Coluna "A Arte de Copacabana": Athos Bulcão
- Mauro Franco

- 2 de out.
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Na década de 1950, os moradores do Edifício Bolívar, na rua homônima, receberam um presente que entraria para a história do bairro: um painel assinado por Athos Bulcão (1918 – 2008). Diferente de tudo o que produziu ao longo da vida, este é o único trabalho em pastilhas de vidro assinado pelo artista, que, nos anos seguintes à produção, assinou a identidade visual de Brasília, cidade para onde se mudou definitivamente.
No prédio em Copacabana, a obra é bastante discreta. Apenas quem olha de forma atenta para dentro da portaria, enxerga a criação, que difere do que as pessoas costumam conhecer de suas produções, geralmente feitas em azulejos. Ali, Bulcão assinou um painel de pastilhas coloridas que dialoga com o próprio bairro. Seus traços remetem ao balanço do mar, aos peixes, às cores da praia, aos raios do sol. Tudo ali tem ares litorâneos, remetendo ao cenário encontrado a poucos metros de lá.

Apesar de apenas esse painel ser assinado, a página da Fundação Athos Bulcão afirma haver uma segunda produção na região. Na década de 1970, quando o Hotel Lé Méridien (atual Hilton) foi construído, na Avenida Princesa Isabel, o artista assinou um detalhe da fachada: em cima da entrada principal, há uma enorme varanda de mármore, onde se situa uma das piscinas. Ali, há um relevo que foi criação de Bulcão, em 1974 – dois anos antes, ele criou algo semelhante para o auditório do Dataprev, em Brasília.
Essas obras revelam como o carioca estabelecia diálogos singulares com cada espaço, fugindo da repetição. Bulcão criava soluções específicas para cada projeto, transformando arquitetura em expressão visual. Amigo e colaborador de nomes como Cândido Portinari e Oscar Niemeyer, Bulcão fez da integração entre criação artística e edifício a marca de sua trajetória.



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