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Jornal Posto Seis 25 anos: valorização histórica da região inspirou pautas


Ruínas do telégrafo óptico imperial, no Leme
Ruínas do telégrafo óptico imperial, no Leme

Uma faceta muito explorada pelo Jornal Posto Seis ao longo de sua trajetória é a valorização histórica da região. Em diversas vezes, aspectos do passado foram evidenciados, ajudando na perpetuação da memória de épocas que não irão se repetir. Em continuidade à comemoração dos 25 anos do veículo e celebrando os 129 de Copacabana, confira algumas das recordações preservadas pelas reportagens:


História de Copacabana: Quase que anualmente, os aniversários do bairro foram motivo para a história da região ser relembrada, desde as primeiras edições. Nos 120 anos, em 2012, uma edição especial foi desenvolvida, chamando a atenção para detalhes antigos ainda presentes no cotidiano, como o relógio instalado no alto de um prédio na Av. N. Sª de Copacabana, esquina com Rua Bolívar, que era visto da antiga Praça Santa Leocádia quando esta ainda existia. Na que celebrou os 125 anos, em 2017, uma vasta pesquisa fez um grande levantamento do passado da área. Detalhes como a construção da igrejinha que deu nome à localidade; a tentativa do imperador D. Pedro II em erguer na região o Asilo dos Inválidos da Pátria, destinado aos sobreviventes da Guerra do Paraguai; o crescimento impulsionado pela construção da clínica do Dr. Figueiredo Magalhães e até a disputa pelos direitos de trazer o bonde ao bairro, que se estendeu por mais de duas décadas, foram ressaltados em uma extensa reportagem. Personagens como Louise Chabas, que atraía pessoas influentes ao seu cabaré no Posto 6 entre o fim do século XIX e o começo do XX, também foram lembrados. A publicação ainda passeou pelo crescimento urbano, impulsionado pela especulação imobiliária; pela parte cultural, como o Beco das Garrafas; os grandes eventos, como o réveillon, a Olimpíada e a Jornada Mundial da Juventude.


História do Leme: Os aniversários do Leme também foram comemorados nas páginas do Jornal Posto Seis. Nos 117 anos (2011), o histórico do lugarejo foi exaltado através de uma vasta pesquisa sobre seu passado desde a construção do Forte do Vigia, em 1776, abordando ainda a passagem do tempo e o desenvolvimento do comércio (em especial do pólo gastronômico) e citando moradores ilustres. Nos 125 anos (2019), a trajetória foi contada através do surgimento de seus estabelecimentos icônicos, como La Fiorentina, Taberna do Leme, Shirley, Mariu's e muitos outros que não resistiram à modernidade, como o Grande Hotel do Leme, o Bar Alpino, a Cantina Sorrento e as diveras casas noturnas como Fred's e Aspèrge. Outra abordagem que fez sucesso entre os leitores foi a da celebração dos 126 anos (2020), quando alguns “cantinhos” preservados foram listados, como as ruínas do telégrafo óptico imperial e o antigo reservatório.


Forte de Copacabana: O espaço não apenas foi tema de reportagens diversas como ganhou uma edição especial na ocasião de seu centenário, em 2014. Na data, o Jornal Posto Seis relembrou o histórico da fortificação desde a construção, passando por momentos como a Revolta dos 18 do Forte e os disparos contra o cruzador Tamandaré. Também conversou com personagens que viveram ali suas próprias histórias, como o fotógrafo Evandro Teixeira, que, por uma confusão, entrou no local no momento em que os militares que ascenderam ao poder em 1964 concretizavam o movimento; uma frequentadora da igrejinha que existiu no local até a década de 1970 (instalada na Rua Francisco Otaviano); e outras pessoas que, com suas memórias, ajudaram a preservar lembranças esquecidas pela coletividade.


