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Cinema Americano (1916-1953)


Interior do Cinema Americano, em Copacabana, em 1932

Metro, Rian, Ricamar, Copacabana... Inúmeras foram as salas de cinema que funcionaram no bairro. Junto com o Leme, a região era um rico polo cultural, aspecto perdido com o passar dos anos. Para relembrar estes espaços que fazem parte das memórias afetivas de muitos moradores, o Jornal Posto Seis inaugura essa coluna, reacendendo as lembranças do passado. Gostaria de dividir alguma recordação em alguma delas? Envie para a gente!


Foi ainda no fim do século XIX que essa forma de lazer chegou ao bairro. Em 1899, dois anos após a inauguração da primeira sala na cidade, a Praça Malvino Reis (atual Serzedelo Corrêa) foi contemplada com uma sessão. A ação foi promovida pela Companhia Ferro-Carril Jardim Botânico, que conduzia os bondes até o local, e fez parte de grande festa com luz elétrica, o que era uma novidade, coretos e apresentações de música ao vivo. Para isso, aumentou o número de carros levando a população até o local.


Não há informações sobre o que foi apresentado naquela data, mas a população que não queria se deslocar para outras regiões ficou com gostinho de “quero mais” até 1910, quando o “Cinema Copacabana” passou a funcionar no número 20 daquele logradouro, sob supervisão do médico Sá Ferreira. As sessões, recorrentes, motivaram a inauguração de uma sala com o mesmo nome na Rua do Barroso, 55 (atual Siqueira Campos), em 31 de abril de 1914, esta gerida por J. Simões. A primeira sessão, fechada para convidados, atraiu autoridades internacionais e famílias importantes da sociedade da época. Todos queriam prestigiar aquele acontecimento. Apesar das pompas, a sala encerrou suas atividades no ano seguinte, já que o proprietário precisou ir à Europa tratar um problema de saúde.


Os moradores não ficaram órfãos das sessões por muito tempo. O Cinema Americano, do farmacêutico Alfredo da Costa Palmeira, se tornou o queridinho a partir de 1916. Instalado na Av. N. Sª de Copacabana, 743 (atualmente, esta numeração refere-se ao 801), teve sua fachada projetada pelo renomado arquiteto Antônio Virzi, o mesmo que assina a casa onde, atualmente, funciona uma biblioteca da Prefeitura, na Rua Sá Ferreira.

Fachada do Cinema Americano, em Copacabana, foi projetada por Antonio Virzi

A programação era variada e, em paralelo, o local foi escolhido para diversos outros acontecimentos, como festas de Dia das Crianças oferecidas por senhoras do bairro; cerimônias de juramento à bandeira, protagonizadas por alunos de escola; festas de fim de ano de instituições diversas; eventos de escotismo; e até o festival que levantou verba para a construção da Igreja de Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, mostrando integração com a sociedade. Houve sessões até que a renda foi destinada à população pobre de Copacabana. O prestígio exclusivo chegou ao fim após a parceria com o Cinema Odeon, no Centro, ser encerrada – os filmes eram alugados de lá e após divergências financeiras, o grupo fornecedor garantiu que só faria contrato com a próxima sala que abrisse no bairro, o que já era esquematizado naquela altura.


O Cinema Americano, então, firmou contrato com o Cine Íris, também no Centro, e manteve o status de “cinema de elite”. Naquele mesmo ano de 1919, o Cinema Atlântico (que depois se transformaria em Cine Ritz e funcionou até 1955) abriu suas portas na mesma avenida, mas no número 580. Na década seguinte, o Americano não apenas manteve as atividades e os eventos como, após a morte de Palmeira, também sediou peças teatrais. Em 1930, sob gestão de Luiz Severiano Ribeiro, uma grande novidade: a chegada do cinema falado ao bairro. A sessão inaugural aconteceu com “A Patrulha da Madrugada”.


Outra inovação foi a implantação das sessões femininas, onde mulheres tinham desconto no valor da entrada. Aos poucos, o Cinema Americano perdeu seu prestígio, visto que novos espaços dividiram a atenção do público. A partir de 1953, seu imóvel foi ocupado pelo Cine Copacabana, que resistiu até 2002. Você lembra dele? Mande suas lembranças para a gente!

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