Publicado na edição 366 (2ª quinzena de julho de 2013)
Thayssa Rodrigues
Há quatro edições o Jornal Posto Seis iniciou um especial sobre vilas, mostrando o estilo de vida preservado nesses ambientes. A convivência entre vizinhos, a tranquilidade desses espaços de moradia, a alegria das crianças ao brincarem livremente pela rua e as lembranças relatadas por quem cresceu em vilarejos de Copacabana se somam entre os diversos depoimentos de moradores encantados com a realidade vivenciada. Agora, proprietários e visitantes destacam a beleza da arquitetura dos imóveis preservados em duas vilas do bairro. Valores históricos e culturais percebidos nas fachadas e nas ruas que remetem ao passado e enfeitam o presente. Postes dão lugar a luminárias no estilo retrô, janelas ostentam vitros coloridos e ao lado delas, na parede, lampiões elétricos completam o cenário. Proprietários revelam a história presente em suas construções e turistas comentam o que acham da beleza encontrada nas vilas.
No número 412 da Rua Bulhões de Carvalho, existe um pedacinho da história arquitetônica da década de 1920 intacto para todos os que desejem apreciar, através das grades do portão de entrada, as construções tradicionais preservadas no interior da ruazinha sem saída. Todas as casas continuam exatamente da forma como foram projetadas, há tantos anos atrás, conforme explica Débora Dias, uma das proprietárias. “Pelo que sei, que ouvi de senhoras mais velhas que moram aqui há bastante tempo, essa vila é tombada como patrimônio histórico, por isso, não podemos mudar nada nas fachadas das residências”. A vizinhança, aliás, é formada, em grande parte, por pessoas de mais idade. “Aqui tem muita gente idosa porque, geralmente, os imóveis passam de geração em geração. Há mais de 50 anos que nenhuma casa é vendida aqui dentro”, explica a moradora, contando, ainda, que quando comprou a casa onde vive, percebeu esse estilo clássico também em seu interior e decidiu mantê-lo dessa forma. Sua sala ostenta um lustre antigo e janelas e portas desse cômodo são ornadas por pequenos vitros coloridos. Questionada sobre o diferencial de viver em um local como esse, ela explica não conhecer outro estilo de vida, mas afirma estar satisfeita: “Sempre morei em vilas, essa é a minha realidade conhecida, por isso, não tenho como comparar, mas acredito que seja melhor que viver em um apartamento. Eu curto meus vizinhos e posso deixar janelas e portas abertas sem problemas. Além disso, meus amigos que tem filhos adoram vir para cá, as crianças ficam pela rua numa boa”.
A poucos metros dali, na mesma rua, existe um outro vilarejo, um pouco maior e mais moderno. A vila em questão possui duas entradas, uma no número 480 da Rua Bulhões de Carvalho e outra no número 96 da Rua Sá Ferreira. Ao contrário do primeiro exemplo, nessa vila as casas não precisam manter sua edificação original e cada imóvel possui seu próprio modelo arquitetônico. Entretanto, mesmo com essa liberdade de construção, a maioria deles mantém o estilo clássico em suas fachadas, que também ostentam objetos que remetem ao passado. Quase todos possuem lampiões elétricos fixados na parede frontal, ao lado das portas. Alguns dispõe, ainda, de luminárias com pedestais, que fazem a vez de postes ao longo da via e janelas e portas aredondadas dão um ar colonial as construções. Segundo os moradores, isso acontece porque a maioria das casas permanecem na mesma família ao longo das gerações e os herdeiros buscam conservar a originalidade do imóvel. “Meu pai construiu essa casa há mais de 40 anos. Na época ele desenhou exatamente o modelo que queria, para que ela fosse construída da forma como ele desejava. Quando vim para cá, optei por deixá-la como ele idealizou”, explica a moradora Fani Lopes.
A beleza das vilas, no entanto, não é admirada apenas pelos proprietários, nem mesmo é percebida somente pelos Copacabanenses que caminham pelas ruas onde elas estão localizadas. Seu prestígio vai além, ultrapassando as barreiras geográficas do país onde estão instaladas. Se ultimamente é muito difícil conseguir adquirir um imóvel dentro desses vilarejos, há quem consiga desfrutar de seus atributos por pequenos períodos de tempo. É o que conta a turista francesa Astrid Renou, que alugou uma casa na vila para passar uma temporada com sua filha. “Achei essa alternativa mais agradável que uma estadia em um hotel. Quando ainda estava na França comecei a pesquisar um lugar legal para ficar aqui no Brasil e quando encontrei essa casa não pensei duas vezes”, afirma, explicando, ainda, que o imóvel alugado é de propriedade de um francês, que o disponibiliza pela na internet para locação. Astrid relata estar muito satisfeita com a escolha e aproveitando muito a estadia. “O lugar aqui é maravilhoso, tranquilo e muito bem situado. Além de ser pertinho da praia, a casa é grande e confortável. Estamos gostando muito”. Ela destaca, também, a beleza do local e a amabilidade das pessoas como um ponto positivo encontrado na vila e afirma que irá indicar o passeio para seus conterrâneos.
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