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A história das praças de Copacabana

Publicado na edição 342 (2ª quinzena de julho de 2012) Tatyana Prazeres

Praça do Lido em 1930

A década de 1950 foi o auge da expansão urbana em Copacabana, acelerada pela tendência de construções cada vez mais altas e pelo aumento demográfico. O bairro apresenta várias praças históricas, que ao longo desses anos passaram por diversas transformações. Algumas são novas, outras foram revitalizadas ou desapareceram para dar lugar a novas construções. Em comemoração aos 120 anos de Copacabana, o Jornal Posto Seis fala um pouco sobre elas.


A Praça Demétrio Ribeiro, na saída do Túnel Engenheiro Marques Porto (nomenclatura dada ao lado do Túnel Novo que chega a Copacabana), tem esse nome em homenagem ao jornalista e primeiro-ministro da agricultura durante o período imperial, Demétrio Nunes Ribeiro. Nos anos 50, devido às obras do alargamento da Avenida Princesa Isabel e com a construção da galeria, a praça foi dividida pela Rua Barata Ribeiro. No local, encontram-se localizados os monumentos de José Maria Paranhos, o Visconde do Rio Branco, responsável por sancionar a Lei do Ventre Livre em 1871; e de Princesa Isabel, que assinou a Lei Áurea em 1888, extinguindo a escravidão no Brasil. Do outro lado da praça, encontra-se a estátua de Braguinha, compositor brasileiro nascido no Rio de Janeiro.


Perto dali, na Avenida Atlântica, está a Praça Bernadelli, mais conhecida como Praça do Lido. Recebeu esse nome em comemoração ao centenário de nascimento do pintor chileno Rodolfo Bernadelli. Ele e seu irmão, Henrique, eram donos de um palacete que servia de ateliê, localizado na esquina da Avenida Atlântica com a Rua Belfort Roxo, ao lado do espaço. Por conta disso, há nela um monumento em homenagem aos dois. A praça, ainda com o nome de 26 de Janeiro, foi endereço de um bar (inaugurado em 1922), um restaurante (a partir de 1928), de outra escola (anterior a que existe no local e demolida para a construção da atual) e de um posto de salvamento, na época em que a orla ainda não havia sido alargada. Hoje, a praça é um espaço muito frequentado por idosos. Existe no local uma calçada da fama com nome de personalidades de Copacabana como Dercy Gonçalves, Walter Alfaiate, Clóvis Bornay, Elke Maravilha, Dóris Monteiro, Emilinha Borba e João Roberto Kelly. Criado para brilhar, o espaço das estrelas está ofuscado por muita sujeira e má conservação.


Já a Praça Cardeal Arcoverde era chamada de Praça Sacopenapã em homenagem ao antigo nome do bairro. Ainda sem ajardinamento, servia de canteiro de obras para a urbanização das ruas vizinhas, que teve grande impulso nos anos 1930. Passou a ter o nome atual em homenagem a Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, mais conhecido como Cardeal Arcoverde. O primeiro projeto urbanístico da praça foi feito por Azevedo Neto e, até o início da década de 1950, o local tinha uma colorida vegetação e um lago. Atualmente, ela possui apenas um quarto da sua área projetada e é um espaço degradado pelo excesso de pessoas, pelo crescimento desenfreado das construções civis e pelas obras do metrô.


Outra praça do bairro é a Manuel Campos da Paz, mais conhecida como Inhangá. Ela recebeu esse nome em homenagem ao médico e ativista nos movimentos tenentistas de 1922 e 1924, Manuel Venâncio Campos da Paz II. Embora alguns moradores digam que o local não tem nenhuma funcionalidade, outros defendem como um local calmo, bom para ser frequentado por crianças e idosos.


Localizada entre as Ruas Siqueira Campos e Hilário de Gouveia, a Praça Serzedelo Corrêa foi construída no final da década de 1880 por uma companhia de bondes e recebeu o nome de Malvino Reis em homenagem ao então diretor da empresa férrea. O local sofreu muitas modificações nas décadas de 1940 e 1950 e, em 1992, foi reurbanizado. Ela é também conhecida como Praça dos Paraíbas, por ter sido frequentada por operários da construção civil, porteiros e domésticas, em sua maioria nordestinos; e pela feira livre que acontece aos domingos ao seu redor. Durante as obras do metrô Siqueira Campos, recebeu temporariamente a sede do posto de saúde da região, no período após a demolição do antigo prédio e antes da inauguração do Centro Municipal João Barros Barreto.


