Thayssa Rodrigues
O Catete é considerado um bairro histórico do Rio devido a acontecimentos importantes testemunhados ali e preservados em meio a sua arquitetura. O espaço abrigou a primeira ponte da cidade, famosa por cobrar pedágio de seus usuários, ainda no período colonial, além de um palacete imponente que, durante o império e, posteriormente, a república, foi sede do poder político do país e onde, atualmente, funciona o Museu da República. Entre suas ruas aprazíveis há, também, o Largo do Machado, uma praça que possui projeto paisagístico assinado por Burle Marx e onde está instalada a Igreja Nossa Senhora da Glória, outra ótima opção de passeio turístico. O local conta, ainda, com o Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, que exibe uma exposição permanente sobre particularidades do povo brasileiro. O nome do bairro possui origem indígena e em Tupi significa "Mato Fechado". A denominação combina perfeitamente com o ambiente, já que o Catete é cercado por uma intensa vegetação. A história da área começou a se formar em 1575, quando o então governador, Desembargador Português Antonio de Salema, construiu na região (onde atualmente está a Praça José de Alencar) a primeira ponte da cidade, batizada em sua homenagem de "Ponte de Salema". O local escolhido para a construção inovadora foi um terreno baldio por onde passava o Rio Carioca, que percorria parte do bairro e desaguava na atual Praia do Flamengo. A passarela existiu até 1866 e durante esse tempo, todos os que passavam pelo caminho precisavam pagar pedágio, um valor que variava de acordo com o público, já que brancos pagavam um preço enquanto burros, cavalos e escravos pagavam outra quantia. O desenvolvimento do Catete aconteceu,em grande parte, por uma antiga estrada que levava a Zona Sul, conhecida hoje como Rua do Catete. O trajeto em questão, aliás, já existia antes mesmo da ocupação portuguesa, tendo sido usado durante as batalhas entre Portugal e França. No entanto, foi ao longo do Segundo Reinado Português que o bairro começou, de fato, a se formar. Nessa época a estrada passou a ser margeada por mansões de importantes figuras da elite portuguesa, como o Desembargador Manoel Jesus de Valdetaro, dono das terras que formavam o largo de mesmo nome. Foi nesse largo que, entre os anos 1858 e 1867, o Barão de Nova Friburgo, Antônio Clemente Pinto, construiu um enorme palacete para sua família, denominado de Palácio Nova Friburgo. A construção é considerada eclética, por contar com a participação de artistas variados, tanto na edificação quanto na decoração de seus suntuosos ambientes. O hall de entrada, por exemplo, possui uma escada de ferro fundido, pré moldada na Alemanha e instalada no imóvel, um dos primeiros do país a contar com tal utilização. No ambiente é possível encontrar,ainda, vitrais que representam figuras mitológicas, pinturas relacionadas a arte, além de estátuas e esculturas (vindas de diferentes regiões do mundo) que mostram a riqueza de detalhes com a qual o local foi idealizado e concebido. Em 1897 o palacete foi comprado para abrigar a Presidência da República e mudou de nome, passando a ser chamado de Palácio do Catete. Após 41 anos, a mansão e seus enormes jardins foram tombados como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Durante todo o tempo em que o local funcionou como cenário político, dezoito presidentes passaram por lá, dentre eles, Getúlio Vargas, que se suicidou em um dos quartos do imóvel, em 1954. Seis anos depois a sede do governo foi transferida para Brasília, recém-inaugura e, em 15 de novembro, o palácio passou a abrigar o Museu da República (Rua do Catete, 153), aberto ao público até os dias atuais, com ambientes decorados pela mobília da época. Dentro do terreno, em alguns casarões, que na fase governamental serviam como a Casa da Guarda Palaciana, foi inaugurado o Museu do Folclore, em 1968 ( que passaria a se chamar Centro Cultural do Folclore e da Cultura Popular, a partir de 2003) Um pouco mais adiante, na mesma Rua do Catete, outro ponto se destaca no desenvolvimento do bairro, o Largo do Machado. O nome da praça, que preserva um estilo interiorano, veio em decorrência de Andre Nogueira Machado, um rico proprietário de terras da região, não tendo relação alguma com o escritor brasileiro Machado de Assis, como muitos pensam erroneamente. Ao longo dos anos, no entanto, algumas outras denominações oficiais foram aplicadas a área, em uma tentativa de rebatizá-la, mas nenhuma das nomeações obteve sucesso e o nome original e popular voltou a valer. Em 1842, quando começou a ser construída a Igreja Nossa Senhora da Glória, na região do largo, autoridades municipais decidiram apontar o espaço como Largo da Glória, nome que se manteve oficialmente até 1869. A partir deste ano, mais uma construção iria mudar o nome da praça. Na ocasião, o local recebeu uma estátua em homenagem a Duque de Caxias, um importante militar brasileiro, e, por conta disso, passou a ser conhecida oficialmente como Praça Duque de Caxias. Paralelamente a isso, o espaço formado entre as Ruas da Glória e do Catete, que ainda não tinha um nome definido, passou a ser chamado de Praça da Glória. Um tempo depois, entretanto, a estátua do militar foi transferida para outro lugar, o Panteão Duque de Caxias (na Avenida Presidente Vargas), e o nome do largo, que havia sido modificado justamente por abrigar a sua figura, perdeu o sentido. A partir de então, em 1953, o nome Largo do Machado foi restituído, de forma oficial, permanecendo assim até hoje. Nessa década, aliás, a praça foi reformada seguindo um projeto paisagístico de Roberto Burle Marx (que participou também do projeto do Aterro do Flamengo, inaugurado em 1965). Em 1970, o avanço da região, entretanto, modificou a paisagem do bairro drasticamente, a partir da construção da instalação do metrô na região. As estações Catete e Largo do Machado, que estão localizadas na Rua do Catete, assim como a estação Glória, que fica em uma continuação da mesma via (chamada de Rua da Glória a partir desse ponto), começaram a ser construídas na mesma época. Na ocasião, inúmeros sobrados e casas do período colonial foram demolidos para possibilitar o avanço desse sistema de transporte, por isso, atualmente, essa área é composta por edifícios modernos, construídos após o ocorrido. Dentre as poucas construções preservadas na referida rua estão o Museu da República (antigo Palácio do Catete) e o Centro Cultural do Folclore e da Cultura Popular, que permitem o visitante conhecer um pouco mais da história do país e do povo brasileiro, expostas ali.
Fontes: In: http://www.midialocal.com/bairros/2/catete In: http://www.rioquepassou.com.br/2009/04/01/largo-do-machado-obras-do-metro/ In: http://www.historiadorio.com.br/bairros/catete In: http://www.riodejaneiroaqui.com/portugues/catete-bairro.html In: http://www.rioecultura.com.br/instituicao/instituicao.asp?local_cod=23 In: http://www.tudoparaviajar.com/brasil/rio-de-janeiro/palacio-do-catete
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