Coluna "A Arte de Copacabana": Pedro Correia de Araújo
- Mauro Franco

- 4 de ago.
- 2 min de leitura
A coluna “A Arte de Copacabana” dedica esta edição asa produções de Pedro Correia de Araújo (1874 – 1955). Conhecido no universo das artes plásticas por suas pinturas, o artista produziu ao menos duas esculturas que adornam portarias, uma no Leme e outra em Copacabana, expondo a versatilidade do seu trabalho.

Uma fica na entrada do Edifício Itahy (Av. N. Sª de Copacabana, 252). Projetado pelo arquiteto Arnaldo Gladosch, o prédio ficou pronto em 1932, repleto de detalhes que chamam a atenção de quem passa – não a toa ele faz parte de diversos roteiros que apresentam algumas das construções marcantes do bairro. A parte encomendada a Correia de Araújo é o conjunto da sereia, situado acima do nome do condomínio.
Com traços indígenas, acompanhando a tendência inspirada pela alcunha “Itahy” (o art déco nacional adorou um padrão de nomenclatura que seguia influência de idiomas nativos brasileiros), a peça dá ao local ares marinhos, com estrelas e outros animais em meio a ondas que batem nas rochas, temática semelhante à da cerâmica que enfeita o Edifício Manguaba (Rua Gustavo Sampaio), de 1938. Este, para muitos, compõe um dos conjuntos mais completos no que diz respeito à arte predial da região.

Já na fachada – escolhida pela Rede Globo para ser uma locação de destaque da novela “Mulheres Apaixonadas” (2003) – dois painéis em cerâmica onde a arte de Correia de Araújo chama a atenção de quem passa. Eles ocupam todo o pé-direito da portaria e representam o fundo do mar. Até a maçaneta é em formato de cavalo-marinho, adiantando o nível de detalhamento da parte interna: nas paredes, outras imagens de algas e animais marinhos que, nas redes sociais, também são associadas ao artista – a informação não pôde ser confirmada pela equipe do Jornal Posto Seis, que averigou não haver nenhuma outra assinatura no local e constatou similaridade entre os traços.
Sobre Correia de Araújo: de família tradicional pernambucana, mudou-se para Paris no começo do século XX para estudar artes. Na França, frequentou ateliês de nomes como Picasso, Diego de Rivera e Matisse e dirigiu a Academia Ranson antes de fundar sua própria instituição. De volta ao Brasil em 1929, conheceu Candido Portinari, Guignard, Di Cavalcanti, Lucio Costa, Cicero Dias, Manuel Bandeira e outros nomes que o influenciaram. Tentou, sem sucesso, reformar a Escola Nacional de Belas Artes, então funcionando em um prédio na Avenida Rio Branco. Apesar de não ter tido êxito, foi contratado para organizar o novo Serviço de Patrimônio Histórico. Nunca expôs individualmente. Teve dois filhos, Pedro Gaspar Correia de Araujo, também artista-plástico e que dentre suas obras mais notáveis, está “O Curumim”, na Lagoa Rodrigo de Freitas (e cujo filho, Luiz, também é artista plástico especializado em temas marinhos, como o avô); e Luiz Knud Correia de Araújo.



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