso de sua sentença foi lido durante 18 horas e o cortejo foi transformado em um espetáculo, que causou efeito contrário na população. O povo, em vez de se intimidar, voltou-se contra os portugueses. Os restos mortais do falecido foram expostos e o local onde penduraram sua cabeça passou a ser conhecido como Praça Tiradentes. Nesse tempo, um grupo de intelectuais planejava a fundação de uma entidade, a Sociedade Literária, baseada nos ideais do Iluminismo, ideal que estava sendo fortemente difundido na Europa. A descoberta disso assustou a monarquia portuguesa, pois caso esses pensamentos se tornassem populares, poderiam trazer à tona uma discussão sobre a República em um momento no qual os brasileiros começavam a questionar o sistema político vigente. Os debates sobre as ideias de Rousseau e Voltaire (cujos livros eram proibidos em território nacional) fizeram com que o vice-rei Conde de Resende ordenasse o fim da Sociedade, em 1794, e a clandestinidade de cada membro. Os envolvidos foram presos e investigados após serem denunciados como conspiradores, mas após dois anos foram inocentados devido à ausência de provas, já que não havia nenhum documento comprovando os encontros. O episódio ficou conhecido como Conjuração Carioca.

A chegada da Família Real

Nos anos seguintes, os acontecimentos na Europa resultaram em uma grande mudança na história do Brasil e, especialmente, do Rio de Janeiro, que era a capital do vice-reino. Devido ao cenário político no velho continente, a Família Real portuguesa foi obrigada a fugir para a região, o que impulsionou o desenvolvimento. Os monarcas fugiram devido ao cenário em que o país se encontrava naquele momento. Em 1801, Portugal foi arrastado para a guerra travada entre a Inglaterra e a Espanha por causa de um acordo firmado com os hispânicos em 1778, que dizia que caso uma das partes fosse atacada, a outra ajudaria. Com isso, a França deixou de reconhecer o país lusitano como neutro, o que havia sido prometido em um acordo assinado entre D. Maria e a imperatriz russa Catarina II, em 1782. A situação de Portugal ficou ainda pior quando foi declarada a paz entre a França e a Espanha. A pressão para se aliar aos dois era forte. No entanto, a Inglaterra ainda exercia forte influência econômica. Em 1801, teve início a guerra entre Espanha e Portugal, que foi derrotado e perdeu uma de suas regiões. Mais tarde, em 1806, após a tropa de Napoleão Bonaparte falhar na tentativa de invasão à Grã Bretanha, foi decretado o bloqueio dos portos dos países sob o domínio francês aos navios ingleses. Portugal negou-se a acatar as exigências (que incluíam a detenção dos cidadãos ingleses e a declaração de uma guerra), o que gerou dúvidas sobre o fim das relações luso-britânicas. Com isso, a França e a Espanha assinaram o Tratado de Fountainebleau, em 1807, que estabelecia a divisão do território português após a conquista. Nessa situação, foi decidida a transferência da Corte para o Brasil. A mudança deixou de ser uma ideia e passou a ser algo concreto após a notícia da prisão do herdeiro do torno espanhol e da proximidade das tropas. No dia 23 de novembro, a edição do jornal "Le Moniteur" trazia uma matéria na qual Napoleão dizia que, em breve, os Bragança deixaria de reinar em Portugal. A Família Real embarcou no dia 27 de novembro e partiu dois dias depois devido às condições climáticas, na véspera da chegada dos franceses a Lisboa. A esquadra, que trouxe cerca de 15 mil pessoas, foi escoltada por navios ingleses. O desembarque aconteceu Salvador, no dia 24 de dezembro. A chegada ao Rio de Janeiro efetuou-se somente em 8 de março de 1808, no Largo do Paço. Os monarcas foram abrigados em prédios no Centro, enquanto os outros portugueses foram espalhados pela cidade em endereços confiscadas - as casas eram marcadas com a sigla "P.R.", que significava "príncipe regente" (em referência ao título de D. João VI, que assumiu o trono em 1792, após sua mãe, D. Maria, tornar-se mentalmente instável), mas foi apelidada pelo povo de "propriedade roubada" ou "ponha-se na rua". A partir de então, muita coisa mudou no Rio de Janeiro. Ainda em 1808, o príncipe regente D. João VI suspendeu o alvará de 1785 que proibia a instalação em indústrias no território brasileiro e abriu os portos às ações amigas. No entanto, apesar da inauguração de fábricas isoladas em todo o Brasil, o desenvolvimento foi aquém do esperado, devido à competitividade dos produtos ingleses, cujas taxas eram inferiores. Independente disso, a cidade