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Coluna "A Arte de Copacabana": painéis de Paulo Werneck

Paineis de Paulo Werneck no Edifício Maracati, no Leme
Paineis de Paulo Werneck no Edifício Maracati, no Leme

Quem caminha por Copacabana e pelo Leme muitas vezes não repara, mas muitos edifícios são enfeitados com obras de artes assinadas por artistas plásticos renomados. Construídos em um período que a parceria destes profissionais com os arquitetos eram definidas ainda na fase do projeto, tais prédio trazem, em suas fachadas e seus interiores, trabalhos dignos de museus. Para apresentá-los, o Jornal Posto Seis inaugura sua nova coluna.


O recordista de produções na região é o mosaicista Paulo Werneck (1907 – 1987), que assina trabalhos no Ministério da Fazenda (Brasília), no Monumento aos Pracinhas (Rio de Janeiro), no Senado Federal (Brasília), na Igreja da Pampulha (Belo Horizonte) e em outros endereços de grande importância. Foi parceiro de Oscar Niemeyer em muitos edifícios, mas em seu ateliê, também reunia-se com Candido Portinari e outros expoentes das artes plásticas no Brasil. Durante a produção dessa reportagem, foram contabilizadas sete obras nos bairros abrangidos.


Uma fica escondida no interior do Banco do Brasil na Av. N. Sª de Copacabana, 1.274, na sobreloja – ou seja, nem quem passa na rua ou apenas usa os caixas eletrônicos sabe da existência. Acredita-se que esta unidade compôs uma coleção de cerca de uma centena encomendada ao artista para enfeitar agências deste banco em todo o Brasil. Não se sabe quantas foram preservadas, uma vez que a própria empresa não possui esse levantamento, mas a unidade de Copacabana, por muitos anos, era desconhecida: em uma obra, uma parede foi levantada, escondendo-a. Com a derrubada dela, em outra intervenção, o trabalho foi redescoberto.


Um dos painéis do Maracati
Um dos painéis do Maracati

Possivelmente dessa mesma parceria com o Banco do Brasil que surgiram os painéis mais famosos de Werneck na região. Ficam no Edifício Maracati (Rua General Ribeiro da Costa, 190), no Leme – os primeiros moradores teriam sido apenas funcionários. A beleza da portaria, adornada com dois mosaicos, já foi tema de reportagem em veículos diversos e nunca passam despercebidos por quem visita o prédio, conforme descreveu uma corretora de imóveis que aguardava um cliente naquele endereço. “Quando cito que são do Paulo Werneck, muitos ficam surpresos”. Nas redes sociais, postagens contam, erroneamente, que se tratam dos únicos painéis figurativos da carreira do artista, mas em Copacabana, há mais outro no Edifício José Torquato Praxedes Pessoa (Rua Décio Villares, 52).


Edifício José Torquato Praxedes Pessoa
Edifício José Torquato Praxedes Pessoa

Este condomínio situa-se de frente para a Praça Edmundo Bittencourt e como a obra está no interior da portaria, muitas pessoas não reparam, apesar das enormes dimensões. Nem os próprios moradores parecem se dar conta de que estão diante de um trabalho de um artista renomado, conforme aponta um dos funcionários do prédio. “Ninguém fala nada sobre”. O desconhecimento repete-se no Ocaporan (Rua Dias da Rocha, 12). Durante toda a permanência da equipe do Jornal Posto Seis no local, nenhum pedestre sequer desviou o olhar para observar o mural. “Juro que nunca o vi. Moro aqui há 45 anos e não sei nada sobre”, comentou um morador de outro prédio da rua, enquanto passeava com seu cachorro.

Edifício Ocaporan
Edifício Ocaporan

Já no Edifício Arapehy (Rua Anita Garibaldi, 5), um porteiro reparou na presença da equipe do Jornal Posto Seis e adiantou-se: “É do Paulo Werneck”, anunciou, apresentando conhecimento sobre a importância da arte. Aquela unidade, por motivos desconhecidos, não traz a assinatura do artista (“acho que sempre foi assim”) e está danificada, com pastilhas faltando, cenário que deve ser transformado em breve. “Isso é tombado”, garante, mostrando que a valorização é tão grande que há iluminação especial para destacar a obra de arte durante a noite.

Edifício Arapehy
Edifício Arapehy

Por sua vez, o painel do Anver (Rua Anchieta, 24) é o menor já produzido pelo artista e o único na região visível da rua, sem grade na frente. Ainda que, durante a visita do Jornal Posto Seis, todos os pedestres parecessem ignorar, o porteiro que trabalhava no local naquele horário garantiu que, eventualmente, há reconhecimento: “Às vezes, as pessoas passam e batem fotos”, aponta, também sinalizando conhecimento: “Esse painel é tombado”.

Edifício Anver
Edifício Anver

Como esses mosaicos, outros trabalhos estão escondidos por portarias e fachadas. Conhece algum? Entre em contato e contribua na construção dessa coluna.

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