Forte Duque de Caxias: Essa outra fortificação também foi assunto diversas vezes no Jornal Posto Seis, ajudando a manter sua história viva (até Tiradentes chegou a servir ali), assim como seu legado cultural. As muitas exposições realizadas receberam destaque, mas a maior visibilidade ficou por conta da Via Sacra encomendada à artista plástica Mazeredo, inaugurada em 2005 e remodelada 12 anos depois. O Jornal Posto Seis também deu destaque à restauração do sítio histórico, ressaltando as melhorias para os frequentadores, que, a partir de então, passaram a dispôr de estrutura como cantina, banheiro e centro de visitantes, onde o passado militar da fortificação é relembrado.


Bossa nova: Os 40 anos da bossa nova, gênero musical nascido e divulgado em Copacabana, foram homenageados com grande destaque em 1999. Na ocasião, a reportagem exaltou principalmente a parceria entre Tom Jobim e Vinícius de Moraes. O material contou com entrevistas com os empresários Osvaldo Sargentelli e Alberto Campana (amigo de Jobim) e o produtor Luís Carlos Miéle. O Jornal Posto Seis também enalteceu aquele movimento em outras ocasiões, como na intensa divulgação do livro que imortaliza Roberto Menescal, em 2010, e no memorial aos 40 anos da morte de Vinícius de Moraes, em 2020.


Colônia dos Pescadores: Um dos espaços mais tradicionais do bairro, a Colônia dos Pescadores sempre foi aclamada pelo Jornal Posto Seis – inclusive foi tema da reportagem capa da edição número 1. Trata-se da instituição mais antiga da região, incorporada à cidade do Rio de Janeiro quando os pescadores, provavelmente descendentes de indígenas que viviam na área, já ocupavam aquele espaço da praia. Atualmente, a colônia segue como um dos últimos pontos de pesca artesanal da cidade, aspecto bastante valorizado nas reportagens publicadas.


Santuário Nossa Senhora das Graças: Escondido em cima do Túnel Sá Freire Alvim, esse recanto sempre foi lembrado pelo Jornal Posto Seis. Antigo espaço de lazer na década de 1970, tornou-se degradado e problemático, apesar das tentativas dos fieis que usam o espaço para rezas e missas. Ao longo dos anos, as reportagens cobraram ações do Poder Público no que diz respeito à conservação e à segurança no local, sempre evidenciando o potencial e o passado saudável do terreno, transformado em um santuário após promessa de uma moradora.


Parque da Chacrinha: Outro espaço bastante defendido pelo Jornal Posto Seis é o Parque da Chacrinha, a última representação da Copacabana colonial. Reduto militar de quando o território correspondente ao bairro ainda era uma zona de aguada, foi preservado com o passar dos séculos e após ter sido ameaçado pela especulação imobiliária, na década de 1980, foi transformado em um oásis no bairro. Nos 50 anos do parque, em 2019, o Jornal Posto Seis publicou um especial sobre o local, destacando sua história e particularidades como sua fauna e flora, com ênfase ao único exemplar de Eugenia copacabanensis ainda existente na região (que, no passado, possuía tantos que chegou a dar nome à espécie) e ao jequitibá bicentenário retratado, no século XIX, em uma gravura de Rugendas.


Casas e prédios que fizeram história: Reportagens variadas exaltaram a época que a região ainda não era repleto de prédios. A Casa Villiot, uma das últimas assinadas pelo arquiteto Antônio Virzi ainda de pé na cidade e atualmente endereço de uma biblioteca municipal na Rua Sá Ferreira, teve seu passado relembrado em uma publicação de 2012. No ano seguinte, a demolição da última casa da Avenida Atlântica foi tema de uma que trouxe ao público o histórico daquele imóvel, vendido após a morte da proprietária que residiu ali por mais de um século – a senhora morreu aos 103 anos. Na mesma época, as vilas foram exaltadas em seis edições consecutivas. Os espaços, que conservam um modo de vida muito associado ao passado, foram estudados pela equipe do Jornal Posto Seis, que visitou cada um. Outros imóveis ainda preservados também foram destacados em outras edições, como a casa da Rua Sousa Lima, 171, que, apesar de tombada, segue se deteriorando; e a antiga residência da empresária Margerite Coney, no Leme, onde a professora incentivou a educação das crianças do bairro, em especial as moradoras dos morros. Alguns edifícios, como Richard (Rua Barata Ribeiro), Guarujá e Master (ambos na Rua Domingos Ferreira), além de outros que não existem mais como Ferrini, Vogue, Leão Veloso e São Luís Rei, foram também temas de reportagens, como uma das que compôs o especial de 120 anos de Copacabana.