cresceu muito devido às novas construções, que passaram a abrigar prédios públicos, novas residências e estabelecimentos públicos. O crescimento acentuou as diferenças sociais e aumentou a diferença dos bairros. O governo também foi reorganizado, com as funções distribuídas aos nobres. Para sustentar o grande número de pessoas que passou a ser sustentado pela Corte, os impostos aumentaram. Entre 1808 e 1820, a receita pública quadruplicou o seu valor e a maior parte do dinheiro era destinada aos pagamentos de pensões e soldos. Com isso, restava pouco para investir em educação, saúde, infra estrutura, etc. Mesmo assim, novas ruas foram abertas, algumas antigas foram alargadas, foram construídos novos chafarizes (que ajudavam no abastecimento), a iluminação pública foi melhorada e houve um avanço na questão do saneamento básico. Apesar dos problemas para a população a vinda da Família Real trouxe muitas inovações ao Brasil, que respingaram no Rio de Janeiro, a capital do vice-reino. Dentre as novidades, pode-se destacar o Banco do Brasil, em 1808; a Escola de Anatomia, Cirurgia e Medicina, também em 1808 (atual Faculdade de Medicina da UFRJ - antes dela, D. João inaugurou a Escola de Medicina da Bahia em sua passagem por Salvador), no Hospital Militar do Morro do Castelo; a Biblioteca Real (que funcionava na Lapa, onde hoje é a Escola de Música da UFRJ - no prédio atual, no qual a instituição funciona com o nome de Biblioteca Nacional, foi erguido em 1910), em 1810; a Imprensa Régia, no mesmo ano, o que permitiu a criação de jornais brasileiros; o Jardim Botânico, em 1811; e o Museu Real, em 1818 (hoje, Museu Nacional). Em 1816, a cidade recebeu a Missão Artística Francesa, que revolucionou a arte no país e propôs o ensino superior dessas técnicas, o que resultou, dez anos depois, na criação da Academia Imperial de Belas Artes (hoje, Escola de Belas Artes da UFRJ). Do prédio original, que era localizado na antiga Travessa do Sacramento (agora, Avenida Passos) e foi demolido em 1938, restou somente a fachada, que encontra-se no Jardim Botânico.

A crise da Monarquia

Entre 1815 e 1821, o Brasil foi elevado de vice-reino a parte integrante do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. A sede era a própria cidade do Rio de Janeiro, capital do Brasil e domicío da Família Real, de onde passaram a ser tomadas todas as decisões. Nesse período, o então príncipe regente D. João VI tornou-se rei de Portugal e imperador titular do Brasil com o falecimento de sua mãe, D. Maria, em 1816. Essa condição teve fim em 7 de setembro de 1822, quando o príncipe real do reino, D. Pedro (que assumiu a posição após o retorno de D. João VI a Portugal, em 26 de abril do ano anterior, devido a pressão do povo português pedindo seu retorno, após os ingleses terem derrotado os franceses) declarou a independência do Brasil e tornou-se o primeiro imperador da região. Sua posição autoritária incomodava os cariocas. A partir de 1829, o jornal Observador Constitucional, fundado por Libero Badarò, denunciava seus excessos. No ano seguinte, em 20 de novembro, Liberò foi assassinado. Muitos acreditaram que o atentado foi encomendado pelo imperador. Com sua morte, o descontentamento da população com seu governo aumentou. Em 13 de fevereiro de 1831, aconteceu o episódio que tornou-se conhecido como Noite das Garrafadas. Quando os portugueses, que eram favoráveis ao governo em questão, preparavam uma festa para recepcionar D. Pedro, que voltava de uma viagem, os brasileiros, descontentes com a situação política e econômica, atacaram com pedras e garrafas. Diante do cenário, o imperador tentou promover a eleição de um ministério formado por brasileiros. A medida não deu certo e as manifestações forçaram sua abdicação, o que aconteceu em 7 de abril. Seu lugar foi ocupado pelo seu filho caçula, D. Pedro II, que tinha apenas cinco anos. Em 1834, através do Ato Constitucional à Constituição de 1824, a cidade do Rio de Janeiro foi elevada à categoria de Município Neutro, que incorporava também Santa Cruz e Paquetá. Com isso, tornou-se a capital do império e Niterói, a capital da província. Com o passar do tempo, o hábito dos cariocas mudou. Agora, o cenário cultural e artístico era outro. Algumas inovações foram inseridas no cotidiano da população, como confeitarias (a primeira confeitaria (a Casa Cavè, datada de 1860 e que continua em funcionamento na loja vizinha à original, que se situava na esquina das ruas de Trás de São Francisco de Paula com da Vala - atuais