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Gávea


Praça Santos Dumont, na Gávea
Praça Santos Dumont

A Gávea é um bairro tradicional da zona sul carioca. De dia, atrações como o Jockey Club e o Planetário atraem cariocas e turistas. Durante a noite, os bares são o programa favorito de muitas pessoas. Lembrado também pelas diversas salas de teatro, o bairro possui uma história rica em detalhes culturais, que passam despercebidos por quem não a conhece. A região foi batizada devido a um marco geográfico que, apesar do nome, não fica na própria vizinhança. Quando os portugueses chegaram ao Rio de Janeiro, na metade do século XVI, batizaram o monte que os índios chamavam de Metaracanga como Pedra da Gávea, devido à semelhança com esta parte das embarcações. Isso acabou servindo de referência para toda a área até a Lagoa dos Socós (posteriormente renomeada como Lagoa Rodrigo de Freitas). O bairro se situa na antiga região de Piraguá, batizada pelos indígenas por causa da tribo que vivia nas localidades e, com o passar dos anos, passou a ser conhecido como o jardim da Gávea. Com a fundação da cidade, o bandeirante André de Leão tornou-se o primeiro proprietário das terras, ao ganhar do fundador da cidade, Estácio de Sá, uma carta de sesmaria. Sua propriedade abrangia até a área de Sacopenapã (Copacabana). Como todo o entorno do espelho d'água, a origem do povoamento aconteceu devido ao Engenho D'El Rey, uma das primeiras partes habitadas fora do Centro da cidade e que se situava onde hoje é o Jardim Botânico. Com o fim do negócio, o terreno foi comprado por Sebastião Fagundes Varela, em 1608. Até 1808, foi herdado pelas gerações seguintes até sua bisneta, Petronilha, casar com Rodrigo de Freitas Castro e Mello, que voltou à Portugal e deixou suas posses para seu filho, Rodrigo de Freitas. Com a chegada da família real, o príncipe regente desapropriou todo o entorno da Lagoa para a construção de uma fábrica de pólvora. As terras que não o interessavam foram cedidas e divididas em grandes chácaras, o que atraiu a elite carioca, que começou a construir propriedades para fixarem moradia ou apenas para passarem uma temporada, principalmente no entorno do Caminho da Boa Vista (atual Rua Marquês de São Vicente), o principal acesso à localidade. Com o início do ciclo do café, uma grande fazenda se instalou nos terrenos que, depois, foram transformados no Parque da Cidade. Conhecida como Chácara do Morro Queimado, era a maior da região. Seus limites iam até a Vista Chinesa e, em 1858, a área foi comprada pelo político José Antônio Pimenta Bueno, o Marquês de São Vicente, que nomeia a principal da localidade. Bueno fixou ali sua residência de verão e há indícios de que até o imperador D. Pedro II visitou a imponente propriedade. Outra terra importante era a Chácara da Olaria, onde o arquiteto Grandjean de Montigny, que veio ao Brasil através da missão artística promovida pelo regente D. João VI, ergueu sua residência, que tornou-se o principal exemplo de adaptação da arquitetura neoclássica ao clima tropical. Há indícios de que a casa teria sido construída por cima das ruínas da primeira construção de origem europeia em toda a Gávea: a residência de André de Leão, o primeiro proprietário. O solar foi preservado e, atualmente, integra o campus da universidade Puc- Rio. Até 1873, a localidade fazia parte da povoação de São José da Lagoa. Nesse ano, ela deu origem à freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Gávea. O nome era o mesmo da igreja erguida ali entre 1852 e 1856, no próprio Caminho da Boa Vista, pelo capitão Manuel dos Anjos Vitorino do Amaral. A construção ainda existe e seu atual endereço é Rua Marquês de São Vicente, 19. Um dos vigários da paróquia era o monsenhor Francisco Martins do Monte, que era um dos acionistas da Botanical Garden Rail Road Company (depois renomeada como Companhia Ferro-Carrol do Jardim