Coluna "A Arte de Copacabana": Di Cavalcanti
- Mauro Franco
- 6 de jun.
- 2 min de leitura

Essa edição da coluna “A Arte de Copacabana” é dedicada a uma obra que deixou o bairro em abril: um mural de Di Cavalcanti. Ficava instalada no Edifício Machado de Assis (Avenida Atlântica, 2.768), era, talvez, uma das maiores obras de artes da região, com 277 x 231 cm, ao mesmo tempo que era uma das mais desconhecidas dos vizinhos
O painel foi feito sob encomenda da construtora, acompanhando o alto padrão do condomínio, anunciado nos classificados da época como o de “maior categoria” da cidade: cada apartamento teria 567m², todos com vista para a orla e para um parque exclusivo – o ajardinamento ainda existe nos fundos do terreno, voltado para a Rua Domingos Ferreira. O luxo atraiu moradores ilustres, como o presidente Juscelino Kubitschek, que viveu ali nos anos finais de sua vida (ele morreu sete anos após o prédio ser entregue).
Há quem diga que o nome do prédio – “Machado de Assis” – teria inspirado diretamente o pintor: alguns enxergam a icônica Capitu na tela, de vestido rosa, em uma sacada. Entretanto, é mais provável que o carioca tenha retratado sua musa, a modelo Marina Montini (1948 - 2006), cuja aparência assemelhava-se à vista no quadro. Talvez o artista tenha pintado alguma personagem genérica (na Europa, Di Cavalcanti era conhecido por inserir mulheres pardas em sua produções). Independente da identidade, os ares de brasilidade que eram sua marca registrada estão na tela, que traz ainda representações da Mata Atlântica e de bairros cariocas.
O trabalho ficou exposto na portaria do edifício durante 56 anos e nesse período, nunca foi levado ao público. Nesse tempo, apenas moradores, funcionários e visitantes tiveram a oportunidade de contemplá-lo em seu local original.
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