Sete de Setembro e Uruguaiana. Hoje, o imóvel original é ocupado pela também tradicional Confeitaria Manon, que manteve o letreiro da pioneira), bares (o mais antigo é o Bar Luís, inaugurado em 1887 com o nome de "Zum Schlauch), casas de jogos, salões de beleza, etc. Paralelamente, o Rio de Janeiro, como centro político, tornava-se palco de movimentos abolicionistas e republicanos. Em 13 de maio de 1888, a Lei Áurea foi aprovada com 85 votos favoráveis e 9 contrários e sancionado pela Princesa Isabel (que assumiu o trono após seu pai, D. Pedro II, se afastar por motivos de saúde e ir para a Europa se tratar), no Paço Imperial. Sua ação deu início ao fim da monarquia, pois os proprietários de fazendas, ao perderem sua mão-de-obra sem receber indenização, passaram a defender a República. Diante do cenário político no Brasil inteiro, essa classe era uma das únicas que ainda defendiam o Império, que passava por uma crise após a Guerra do Paraguai (1864 - 1870). Em 15 de novembro do ano seguinte, um levante político-militar instaurou a república. Estava criada a República Federativa do Brasil, com o Rio de Janeiro (ainda como município neutro) como capital. A ação em aconteceu na Praça da Aclamação (hoje chamada de Praça da República ou Campo do Santana) dois dias antes do previsto, após os revolucionários (grupo de republicanos que defendiam a luta armada) visitarem a casa do marechal Deodoro da Fonseca, que os acompanhou até o quartel onde hoje se situa o Palácio Duque de Caxias e convidar os soldados a se rebelarem contra o governo. A manifestação continuou até o Paço Imperial e os conspiradores ocuparam o quartel general e o Ministério da Guerra. O presidente do Gabinete, Visconde de Ouro Preto, teria ordenado que responsável pela segurança da local, general Floriano Peixoto, enfrentasse os invasores com as tropas presentes, mas seu pedido foi negado por Peixoto, que ordenou voz de prisão ao seu chefe de governo. A República foi proclamada naquela mesma tarde, na Câmara Municipal. A província do Rio de Janeiro foi transformada em estado e a cidade continuou como Município Neutro.

A instalação da república recém-proclamada e as revoltas contra o governo

No início do período republicano, o Rio de Janeiro sofreu nova ameaça de bombardeio no episódio conhecido como Revolta da Armada, que aconteceu por causa das ações tomadas pelo primeiro presidente eleito, o marechal Deodoro da Fonseca. Após sua participação naquele 15 de novembro, ele foi nomeado chefe do Governo Provisório instalado e, por isso, definiu que governaria de maneira republicada até a realização de uma Assembleia Nacional Constituinte. Em seu governo provisório, Fonseca foi o responsável por mudanças radicais, como a censura aos meios de comunicação e a consequente fim da liberdade de imprensa; a separação da Igreja e do Estado, fazendo do Brasil um país laico; a institucionalização do casamento civil, anulando as finalidades jurídicas do matrimônio religioso; entre outras medidas que desagradaram a população.. Além disso, o então ministro da Fazenda Rui Barbosa realizou uma reforma econômica, com o objetivo de transformar o país agrário em uma nação industrializada - o que incomodou os fazendeiros que cultivavam café, o que era a base da economia até então. Nessa mudança, ele autorizou os bancos a emitirem moeda sem lastro, o que provou uma forte inflação. Mesmo com a grave crise econômica, ele foi eleito o primeiro presidente da República pelo Congresso Constituinte, em 1890 após, votações indiretas em todos os estados. Sua vitória se deve ao temor de que ele desse outro golpe militar e fechasse o Congresso caso não fosse o mais votado e restaurasse a monarquia, regime que era apoiado por ele, apesar dele ter liderado o grupo republicano no dia da proclamação. Por causa disso, ele iniciou seu mandato sob forte pressão da instituição - que tentou aprovar uma lei que diminuía os poderes do presidente, a fim de frear as mudanças que tanto desagradavam - e do povo, que estava insatisfeito com a economia. Em resposta, Fonseca fez o que era temido: ele dissolveu o Congresso e ordenou a prisão de líderes oposicionistas. Como resposta, em 23 de novembro de 1891, o contra-almirante Custódio de Melo ameaçou bombardear a cidade caso o presidente não renunciasse. Ele atendeu às exigências e o cargo foi assumido pelo vice, Floriano Peixoto, que apoiou a proposta de Melo. Mais tarde, em 1894, houve outro episódio também chamado de Revolta da Armada (este segundo é o que costuma