Comércio “das antigas”: Em diversas ocasiões, o Jornal Posto Seis ressaltou alguns estabelecimentos comerciais bastante tradicionais de Copacabana. Em 2013, uma reportagem chamou a atenção para o quarteirão entre as ruas Santa Clara e Raimundo Corrêa, que conservava três deles, todos com mais de 50 anos de funcionamento e geridos, nesse tempo, pela mesma pessoa. Dois anos depois, o restaurante Cirandinha e a confeitaria La Marquise, ambos já fechados, foram tema de outra reportagem, no contexto da escolha de ambos, por parte da Prefeitura, como negócios notáveis.


Clube Cultural e Recreativo Posto 6: Outro espaço muito prestigiado pelo Jornal Posto Seis é o clubinho, alcunha como o local é chamado pelos frequentadores há mais de 50 anos. Tradicional endereço onde o público se diverte com jogos de baralho, entre outras maneiras de entretenimento, é, até os dias atuais, um importante ponto de encontro da terceira idade, que não apenas se diverte como também faz do local um importante espaço de socialização.

Cinemas: Copacabana já concentrou um enorme número de salas de cinemas e visando preservar a memória de cada uma delas, a coluna “Os Cinemas de Copacabana”, lançada em 2020, relembra esses espaços, antes ícones da modernidade e agora, apenas lembranças dos moradores mais antigos. Os cinemas Roxy e Joia, que encerraram suas atividades devido à pandemia, também receberam menções especiais ao longo do tempo. O primeiro foi evidenciado com uma reportagem especial nos 120 anos do bairro, em 2012, e o segundo recebeu homenagens em sua reinauguração, em 2014, quando apostou em uma programação alternativa de “filmes queridos pelo público” para agradar os frequentadores através de suas memórias afetivas.


História do Rio: Apesar do Jornal Posto Seis se concentrar em destacar a história de Copacabana e do Leme, os 450 anos da cidade, em 2015, foram motivo de uma edição especial, que dedicou seis páginas à sua história. A edição trouxe curiosidades como o primeiro logradouro público, a construção mais antiga ainda de pé (assunto este retomado na celebração dos 455 anos, em 2020 – nesta data, as dez mais antigas foram homenageadas) e o primeiro bar, além de uma seção no estilo “você sabia?” e outra reportagem destacando alguns dos 1,1 mil monumentos e chafarizes.


Pessoas: O Jornal Posto Seis reconhece que a história também é feita por pessoas como Leah Mendes de Moraes, a Tia Leah, uma dos precursores do vôlei nas areias do bairro. Na reportagem publicada em 1997, já somava 30 anos à frente da rede situada entre as ruas Francisco Sá e Joaquim Nabuco. Outros notáveis: Seu Nonô, que confeccionava redes de vôlei artesanalmente; Jorge de Paiva, poeta que conheceu uma Copacabana bastante diferente da atual – certa vez, ele chegou a conversar com a equipe do Posto Seis sobre a ocasião em que estava na escola e foi surpreendido com o estrondo de um tiro de canhão no Forte; a pedagoga Iolanda Maltaroli, que fundou o Solar Meninos de Luz após o desabamento de uma caixa d'água no morro do Pavãozinho, o que soterrou muitos barracos; e os diversos moradores centenários que fizeram das reportagens suas biografias, dividindo com os leitores recortes de suas vidas e, assim, ajudaram a completar o quebra-cabeça da história da região.

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