Botânico). Por isso, a primeira linha de bonde chegou à zona sul passando pela Gávea. Puxados por burros, os transportes demoravam cerca de uma hora de lá ao Centro, o que aumentou a procura pela localidade. Com o fim da monarquia, a nobreza migrou para outras localidades e a Gávea passou a ser o endereço de muitas fábricas de tecido, como o Cotonifício São Felix, e suas vilas operárias. A concentração desses estabelecimentos era tão grande que, em 1 de maio de 1918, o bairro foi apelidado de "Gávea Vermelha" devido a uma greve de todas as indústrias da zona sul. A mídia criou essa nomenclatura em referência aos núcleos de funcionários com ideias marxistas, semelhantes aos dos bolcheviques russos que lideraram a revolução de 1917. Em 1926, a construção de um hipódromo começou a mudar o perfil dos frequentadores da Gávea. Até então, o bairro era povoado pelos trabalhadores. A partir dessa data, a elite voltou a querer morar na localidade. Atualmente, as instalações do Jockey Club Brasileiro passaram a ser reconhecidas mundialmente como referência no ramo, sediando competições nacionais e internacionais. A partir de 1933, a Gávea tornou-se cenário das perigosas e emocionantes corridas do Grande Prêmio Cidade do Rio de Janeiro, que atraíam um grande público para assistir os corredores se aventurando nos 11km do trajeto do Circuito da Gávea, apelidada de "Trampolim do Diabo" por cruzar os trilhos do bonde que ligavam bairro ao Jardim Botânico, fazendo os carros escorregarem. A importância dessa atividade foi tão grande na época que graças a esse trajeto, o automobilismo brasileiro entrou no calendário internacional do esporte. A largada acontecia em frente à casa de Grandjean de Montigny. O trajeto continuava pela Rua Marques de Abrantes e, em seu término, os competidores entravam na Rua Visconde de Albuquerque, no Leblon, onde iam até a Avenida Niemeyer, o trecho mais difícil da competição. Após a chegada em São Conrado, os competidores voltavam pela Estrada da Gávea (atualmente situada inteiramente dentro da Rocinha), onde encontravam grande grau de dificuldade devido aos desníveis, até chegar ao ponto de partida. A prova era concluída após o percurso ser repetido diversas vezes. Pouco tempo depois, em 1938, foi inaugurado o Estádio José Bastos Padilha, mais conhecido como Estádio da Gávea (que, apesar do apelido, fica no Leblon). De propriedade do Clube de Regatas do Flamengo, foi batizado em homenagem ao presidente do clube na época. Um dos episódios mais conhecidos foi a final do Campeonato Carioca de 1941. Na ocasião, o Flamengo precisava vencer o Fluminense, mas começou o jogo perdendo, para a alegria da torcida rival. No entanto, para a surpresa de todos, o atacante Pirillo marcou dois gols, conseguindo um empate e ameaçando a taça do time rival. Com isso, a torcida tricolor passou a chutar todas as bolas no interior da Lagoa Rodrigo de Freitas (que, na época, ainda não tinha sido aterrada e beirava o estádio), com o intuito de encerrar a partida devido à ausência delas. Para contornar a situação, o time de remo do Flamengo entrou na água e retirou as bolas, o que não foi suficiente para conquistar o gol de virada. A estrutura foi muito usada até a década de 1960, quando parte dela foi demolida para a abertura da Rua Mário Ribeiro, que visava melhorar o fluxo de veículos entre a Lagoa e a Barra. Atualmente, a capacidade em suas arquibancadas é de 8 mil pessoas. Nesse período, a antiga Chácara do Morro Queimado foi vendida pela engenheiro Eduardo Guinle (que, em 1939, era o proprietário) à prefeitura, que criou ali o Parque da Cidade, com 470 mil metros quadrados de área verde. Lá, existem gramados, lagos e trilhas, aém de um trecho da Floresta da Tijuca. Mais tarde, em maio de 1941, a antiga residência do Marquês de São Vicente, o Solar de Santa Marinha (batizado dessa forma em referência ao morador Antônio Teixeira Rodrigues, o