se associado ao nome do acontecimento, apesar de ser citado em inúmeros estudos como "a segunda Revolta da Chibata", sendo o evento de 1891 a primeira), no qual diversas embarcações da Marinha trocaram tiros com algumas fortificações de Niterói (que era a capital do estado do Rio de Janeiro, título que foi concedido a Petrópolis até 1903) contra o governo de Peixoto, que, de acordo com a constituição, deveria convocar novas eleições, já que o mandato de Fonseca fora inferior a dois anos. Em pouco tempo, Peixoto controlou os revoltosos. Na virada do século, após o período político turbulento inicial da República, outra movimentação, dessa vez popular, entrou para a história da cidade: a Revolta da Vacina. Na época, diversas doenças tornaram-se endêmicas e o governo tentava, em vão, erradicá-las. A população revoltava-se a cada tentativa. O episódio em questão, que aconteceu entre 10 e 16 de novembro de 1904, foi desencadeada pela campanha obrigatória de prevenção sobre a varíola, realizada de forma violenta após a aprovação da Lei da Vacina Obrigatória, de 31 de outubro. Muitas casas eram invadidas e seus moradores, vacinados a força. Além disso, grande parte da população desconhecia a importância da ação, o que provocava medo. A falsa notícia de que as mulheres deveriam exibir suas partes íntimas para os agentes de saúde aumentaram a ira do povo, que passou a depredar bens públicos, como bondes e postes. No dia 16, a obrigatoriedade foi suspensa e a cidade entrou em estado de sítio. A rebelião deixou 30 mortos e 110 feridos. Centenas de manifestantes foram presos e muitos foram deportados para o Acre. Além dos problemas envolvendo a saúde dos cariocas, a cidade enfrentava graves problemas sociais devido ao grande aumento populacional rápido. Com a proibição do trabalho escravo, o Rio de Janeiro recebeu muitos imigrandes europeus e pessoas que eram escravizadas em outras regiões, que buscavam oportunidades de trabalho. No Centro, multiplicavam-se as moradias coletivas, com condições de higiene precárias. Para adequar a cidade ao título de capital do Brasil, o prefeito Pereira Passos (que assumiu o cargo entre 1902 e 1906) promoveu uma grande reforma urbana, na qual foram construídas grandes avenidas (como as avenidas Maracanã, Francisco Bicalho, Rodrigues Alves, Beira-Mar e Central - hoje, Rio Branco) e novos prédios, que ocupavam os lugares dos antigos cortiços. O projeto foi inspirado na obra semelhante que ocorreu em Paris, entre 1853 e 1870. Uma das mudanças mais marcantes desse período é a construção de diversos prédios que compõe a Cinelândia (apelido posteriormente atribuído ao espaço próximo da até então chamado de Praça Ferreira Viana devido à existência de dez cinemas ao projeto do empresário Francisco Serrador de transformar a área em uma "Broadway brasileira" usando as salas para atrair o comércio): o Theatro Municipal, o Museu Nacional de Belas Artes, a Biblioteca Nacional e o edifício do Supremo Tribunal Federal (atual Centro Cultural Justiça Federal) foram erguidos nesse período. A geografia da cidade permitiu que a população expulsa de suas residências continuasse perto de seus locais de trabalho, ocupando os morros. As novas casas eram feitas da madeira da demolição das antigas moradias e contrastavam com as novas edificações. Paralelamente, o Governo Federal investia na modernização da zona portuária. Comemorando o centenário da abertura dos portos às nações amigas, o bairro da Urca sediou a Exposição Nacional Comemorativa do 1º Centenário da Abertura dos Portos do Brasil. Entre 28 de janeiro e 15 de novembro de 1908, foram expostos bens naturais e produtos manufaturados em prédios construídos especialmente para o evento e que levavam o nome de cada estado. O objetivo do encontro era apresentar essa nova capital, remodelada após as obras de Pereira Passos, às autoridades mundiais. Somente três construções dessa comemoração resistiram até os dias atuais: os pavilhões dos Estados (atual Companhia de Pesquisa de Recursos Mineirais e Museu de Ciências das Terras), do Estado de Minas Gerais (completamente descaracterizado e onde hoje funciona a Escola Munipal Minas Gerais) e das Máquinas (no qual funciona a Escola de Teatro da Uni-Rio), todos na Avenida Pasteur. Durante essa mostra, foi idealizado um mirante no topo do morro Pão-de-Açúcar, conhecido até então apenas por quem o escalava. O projeto, O projeto, idealizado pelo engenheiro Augusto Ferreira Ramos (que foi o responsável pela exibição), era considerado inviável