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"Copacabana 130 Anos": os impactos da Segunda Guerra Mundial no bairro


Uma das pirâmides de arrecadação montadas em Copacabana (Foto: Revista Beira-Mar)

No início de 1942, o presidente Getúlio Vargas assinou um decreto que previa serviços de defesa antiaérea em todo o país. A partir dele, Copacabana, indiretamente, começou a se envolveu no conflito: o bairro, em franco crescimento, passou a se preparar para possíveis ataques.


Uma das principais mudanças se deu nos lançamentos imobiliários. A existência de abrigos antiaéreos veio ser noticiada como um chamariz em edifícios como o Arizona (Rua Tonelero, 125), Shangri-la (Rua Dias da Rocha, 25), Muirakitã (Avenida Nossa Senhora de Copacabana, 1.155), Igrejinha (Avenida Nossa Senhora de Copacabana, 3.916), dentre outros. Talvez o exemplo mais famoso seja o Menescal, endereço da galeria homônima. Este bunker saiu do papel apenas em 1944 e, naquele momento, era apontado como o maior já licenciado pelo Serviço Nacional de Defesa Civil – apesar de a capacidade de pessoas não ser informada pelos anúncios da época, acredita-se, por este motivo, que seja maior que o do Túnel Engenheiro Marques Porto.


Este, no Leme, comportaria mais de 3 mil abrigados, que seriam protegidos através de sacos de areia que tapariam os acessos em caso de ataque. Durante as obras de escavação da galeria, foi realizado um simulado, com a presença do prefeito Henrique Dodsworth, a fim de testar se a estrutura aguentaria uma possível bomba lançada por um avião: foram detonados 150 quilos de dinamite em seu interior. Outros abrigos foram construídos também no Morro da Babilônia, no mesmo bairro, e ainda existem.


Na medida em que o conflito avançava na Europa, novas medidas deixavam marcas em Copacabana, como a campanha de arrecadação de metais, que seriam transformados em armas doadas às tropas. Grades de praças de toda a cidade foram retiradas e até as estátuas do Passeio Público, no Centro, foram ameaçadas por serem “um escandaloso e condenável desperdício de metal”, conforme noticiado pelo jornal Diário de Notícias. Nesse contexto, um morador da Rua Santa Clara, M.C. Alves Barbosa, junto com mais dois amigos, promoveu uma dessas ações, chamadas de pirâmides, visando doar todos os bens para a Força Aérea Brasileira (FAB), que compraria um avião a ser nomeado “Nossa Senhora de Copacabana”.


Além dessa pirâmide, a Revista Beira Mar publicou imagens de mais duas no bairro, mas as iniciativas populares não pararam por aí. No Ginásio Brasileiro de Copacabana, os docentes descontaram um dia de seus salários em prol das vítimas dos bombardeios. Já os estudantes arrecadaram donativos que foram entregues ao Ministério da Educação, responsável por repassar aos necessitados. Por sua vez, a Policlínica de Copacabana foi transformada em posto de alistamento para enfermeiras da Cruz Vermelha.


Da mesma forma, o Cinema Ritz emprestou seu espaço para a inauguração dos Postos de Samaritanas de Copacabana e Ipanema, também da Cruz Vermelha. As aulas eram dedicadas a formar voluntárias que pudessem atuar na Segunda Guerra Mundial, por meio da FAB. Os aprendizados compreendiam noções de primeiros socorros, possibilitando a atuação antes da chegada da equipe médica. Além disso, também eram ensinadas questões referentes ao combate e as possibilidades de ataques aéreos e com gases tóxicos.


Apesar de todos os preparativos para possíveis ataques, Copacabana manteve-se intocada pela guerra. O mais próximo que chegou dela foi ainda em 1942, quando um oficial nazista foi preso no bairro – este estava escondido no Brasil após o naufrágio do cruzador Admiral Graf Spee, o mais avançado e bem equipado da Marinha de Hitler, na Argentina.

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