Conde de Santa Marinha) recebeu temporariamente o acervo do Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro, que possui peças de grande valor para a história da cidade. Os itens foram mantidos lá setembro de 1942, quando foram transferidos para o Centro de Recreações da Prefeitura, na Praça Cardeal Arcoverde, em Copacabana (atual Teatro Gláucio Gill). Após seis anos, a coleção voltou à Gávea, onde ainda permanece. Ainda em 1942, os moradores da Favela da Memória, no Leblon, passaram a ser transferidos para o Parque Proletário da Gávea, com a promessa de casas de dois quartos com vista para a mata, em vizinhança silenciosa, com localização privilegiada e acesso à escolas, creches e cursos profissionalizantes, além de posto de saúde próprio. Na realidade, receberam moradias de madeira, sem cozinha ou instalações de esgoto - os banheiros eram coletivos. A única parte do projeto original concluída foi o Conjunto Habitacional Marquês de São Vicente (popularmente conhecido como "Minhocão"), projetado pelo arquiteto Afonso Reidy e atualmente cortado pela Auto Estrada Lagoa-Barra (que, quando foi planejada, seria paralela ao edifício). Antes mesmo de sua conclusão, o parque proletário cresceu muito devido às invasões de antigos residentes de outras localidades. Em uma década, os barracões encontravam-se deteriorados. Já na década de 1960, quando o governador Carlos Lacerda assumiu o cargo, a ideia foi abandonada em seu projeto de remoção das comunidades. No terreno, foi erguido o Planetário do Rio, prédios residencias e, posteriormente, a Puc-Rio. A construção da Auto Estrada Lagoa-Praia da Gávea (nomenclatura pela qual a Praia de São Conrado era conhecida na época; até então, a Barra da Tijuca ainda era desabitada) trouxe severas mudanças para a Gávea. Por causa da localização dos principais prédios da Puc-Rio (no caminho de onde a via passaria, de acordo com a proposta de Reidy), foi necessário alterar o trajeto planejado, que foi realizado por dentro do conjunto habitacional já erguido, que perdeu 21 apartamentos. Com a via, o bairro passou a receber um enorme fluxo de veículos. O entorno da Praça Santos Dumont, conhecido como Baixo Gávea, tornou-se um reduto de jovens. Até os dias atuais, é um dos pontos de encontro favoritos dos cariocas, que lotam os bares e restaurantes durante a noite, principalmente durante o verão e o período de férias escolares. Devido à Lei do Silêncio, todos os estabelecimentos fecham suas portas à 1 da manhã, mas, até esse horário, os cariocas e visitantes aproveitam muito o que cada um tem para oferecer.

Fonte: In: http://portalgeo.rio.rj.gov.br/armazenzinho/web/BairrosCariocas/main_bairro.asp?area=029 In: http://recantodasacacias.wordpress.com/2011/07/17/a-historia-da-gavea/ In: http://www.ccpg.puc-rio.br/nucleodememoria/jornaldapuc/2011acasadomarques.htm In: http://www.puc-rio.br/sobrepuc/depto/solar/ In: http://www.condominioeetc.com.br/38/historia2.shtml In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A1dio_da_G%C3%A1vea In: http://www.flamengo.com.br/site/noticia/detalhe/835/programa-de-revitalizao-da-gvea-e-o-novo-estdio-do-flamengo In: http://esporte.ig.com.br/futebol/2012-07-06/relembre-os-10-maiores-jogos-do-centenario-classico-fla-flu.html In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Solar_de_Santa_Marinha In: http://www.oriodejaneiro.net/parque-da-cidade.htm In: http://www.rioquepassou.com.br/2004/09/27/parque-proletario-da-gavea-i/ In: http://www.rioquepassou.com.br/2004/10/01/parque-proletario-da-gavea-v/ In: http://www.rioquepassou.com.br/2004/10/02/parque-proletario-da-gavea-vi/ In: http://www.rioquepassou.com.br/2004/10/01/parque-proletario-da-gavea-v/ In: http://www.rioquepassou.com.br/2004/10/02/parque-proletario-da-gavea-vi/ In: http://www.rioquepassou.com.br/2004/10/04/parque-proletario-da-gavea-vii/

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