pelos outros profissionais da área e previa a conexão, por cabos suspensos, da Praia Vermelha ao Morro da Urca e dele ao Pão-de-Açúcar e ao Morro da Babilônia, no Leme. Diante das dificuldades, Ramos conseguiu o apoio de famílias ricas e em 1910, iniciou as obras para levar a população ao local. A única alteração no projeto original é que o trecho até o Morro da Babilônia foi vetado pelo Ministério da Guerra, que alegava segurança nacional devido à proximidade com o Forte do Vigia, que começava a ser erguido no Morro do Leme, vizinho ao local onde a estação seria inaugurada. Parte dos materiais foram levadas ao topo do morro por operários alpinistas, que carregavam tudo nas costas. Lá em cima, esses itens levados foram usados para montar um guincho. Quatro toneladas de materiais foram transportadas pelos operários, que escalavam o morro levando os itens que seriam utilizados nas costas. Paralelamente, outra equipe seguiu pela mata até a base do Pão-de-Açúcar, levando um cabo de aço. Os trabalhadores do primeiro grupo montaram um guincho e puxaram a ponta deste cabo, lançada do alto do morro para baixo e arrastada para o sope do Morro da Babilônia. Assim, foi inaugurado o elevador de carga, que levou as outras peças. Os bondinhos, de madeira maciça, foram içados com talhas e um guindaste Nesse ano, o Rio de Janeiro voltou a ser palco de uma nova revolta. Dessa vez, milhares de marinheiros rebelaram-se contra os castigos físicos recebidos (e autorizados por um decreto publicado no Diário Oficial um ano após a proclamação da República). O conflito estava marcado para acontecer dez dias após a posse do presidente eleito Hermes ds Fonseca, mas foi antecipado devido à punição recebida por um dos envolvidos, que recebeu 250 chibatadas por levar cachaça a bordo e ferido um dos tripulantes. O primeiro motim, no Encouraçado Minas Geraes (de acordo com a grafia da época), aconteceu na noite de 22 de novembro. Os oficiais foram rendidos e os marinheiros perderam o controle sobre a situação, o que resultou na morte de sete pessoas. Ainda naquela noite, outras navios de guerra aderiram ao movimento: os encouraçados São Paulo e Deodoro e o cruzador Bahia, além das outras embarcações menores. Na manhã seguinte, os marinheiros deram um ultimato ao fim das chibatadas, sob a ameaça de bombardear a cidade. Tiros de canhões foram dados em direção do Palácio do Catete, que era a sede do Governo Federal. A partir disso, a esquadra saiu da Baía de Guanabara, para evitar ser atingida pelas fortificações em seu entorno, mas mantiveram-se próximas a fim de atacar, caso fosse necessário. No entanto, os navios que não participaram da revolta (quase todos contratorpedeiros, que são rápidos e faziam a escolta de barcos maiores) atiraram contra eles. Somente o encouraçado Deodoro foi atingido. No dia 26, as reivindicações foram aceitas e os participantes, anistiados, o que gerou fortes críticas por parte da mídia. No outro dia, o Ministro da Marinha, Marques de Leão, ordenou que os navios fossem desarmados, o que gerou a desconfiança dos marinheiros. O líder da revolta, João Cândido (que ficou conhecido como Almirante Negro, imortalizado na música "O Mestre Sala dos Mares", composta por João Bosco e Aldir Blanc e sucesso na voz de Elis Regina), foi obrigado a entregar os nomes de 25 participantes. Após uma série de punições, aconteceu outro levante, dessa vez na Ilha das Cobras. Dos aproximadamente 700 homens (cerca de 300 presos e 300 fuzileiros navais), somente 60 sobreviveram - entre eles, João Cândido, que foi internado no Hospital dos Alienados no ano seguinte e julgado e absolvido em 1912. Em 27 de outubro de 1912, foi inaugurado o primeiro trecho do caminho aéreo que levaria às pessoas ao alto do morro Pão-de-Açúcar. A obra fora realizada pela empresa Caminho Aéreo Pão-de-Açúcar (criada especialmente para essa finalidade) e foi a primeira intervenção na cidade voltada para o turismo. Nesse dia, 577 pessoas pagaram 2 mil réis e subiram no novo mirante, conduzidas pelo "Camarote Carril" (nome original do transporte entre os morros - o apelido "bondinho" surgiu devido à semelhança com os bondes que circulavam na cidade), construído de madeira. O trajeto Morro da Urca - Pão-de-Açúcar passou a funcionar em 18 de janeiro do ano seguinte e foi feito com a mesma técnica adotada anteriormente - uma equipe escalou o costão com os equipamentos e outra seguiu pela mata entre as duas rochas. No primeiro dia, 449 visitantes subiram no ponto mais alto do passeio.

