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Bronx, Riviera, Cinema II, Studio Copacabana, Studio Gaumont e Studio Belas Artes


Ainda no contexto da expansão dos cinemas pela região do Posto 6 retratado na edição 540, o Cinema Bronx foi inaugurado na Rua Raul Pompeia, esquina com Rua Júlio de Castilhos, pela mesma empresa do Cine Alaska, a poucos metros dali. Anunciado na década de 1950 como luxuoso e confortável ainda no contexto da construção do prédio homônimo, serviu de chamariz para a venda de apartamentos: afinal, quem não gostaria de assistir filmes sem se deslocar? Apesar do êxito da iniciativa, a sala manteve-se em funcionamento por muito pouco tempo, visto que, em 1958, o Cine Riviera foi anunciado no mesmo endereço.


O Riviera contava com uma novidade: pela primeira vez, o equipamento de projeção era instalado entre o balcão e a plateia, impedindo que os frequentadores que se levantassem para ir embora antes do fim do filme atrapalhassem a exibição. A estreia, “Mademoiselle Pigalle”, com Brigitte Bardot, atraiu frequentadores, que pudem também conferir a solenidade realizada pelo frei Leovegildo Ballestieri, que abençoou aquela sala.


Como era comum em muitas salas, o Riviera também sediou festivais, como as semanas dos cinemas francês e tcheco. Foi ali que a revista “Tela Ilustrada”, distribuída nos principais cinemas da Zona Sul, comemorou seu primeiro aniversário, em 1962. Os convidados foram contemplados com uma exibição do filme francês “Uma Mulher Para Dois”. Em seus anos finais, virou notícia por um motivo inusitado: o cinema foi multado por uso de desinfetantes.


O Riviera manteve-se aberto até 1973, quando o espaço foi arrendado pela primeira vez – isso viria a acontecer em outras ocasiões. Surgia, então, o Cinema II (o Cinema I ficava na Avenida Prado Junior), com programação homenageando a chamada Era de Ouro do cinema. A aposta era atrair frequentadores pela nostalgia, o que levou à exibição de seis filmes de Marlene Dietrich nas primeiras sessões, todos lançados entre 1930 e 1941. Em paralelo, também abriu suas portas para exibições especiais, como os vencedores do 20o Festival Intrernacional do Filme Publicitário, em Cannes.


Pouco tempo depois, o local foi novamente renomeado: a partir de 1980, tornou-se o Studio Copacabana. O novo nome marcou a decadência da sala, que sofria com problemas semelhantes a tantas outras na cidade naquela altura. Em aproximadamente 15 anos, houve uma redução de 32% no número de cinemas na cidade e muitas das que continuavam operando tinham dificuldade em atrair o público. No caso do Studio Copacabana, o calor excessivo dentro da sala, que não tinha mais ar condicionado; a baixa qualidade da projeção (que, além de ruim, era frequentemente interrompida diversas vezes durante os filmes); as falhas no áudio e até os ratos que circulavam em meio às sessões eram reclamações constantes, que preferiam pagar pouco a mais e frequentar opções que ainda ofereciam algum conforto.


Essa fase não durou muito tempo: em 1983, a sala foi novamente arrendada pela distribuidora de filmes Gaumont, que deu início a obras e inaugurou o Studio Gaumont Copacabana, com 385 lugares. Nessa altura, era o único cinema em funcionamento no Posto 6 e recebeu tudo novo: tela, projetores (os anteriores ainda eram a carvão) e até piso (saiu o emborrachado de madeira, entrou um de mármore mais claro). Entretanto, antes mesmo da reabertura, uma nova reforma já era discutida, visando o futuro do espaço: a ideia era dividir o local em dois, o que nunca aconteceu.


Antes de a ideia ser levada à frente, o vencedor de quatro estatuetas do Oscar “Fanny e Alexandre”, de Ingmar Bergman, serviu de chamariz para o público, que voltou a frequentar aquele espaço: apenas em uma segunda-feira, aproximadamente 2 mil espectadores prestigiaram as diversas sessões do I Festival Internacional de Cinema, Televisão e Vídeo do Rio de Janeiro. Mais tarde, a excelente qualidade do equipamento de som do Studio Gaumont levou a sala a ser escolhida para a comemoração dos 45 anos do desenho “Fantasia”, da Disney, cuja trilha sonora traz composições de Bach, Tchaikovsky, Beethoven e outros grandes compositores, que exigia uma excelente acústica.


Apesar do enorme sucesso da nova fase, o Studio Gaumont voltou a se chamar Studio Copacabana em 1988 e bastou a retomada do nome anterior para os problemas voltarem. Passados dois anos, reportagens apontavam-no como um dos piores cinemas do Rio, apesar da boa programação ser exaltada. Na medida em que as questões foram solucionadas, o espaço foi renomeado pela última vez: a partir de 1994, se transformaria no Studio Belas Artes, marcando a nova fase, com apenas produções artísticas na programação.


A transformação fez parte de um projeto de divulgação do cinema francês pelo grupo France Cinéma Diffusion, com apoio da companhia aérea Air France. O local foi, mais uma vez, inteiramente reformado. Outra obra foi realizada menos de um ano depois, acabando com as poltronas no mezanino, reduzindo a capacidade para 240 espectadores. Apesar dos investimentos, não foi possível salvar o Studio Belas Artes, que deixou de funcionar no começo de 1997 devido à concorrência das demais salas, focadas em blockbusters.

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