Já no final da Rua Siqueira Campos, quase na Rua Henrique Oswald, a Praça Vereador Rocha Leão é uma homenagem ao líder da câmara municipal Antônio Rocha Leão. Apesar da região na saída do Túnel Velho sempre contado com o status de largo, ela nunca foi considerada uma praça. Com o prolongamento da Rua Figueiredo Magalhães, foi planejada no local sua construção, que conflitava com dificuldades para alargar a rua devido à proximidade com a Rua Siqueira Campos. A obra previa a duplicação da galeria do Túnel Velho e o alargamento total da via. Somente após a morte do presidente Getúlio Vargas, inimigo político do homenageado, a praça foi inaugurada, com a colocação do busto do Vereador Rocha Leão. Seu formato original durou pouco tempo. Em 1970, com o término das obras do túnel, ela foi transformada em um parquinho. Os brinquedos na praça atraíram a frequência das crianças, mães e babás com carrinhos de bebê. Com o fim da construção da estação de metrô Siqueira Campos, a praça foi novamente reurbanizada, e durante as intervenções abrigou as instalações provisórias do 19° BPM.

Praça Vereador Rocha Leão

Perto dela, existe a Praça Edmundo Bittencourt, mais conhecida como a praça do Bairro Peixoto, que sofreu significativas mudanças desde os anos 1950, quando ganhou iluminação pública, piso em saibro, bancos, brinquedos para as crianças, arborização pública e rede de drenagem.

No local está a estátua de Felisberto Peixoto, comerciante português que chegou ao Brasil no final de 1880 e comprou vários terrenos no bairro para construir sua chácara. No início dos anos 1960, o local sofreu intervenção para a construção de uma pista de patinação. Na mesma década, o espaço ganhou também um bonde desativado para servir de coreto. Contudo, foi nos anos 1970 e 1980 que a praça passou por maiores transformações, com a instalação do chafariz, do playground, da nova iluminação, com a criação de três canteiros circulares junto à Rua Décio Vilares e do gramado no local.


No final dos anos 1920, a especulação imobiliária fez desaparecer a praça Santa Leocádia, que nunca foi urbanizada. No lugar, foi construído o cinema Roxy e a Galeria Real. Os moradores dos postos 5 e 6 ficaram sem nenhum espaço semelhante e, por isso, a Prefeitura tentou contornar o problema com a criação da Praça Sara Kubitschek, cerca de 30 anos depois. O novo logradouro foi ampliado nos anos 1990, com a demolição de um prédio que ficava ao seu lado. Para muitos moradores, o mural de Millôr Fernandes acabou sufocando e emparedando o local.


Por sua vez, a Praça Eugênio Jardim tem esse nome em homenagem ao político e militar homônimo, responsável pelo seu assentamento em 1875. Ela fica localizada no encontro entre as ruas Xavier da Silveira, Miguel Lemos e Pompeu Loureiro, onde existe uma saída da estação de metrô Cantagalo. O lugar apresenta boa iluminação pública, brinquedos bem preservados, piso regular e é eleita por muitos moradores como a melhor praça de Copacabana.


A última praça do bairro é a Coronel Eugênio Franco. Situada no final da Avenida Atlântica, junto ao Forte de Copacabana, fez parte do cenário da revolução tenentista, mais conhecida como revolução dos 18 do Forte. Por isso, desde 1936, há nela um monumento aos heróis do episódio e um busto em homenagem a Siqueira Campos.


Para muitos moradores do bairro, os órgãos responsáveis devem zelar por esses patrimônios públicos. Na prática, isso não acontece sempre. A Praça das Violetas, no terreno delimitado entre as ruas Raul Pompeia e Sá Ferreira, ao lado da saída do Túnel Sá Freire Alvim, foi totalmente descaracterizada com a construção de um prédio, onde funcionava uma cooperativa de catadores de lixo. Esse espaço, localizado em um bairro estritamente residencial, transformou-se em depósito de materiais recicláveis e entulho de lixo, o que causava danos respiratórios aos moradores. Logo após ser desativado, o prédio passou a ser usado por moradores de rua para consumo de crack. A Prefeitura reurbanizou a praça, mas até o momento ela ainda se encontra sem nome. O Presidente da Sociedade Amigos de Copacabana, Horácio Magalhães, já entrou em contato com a Secretaria de Conservação solicitando que seja colocado o nome de Praça Luiz Mendes - radialista e morador do bairro -, mas até esta edição a secretaria não se pronunciou.

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