A Revolta dos 18 do Forte de Copacabana e as mudanças urbanas

Em 1922, o Rio de Janeiro foi novamente palco de mais uma revolta militar, dessa vez, chamada de 18 do Forte e cujo cenário era Forte de Copacabana. O interesse dos participantes era pôr fim à república velha, governada pela "política do café-com-leite" (na qual os paulistas e mineiros se alternavam na presidência) após cartas supostamente assinadas pelo candidato Arthur Bernardes tornarem-se públicas. No material, o futuro presidente ofendia o Exército e o então presidente do Clube Militar, Marechal Hermes da Fonseca (o mesmo responsável pela construção da fortificação), que foi preso. O episódio gerou sentimento de revolta principalmente nos jovens tenentes, que se reuniram no local para lutar contra a situação política do país. As reivindicações incluíam o fim do voto de cabresto e a reforma no sistema educacional. Na ocasião, a fortificação atirou no Forte do Leme (posteriormente chamado de Forte Duque de Caxias), no outro extremo da praia, e foi atingida pela a Fortaleza de Santa Cruz, localizada em Niterói. No início, eram 301 revolucionários. Acuado pelos bombardeios, o então capitão Euclides Hermes convocou todos a deixarem o local. Ele foi preso e apenas 28 continuaram junto com o tenente Antônio de Siqueira Campos. Esses dividiram a bandeira do Brasil em 28 partes (alguns pedaços podem ser conferidos no Museu Histórico do Exército) e marcharam pela Avenida Atlântica, cientes de que iriam morrer (um dos participantes, o Ten. Mário Tamarindo Carpenter, escreveu uma carta aos seus familiares cerca de uma hora antes de saírem do forte, na qual se despedia deles). Após o início do tiroteio, somente 17 militares, juntos com o civil Octávio Correâ, seguiram até a Rua Barroso (atual Siqueira Campos). O grupo foi derrotado no local. Somente Siqueira Campos e o brigadeiro Eduardo Gomes sobreviveram, o que um provocou um enorme desejo de mudança na população: o povo passou a querer o progresso. Somente na Revolução de 1930 a situação política no Brasil alterou-se, quando o gaúcho Getúlio Vargas tornou-se presidente. Ainda em 1922, o Rio de Janeiro sediou a Exposição Internacional Comemorativa do 1º Centenário da Independência, realizada devido ao sucesso da de 1908. Dessa vez, o local escolhido foi o ocupado pelo Morro do Castelo, que foi demolido para dar espaço às novas construções. Ela foi inaugurada em 7 de setembro e encerrada em julho de 1923. Foi a maior mostra já realizada no Brasil e contou com a participação de diversos países. A proposta inicial era apresentar a evolução do país nesses cem anos, mas a comemoração gerou o interesse de várias nações, que foram integradas à ideia. Das construções, restaram somente os pavilhões da França (atual Academia Brasileira de Letras), da Estatística (agora, Centro Cultural da Saúde), da Administração e do Distrito Federal (hoje, Museu de Imagem e do Som), das Grandes Indústrias (o prédio já existia desde a época da Fortaleza de São Tiago da Misericórdia e foi adaptado para a mostra. Desde então, é onde funciona o Museu Histórico Nacional). Ela foi inaugurada em 7 de setembro e encerrada em julho de 1923 e ficou concentrada entre a Ponta do Calabouço (nomeada dessa forma devido à Prisão do Calabouço, para escravos faltosos, localizada no interior da Fortaleza de São Tiago da Misericórdia - onde hoje se situa o Museu Histórico Nacional) e Palácio Monroe (o prédio foi construído para um evento semelhante, a Exposição Universal de Saint Louis, nos Estados Unidos, em 1904. Era chamado de Pavilhão do Brasil e toda a estrutura foi remontada na Avenida Rio Branco, onde hoje há um chafariz, na esquina com a Avenida Beira-Mar. Seu nome foi alterado em homenagem ao presidente norte-americano James Monroe. Foi demolido em março de 1976 e, nesse período, sediou a Câmara dos Deputados e o Senado Federal). Ainda em 1930, o Rio de Janeiro recebeu a primeira proposta de reforma urbana com preocupações modernas. O Plano Agache, encomendado pelo prefeito Antônio Prado Junior ao arquiteto Alfred Agache, trouxe à realidade carioca questões típicas de uma cidade industrializada, como o transporte de massas e melhorias na integração de outras regiões (zonas sul e norte) ao Centro, incluindo as áreas rurais. Essa proposta trouxe a primeira discussão sobre a construção de uma rede de metrô, o que foi feito somente na década de 1970. Apesar de não ter sido efetivamente realizado, serviu de base para futuras reformas, como as feitas durante os mandatos do prefeito Henrique Dodsworth (1937 - 1945). Ele foi o responsável pela abertura de importantes vias, como as avenidas Brasil e Presidente Vargas, pelo o início do desmonte do Morro de Santo Antônio e pela construção do Aeroporto Santos Dumont, no chamado Aterro do Calabouço. Em 1946, a escolha do Brasil para ser o país sede da Copa do Mundo trouxe uma grande novidade ao Rio de Janeiro. O torneio, que aconteceu em 1950, foi o primeiro campeonato internacional da Fifa desde 1938 - todas as edições da década seguinte foram canceladas por causa da Segunda Guerra Mundial. Para a competição, foi erguido o Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã, que, na época, era o maior do mundo, com capacidade para 200 mil pessoas e que foi o cenário de oito partidas, entre elas, a final, na qual o Brasil perdeu para o Uruguai.

