O Espaço Cultural da Marinha é um museu militar localizado no centro. Dentre as atrações, os frequentadores podem conhecer uma das embarcações do regente D. João VI, o interior de um submarino, uma réplica de uma das naus do descobrimento do Brasil, peças recuperadas de naufrágios e saber um pouco da história da Marinha do Brasil. No entanto, o que mais atrai os visitantes são os passeios à Ilha Fiscal, onde aconteceu o último baile do Império, e à Baía da Guanabara. O centro cultural foi aberto ao público em 21 de dezembro de 1996, no espaço em que, no século anterior, havia funcionado a antiga doca da alfândega e que, depois, foi o cais da estatal Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro, que foi desativado devido ao aumento das dívidas daquela que havia sido maior companhia de navegação da América Latina. A construção foi toda restaurada para a fundação do museu. A exposição conta com o navio-museu Bauru, que participou da Segunda Guerra Mundial e era exposto ao público desde 1982 no Aterro do Flamengo; o submarino-museu Riachuelo, que foi desarmado em 1997 para a atual função; o helicóptero Rei-do-Mar; a réplica da nau do descobrimento, com uma exposição que mostra como era a vida embarcada entre os séculos XV e a galeota D. João VI, a peça mais charmosa do acervo. Construída em 1808, era usada pela família real para passeios pela Baía da Guanabara. Além disso, os visitantes podiam conhecer também um painel mostrando as evoluções marítimas e o acervo de peças recuperadas de naufrágios e restauradas com o uso de arqueologia subaquática. Dentre os objetos, encontram-se garrafas de vinho do Porto resgatadas da fragata Queen, afundada na Baía de Todos os Santos em 1800. O palácio da Ilha Fiscal foi aberto à visitação em 1999. Transferido à Marinha em 1914, é, por si só, uma atração, com sua arquitetura gótica. Erguido na Ilha dos Ratos, que tem 4 mil m², foi encomendado pelo imperador D. Pedro II, que teria conhecido a porção de terra em um passeio e gostado da localização, na entrada da Baía da Guanabara, ideal para a sede do serviço marítimo da alfândega. A nova função, fiscal, acabou rebatizando o local. Inicialmente, o prédio seria simples e de tijolos. Porém, antes mesmo de sua conclusão, o monarca mudou de ideia e optou por um projeto mais luxuoso. O engenheiro Adolpho José Del Vecchio, que era o responsável pela obra, inspirou-se nos castelos franceses do século XIX do arquiteto Violet-le-Duc e desenvolveu o novo trabalho, que só foi concluído em 1892. Apesar de não estar pronto na data, aconteceu ali o último baile do Império, em 9 de novembro de 1889, para seis mil convidados. Mesmo com a crise da monarquia, a população carioca solidarizou-se com a festa. O dia ensolarado atraiu o povo ao Cais Pharoux, na Praça XV, onde o luxo das vestimentas transformou a chegada dos convidados em um grande desfile. A quantidade dos itens servidos chamou a atenção de todos: foram 500 perus, 64 faisões, 1.300 frangos, 3 mil sopas, 800kg de camarão, 800 latas de lagosta, 400 saladas variadas, 300 presuntos, 600 gelatinas, 20 mil sanduíches, 14 mil sorvetes, oferecidos por 150 garçons. Seis dias após sua realização, a República foi proclamada. Além das dependências do palácio, há também três exposições permanentes, que mostram sua história e as contribuições sociais e científicas da Marinha. As visitas, guiadas, costumam começar pelo trajeto: o acesso costuma ser feito através a bordo da escuna Nogueira da Cunha. Quem gosta de travessias embarcadas pode aproveitar ainda o passeio do rebocador Laurindo Pitta, o navio mais antigo da marinha. Construído em 1910, é o único remanescente da Primeira Guerra Mundial e que foi inteiramente reformado. O trajeto passa pelos seguintes locais: Estação das Barcas da Prava XV, Aeroporto Santos Dumont, Escola Naval, Aterro do Flamengo, Pão-de-Açúcar, Fortaleza de São João, Ilha da Lage, Fortaleza de Santa Cruz, Museu de Arte Contemporânea, Ilha de Boa Viagem, Diretoria de Hidrografia e Navegação, Ponte Rio-Niterói, Ilha das Enxadas, Ilha Fiscal e Ilha das Cobras. O Espaço Cultural da Marinha fica na Rua Alfredo Agache, s/n (entre a Praça XV e a Avenida Presidente Vargas). As visitas acontecem de terça a domingo, das 12h às 17h. O passeio marítimo pode ser realizado às quintas e domingos, às 13h15h e às 15h15h. Mais informações podem ser obtidas através dos telefones 2104-5592 ou 2104-6025.
Fonte: BARROS, Jorge Antonio. "Ilha Fiscal ganhará navio mais antigo da Marinha". Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 7 de março de 1999, página 20. CAMARA, Eric Brücher. "Prédio da Ilha Fiscal vai ser transformado em museu". Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 25 de janeiro de 1998, página 32. GARAMBONE, Sidney. "As folias do Imperador". O Globo, Rio de Janeiro, 5 de agosto de 1990, página 35. GARAMBONE, Sidney. "Dom Pedro II mandou construir o palácio da Ilha Fiscal". O Globo, Rio de Janeiro, 5 de agosto de 1990, página 34 e 35. SN. "Marinha faz corredor cultural no Centro". Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 9 de outubro de 1995, página 12. SN. "Um mergulho na história". Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 1996, página 19. In: http://www.mar.mil.br/dphdm/ilha/ilha.htm In: http://www.mar.mil.br/dphdm/ecm/ecm.htm In: http://www.mar.mil.br/dphdm/bauru/bauru.htm In: http://www.mar.mil.br/dphdm/riachu/riachu.htm In: http://www.mar.mil.br/dphdm/ecm/nau/nau.htm In: http://www.mar.mil.br/dphdm/pitta/pitta.htm In: http://www.mar.mil.br/dphdm/pitta/pitta_passeio.htm
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