O Cine Condor Copacabana foi inaugurado pela Empresa Verde de Cinemas S.A. com noite de black tye em benefício da Obra Social 1, que divulgava talentos de pessoas moradoras de comunidades cariocas. O filme escolhido foi a comédia italiana “Horas de Amor”, de Luciane Salce. Seu endereço, na Rua Figueiredo Magalhães, 268, ficava numa galeria, tendência muito comum em 1966. Com 1.044 lugares, tinha a arquitetura diretamente inspirada no Cine Condor Largo do Machado, o que fazia alguns apontarem a sala como uma das mais bonitas da cidade.
Poucos meses após a abertura, já era apontado como um dos queridinhos no bairro. Um levantamento mostrou que, entre 1º de janeiro e 31 de julho de 1966, 4,2 milhões de espectadores estiveram nas 15 salas que funcionavam em Copacabana naquele momento. O Condor, inaugurado em abril, registrou o sexto maior público, atrás dos tradicionais Metro, Copacabana. Roxy, Rian e Art-Palácio, em ordem. Em paralelo ao sucesso, outras ações beneficentes passaram por ali, como uma em dezembro, em prol de Costura e Lactário Pró-Infância (Celpi), com o filme “Férias a Italiana”. Essa exibição levantou verba para as 70 famílias beneficiadas pelo grupo.
Ainda nesse começo, o Condor Copacabana inovou ao abrir as portas para um lançamento que fugia do padrão de “filmes sérios” que atraía público na época: “Na Onda do Iê Iê Iê”, de Jarbas Barbosa, que também produzia “Os Adoráveis Trapalhões”, com Renato Aragão e Dedé Santana no elenco. A dupla, futuramente, se juntaria com Mussum e Zacarias para formar “Os Trapalhões”, que lançariam juntos mais 21 filmes, sendo o primeiro apenas 12 anos depois. Entretanto, a maior novidade veio em 1967, quando um mini teatro foi inaugurado. Oficialmente, a capacidade era de 90 pessoas, mas algumas reportagens darem conta que não cabiam nem 80 sentadas. Ficava na sobreloja e foi estreado com o espetáculo “De Brecht a Stanislau Ponte Preta”. Com os anos, sediou muitas apresentações, inclusive as dez conferências realizadas pelo cine Clube da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que debateram o tema “Cinema e Religião”
Em 1978, uma explosão resultou em um grande incêndio no cinema. O fogo destruiu poltronas principalmente da primeira fileira, mas a queda do reboco e a água usada pelos bombeiros causou danos em quase todas, que foram destruídas. A casa de máquinas e a tela também foram inteiramente queimadas. Não houve vítimas, uma vez que não havia nenhuma sessão ocorrendo naquele instante. A única pessoa no interior da sala era um faxineiro, que escapou ileso. Apesar da gravidade do incidente, os apartamentos nos andares superiores do edifício não foram atingidos, uma vez que essa parte da sala ficava numa área sem nenhuma unidade acima. A situação chegou a esboçar uma discussão sobre a proibição de cinemas em prédios residenciais, como era o caso do Condor Copacabana, devido à complexidade das instalações elétricas e a ausência de engenheiros ou técnicos permanentemente nos endereços, mas o tema não foi para frente.
O Condor Copacabana teve o mesmo fim de tantas outras salas: fechou para supostamente receber reformas e foi comprado por uma loja de departamentos, que inaugurou uma unidade no endereço. O cinema chegou ao ano de 1997 como o maior do bairro, uma vez que conservava a configuração origina (o Roxy, anteriormente maior, nessa altura, já havia sido dividido em três salas).
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