A construção do Cristo Redentor e do Maracanã

O Rio de Janeiro continuou como capital federal até 1960, quando ela foi transferida para Brasília, recém-construída na região Centro-Oeste. Nesse tempo, a cidade sediou diversas situações, como o atentado na Rua Tonelereros, em 1954, no qual o jornalista Carlos Lacerda foi baleado, segundo ele, por ordens diretas do Palácio do Catete e o suicídio de Vargas, no ano seguinte. Com a inauguração de Brasília, o então município-neutro foi elevado à categoria de cidade-estado e recebeu o nome de Guanabara. O primeiro governador, José Sette Câmara Filho, foi escolhido pelo presidente da República, Juscelino Kubitchesk e ficou no cargo até 5 de dezembro de 1960, quando ele foi ocupado por Carlos Lacerda, o jornalista que havia sido ferido a bala. Durante o governo de Lacerda, novas obras importantes foram realizadas, como o alargamento da Praia de Copacabana (realizado com os sedimentos oriundos do desmonte do Morro de Santo Antônio), a abertura do Túnel Rebouças e a construção do Aterro do Flamengo. O estado da Guanabara chegou ao fim em 15 de março de 1975, durante a presidência do coronel Ernesto Geisel. O território foi fundido ao Rio de Janeiro (estado) e Niterói deixou de ser a capital fluminense, voltando à divisão política anterior à criação do município-neutro. Em 1976, a cidade passou a sediar a maior festa de réveillon do Brasil, na Praia de Copacabana. A comemoração já acontecia, de forma menor, desde a década de 1950. Na época, pequenos grupos de religiões de origem africana reuniam-se para seus rituais festivos, vestindo roupa branca e com oferendas a Iemanjá. Com o passar do tempo, o número de religiosos e curiosos começou a aumentar até que, alguns hoteis da orla se organizaram e promoveram a primeira queima de fogos, que se tornou uma grande atração. Cerca de 15 anos depois, o evento, que reunia milhões de moradores e turistas, passou a ser organizado pela prefeitura. Atualmente, são montados vários palcos simultâneos, com shows que são atrações extras da grande celebração, que atrai milhões de pessoas ao Rio todo ano. Nove anos depois, a construção do "Sambódromo" deu outra cara ao Carnaval carioca. Oficialmente chamada de Passarela Professor Darcy Ribeiro (após ser batizada de Avenida dos Desfiles e, posteriormente, ter seu nome trocado para Passarela do Samba, antes de, em 1987, ter sua nomenclatura alterada), o mentor da obra e autor do nome popular, a estrutura foi projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Antes, os desfiles aconteciam geralmente na Avenida Presidente Vargas, mas fatores como obras nos logradouros faziam com que eles fossem transferidos para outros locais, como o Estádio São Januário, em 1945, e a Avenida Presidente Antônio Carlos, em 1974. Desde 1978, a festa já era realizada na Rua Marquês de Sapucaí, lugar para onde o então governador Leonel Brizola encomendou a estrutura, montada com peças pré-moldadas de concreto. Ao longo dos seus 700m, o "Sambódromo" hoje tem capacidade para mais de 75 mil pessoas (número contabilizado após a reforma 2011/2012, que reconstruiu um dos seus lados) - muito mais que o público que assistia as escolas de samba nas arquibancadas montadas anualmente. No fim da ditadura militar, a cidade do Rio de Janeiro voltou a se destacar no panorama político nacional. Em 10 de abril de 1984, 1 milhão de pessoas reuniram-se em frente à Igreja da Candelária para reivindicar eleições presidencias (que não aconteciam há vinte anos devido um golpe militar). Foi a maior manifestação popular na história do Brasil, superada seis dias depois por um encontro com o mesmo propósito nem São Paulo. O acontecimento fez parte do movimento Diretas Já, que, entre 1983 e 1984, foi responsável pela realização de diversos protestos e que, por isso, teve papel crucial na redemocratização do país, em 1985. Outro acontecimento importante foi a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, popularmente conhecida como Rio-92 ou Eco-92, entre 3 e 14 de junho de 1992. Foi a primeira reunião internacional após o fim da Guerra Fria, em 1991, além de ser o maior encontro global realizado até então, e contou com a presença de 175 delegações. O objetivo era debater uma maneira de conciliar o crescimento dos países com a proteção e a conservação dos ecossistemas. Apesar da iniciativa, o encontro foi marcado pela ausência de propostas concretas. No entanto, muitas das pautas foram discutidas posteriormente, como na conferedência realizada em 1997 na cidade japonesa de Kioto, da qual resultou o procotolo homônimo. Vinte anos depois, o Rio de Janeiro sediou a Rio+20, uma convenção para discutir a manutenção dos compromissos firmados na Rio-92. Nos últimos anos, o Rio de Janeiro recebeu outros eventos importantes. No âmbito esportivo, foi a sede dos Jogos Pan-Americanos, em 2007. Alguns dos jogos da Copa das Confederações, em 2013, foram realizados no recém-reformado Maracanã, assim como está programado o acontecimento de partidas da Copa do Mundo de 2014. Em 2016, será o local da XXXI Olimpíada. Na música, voltou a ser o palco do festival Rock In Rio, após algumas edições na Europa. Ainda em 2013, irá receber a Jornada Mundial da Juventude, a primeira solenidade internacional após a posse do Papa Francisco. Em 1 de julho de 2012, a cidade tornou-se o primeiro centro urbano a receber o título de Paisagem Cultural Urbana, da Unesco. O Rio de Janeiro recebeu a denominação devido à harmonia entre as intervenções urbanal e suas paisagens naturais.

