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Festa no Chapéu Mangueira celebra o Dia Nacional da Luta da Pessoa Com Deficiência



O Dia Nacional da Luta das Pessoas Com Deficiência foi comemorado com grande festa no Leme. Um evento promovido pelo Instituto Brasileiro de Capoeira-Educação (IBCE) levou inclusão à quadra do Chapéu Mangueira, onde diversas atividades acessíveis foram oferecidas ao público presente. A celebração também relembrou a vida do morador Hygor Rodrigues Pereira, morto em maio após 34 anos de sequelas neurológicas por conta de um quadro de meningite quando bebê.


“Achei a homenagem emocionante”, declarou sua mãe, Janaína “dos Anjos” Rodrigues, lembrando que o filho gostava de capoeira, uma das principais atrações da data. A ideia partiu do responsável pelo IBCE, Omri Breda, o Mestre Ferradura: “Não nos conhecíamos, mas ao divulgar o evento na Clínica da Família, no CRAS e na Associação, me falaram sobre ela, que já faz eventos para o público com deficiência há muito tempo (Janaína é fundadora da ONG S.O.S. Anjos Especiais). O tributo abrilhantou a ocasião”, diz, continuando:


“O instituto já faz um trabalho de inclusão muito forte com todos os públicos, é natural trazermos essa visibilidade para cá. Não existe acessibilidade nas escadarias da comunidade. Os serviços públicos não chegam em muitas casas”, aponta, indicando que, pelas dificuldades de acesso até pela Ladeira Ary Barroso (íngreme demais para cadeiras de rodas), muitas pessoas com necessidades específicas moradoras do Chapéu Mangueira e da Babilônia ficam limitadas às suas residências, o que dificulta em saber, ao certo, quantas pessoas viveriam nessas condições no morro. Em meio à incerteza, Ferradura palpitou que 10% dos presentes na festa tivessem alguma deficiência – havia também acompanhantes e participantes dos programas que promoveram atividades. Todos os discursos foram acompanhados também por intérpretes de Libras, garantindo que surdos compreendessem tudo que estava acontecendo.


Em diversos momentos, a animação dos jovens da Apae contagiou o público. O mais empolgado era Josias Araújo, o primeiro a se levantar para acompanhar a Bateria Nota 10 tocando. O jovem, que é mestre-sala de duas escolas de samba (Pimpolhos da Grande Rio e Vigário Geral), esbanjou carisma e fez outros presentes perderem a timidez para acompanhá-lo. O grupo manteve-se unido na atividade de sensibilização promovida pelo grupo Brincadeira de Angola, do Instituto Benjamin Constant, na qual a plateia foi convidada para participar. Para a ação, todos deveriam formar duplas e ficar em silêncio e em duplas. Uma das pessoas se moveria com os olhos fechados, se guiando apenas pela audição, e a outra observaria para evitar acidentes.


A Casa dos Bambas também animou os presentes, apresentando sua técnica de capoeira adaptada para a terceira idade. “Muitas senhoras de 70 anos, por aí, praticam. Antes de conhecer (essa versão), eu nem sonhava em fazer”, apontou a participante Suely de Fátima. O grupo estava liderado por Carlos Firmino, o Mestre Cabeleira, que é uma pessoa com deficiência. “A energia do evento está muito boa, é uma coisa rara encontrar algum que ofereça acessibilidade sem ser artificial”, analisou. A capoeira do IBCE também esteve presente, promovendo atividades variadas que agradaram o menino Arthur, de seis anos. “Ele gostou muito de dançar e olha que é super envergonhado”, disse seu pai, Rodrigo da Silva Souza. A festa foi encerrada com a apresentação teatral do grupo Proncovô, que também foi adaptada para surdos e deficientes auditivos.

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