Fonte: CARVALHO, Delgado de, 1926. História da Cidade do Rio de Janeiro. 2ª edição. Rio de Janeiro: Biblioteca Carioca, 1990. 131 páginas. SN. Forte de Copacabana: um dos marcos iniciais do sucesso de um bairro. Jornal Posto Seis, Rio de Janeiro, julho/2012, páginas 22 - 23. MITIERI, Jorge. Um caminho turístico pelas histórias, estórias e lendas do Rio de Janeiro: a educação como aprimoramento para o guia de turismo. Rio de Janeiro: Universidade Cândido Mendes - Pós Graduação "Lato Senso Projeto Vez do Mestre, 2004. 91 páginas. THEVET, André, 1558. Singularidades da França Antarctica: a que outros chamam de America. SL: Companhia Editora Nacional, 1944. 503 páginas. In: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/hrcrono.htm#indi In: http://jchistorybrasil.webnode.com.br/descobrimento-e-periodo-pre-colonial-1500-1530-/ In: http://www.lncc.br/peldguanabara/guanabara.php In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ba%C3%ADa_de_Guanabara In: http://www.circuitomt.com.br/flip/398/files/assets/downloads/page0014.pdf In: http://www.infoescola.com/historia-do-brasil/franca-antartica/ In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Invas%C3%B5es_holandesas_no_Brasil In: http://rio-curioso.blogspot.com.br/2008/01/morro-do-castelo.html In: http://fortalezas.no.comunidades.net/index.php?pagina=1750644048_11 In: http://www.maisrio.com.br/artigo/718_a-invasao-do-corsario-jean-francois-duclerc-1710.htm In: http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/o_rio_sequestrado_imprimir.html In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tiradentes In: http://www.historiabrasileira.com/brasil-colonia/conjuracao-carioca/ In: http://guerras.brasilescola.com/seculo-xvi-xix/a-guerra-das-laranjas.htm In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Fontainebleau_(1807) In: http://www.grupoescolar.com/pesquisa/a-vinda-da-familia-real-ao-brasil-em-1808.html In: http://oglobo.globo.com/rio/dois-seculos-apos-chegada-da-familia-real-monumentos-guardam-historias-dos-tempos-da-nobreza-7792385 In: http://historiacomvinicius.blogspot.com.br/2010/09/revogacao-do-alvara-de-1785-1808.html In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Transfer%C3%AAncia_da_corte_portuguesa_para_o_Brasil In: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/reino-unido-a-portugal-e-algarves-por-que-o-brasil-foi-elevado-a-reino-unido.htm In: http://educacao.uol.com.br/biografias/libero-badaro.jhtm In: http://www.brasilescola.com/historiab/a-noite-das-garrafadas.htm In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Abdica%C3%A7%C3%A3o_de_Dom_Pedro_I In: http://www.marcillio.com/rio/hiimiirt.html#mun In: http://www.ugt.org.br/NoticiasZoom.asp?RecId=2746&RowId=ba0a0000&Tipo= In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_%C3%81urea In: http://proclamacaorepublicaportal.wordpress.com/ In: http://www.historiadobrasil.net/resumos/revolta_da_vacina.htm In: http://www.arquitetonico.ufsc.br/a-reforma-urbana-de-pereira-passos-no-rio-de-janeiro In: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=827148 In: http://vintenove.comunidades.net/index.php?pagina=1556614453_04 In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_da_Chibata In: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=837422 In: http://planourbano.rio.rj.gov.br/ In: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1501939 In: http://www.brasil.gov.br/linhadotempo/epocas/1950/brasil-selecao-campea-uruguai In: http://www.unificado.com.br/calendario/08/toneleros.htm In: http://www.achetudoeregiao.com.br/rj/rio_de_janeiro/guanabara.htm In: http://cafepalheta.com.br/blog/reveillon-a-historia-da-festa-de-ano-novo-na-praia-de-copacabana/ In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Diretas_J%C3%A1 In: http://www.infoescola.com/historia/diretas-ja/ In: http://www.riodejaneiroaqui.com/carnaval/sambodromo-rio.html In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Samb%C3%B3dromo_da_Marqu%C3%AAs_de_Sapuca%C3%AD In: http://ambientes.ambientebrasil.com.br/gestao/artigos/conferencia_das_nacoes_unidas_sobre_meio_ambiente_e_desenvolvimento_-_eco-92.html In: http://pt.wikipedia.org/wiki/ECO-92 In: http://www.rio.rj.gov.br/web/guest/exibeconteudo?id=4203385

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