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Bonsucesso, Ramos, Olaria e Penha (Zona da Leopoldina)


Igreja da Penha

O desenvolvimento dos subúrbios cariocas deu-se simultaneamente ao avanço dos transportes, em especial o ferroviário, no Rio de Janeiro. A Estrada de Ferro D. Pedro II, inaugurada no século XIX, era responsável por ligar as regiões de São Paulo e Minas Gerais - produtoras de café - ao litoral, onde o produto era escoado. No mesmo século foi inaugurada a Estrada de Ferro Leopoldina, funcionando como uma espinha dorsal que cortava o Rio de Janeiro e era conectada a Minas Gerais. A ferrovia deu nome a parte da Zona Norte carioca pela qual transpassava. Entre os bairros da Zona da Leopoldina estão Bonsucesso, Ramos, Olaria e Penha. O bairro de Bonsucesso era anteriormente um latifúndio pertencente a Cecília Vieira de Bonsucesso que, devido à valorização de suas terras por causa do desenvolvimento das linhas férreas, doou parte de seus terrenos para a passagem dos trilhos. Em troca, a região que passou a se desenvolver ao redor da ferrovia foi batizada com o seu nome. O lugar foi, até o século XX, um dos pólos de maior desenvolvimento e expressão, sobretudo na Zona Norte carioca recebendo, inclusive, muitas indústrias, que após a desconcetração ocorrida durante o final do mesmo século, tiveram suas áreas físicas abandonadas e entregues a ação do tempo. Hoje, um logradouro muito importante para a própria caracterização do bairro é a chamada Praça das Nações, onde é possível encontrar um chafariz construído em 1908 no centenário da Abertura dos Portos às Nações Amigas e o Monumento aos Expedicionários da Segunda Guerra Mundial. Há ainda a Igreja de Nossa Senhora de Bonsucesso, na Rua Galieni, 122. Em Bonsucesso, ainda foi contruída uma estação que faz parte do Teleférico do Complexo Alemão, comunidade que faz divisa com o bairro. Essa Estação é uma das principais do trajeto do teleférico, por ser integrada aos trens da Supervia. Além de melhorar em diversos aspectos a vida dos moradores do complexo de 13 comunidades, gerando empregos e fazendo a interligação com o transporte ferroviário, o transporte é ainda uma referência turística. De outra estação, a Estação Adeus, há um mirante de onde é possível ter uma ampla vista da cidade do Rio de Janeiro. Em 1886, quando a Estrada de Ferro Leopoldina - então chamada Estrada de Ferro do Norte - atingiu as terras do capitão Luís José Fonseca Ramos, deu-se início a história do bairro de Ramos. Em troca da contrução de uma parada de trem dentro dos seus domínios e que levaria seu nome, o capitão cedeu parte de suas terras para a companhia ferroviária e a partir daí surgiu a Parada de Ramos. A área começou a se desenvolver ao redor dessa estação, que acabou nomeando-a até os dias de hoje. Nos limites onde era o antigo Sítio dos Bambus começaram a surgir as primeiras ruas de terra e os primeiros casarões. Personagem muito importante para a história e desenvolvimento não só de Ramos, mas também de outras áreas da Leopoldina, foi o caixeiro-viajante João José Batista, popularmente conhecido como "Andorinha". Essa personagem acumulou riquezas com o seu ofício e empregou seu dinheiro na compra de terrenos e contrução de belas casas onde sempre deixava sua marca registrada: fachadas adornadas com duas andorinhas, muitas das quais podem ser encontradas até hoje pelo bairro. A primeira mansão de Ramos foi construída pelo Andorinha e hoje, abriga o SESC Ramos, que promove ações socioeducativas e comunitárias. Por volta de 1910, o coronel Joaquim Vieira Ferreira adquiriu alguns terrenos virgens no bairro nos quais construiu a Vila Gérson, importante pólo de urbanização do local. Nos limites da vila encontrava-se a Praia de Ramos, que durante aquele século foi conhecida como a "Copacabana dos Subúrbios", fazendo alusão a famosa praia da Zona Sul da cidade. A fama esvaiu-se um pouco depois quando, por determinação da prefeitura, a praia teve que se desvencilhar da iniciativa privada e foi abandonada, dando origem à insalubridade da região e aos primeiros focos de ocupação irregular que hoje constituem o gigantesco Complexo da Maré. Ramos abriga muitos pontos importantes do cenário cultural suburbano carioca, dentre eles, estão: o lendário Cais da Pedra, em referência a uma enorme pedra que pode ainda ser vista da Praia de Ramos; Igreja Nossa Senhora das Mercês, erguida em 1933; a Igreja Presbiteriana de Ramos, de 1922; o Social Ramos Clube, contruído no antigo Sítio dos Bambus; o G.R.E.S Imperatriz Leopoldinense, uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio de Janeiro; o Bloco Carnavalesco Cacique de Ramos; Cinema Ramos (Cinema Rosário), de 1938, construído em estilo art déco; a Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Ramos, a principal e mais antiga igreja do bairro, construída em 1923, em cima do Morro da Bela Vista, oferece uma vista de todos os subúrbios da Leopoldina; o Piscinão de Ramos e o Circo Voador, que fazem parte da cultura e do cotidiano locais. O Piscinão é frequentado para banhos e está constantemente lotado, enquanto o circo voador, nos limites da praia artificial, oferece shows e eventos à comunidade. O bairro de Olaria surgiu nas terras de Francisco José Pereira Rêgo, que junto com sua esposa percebeu o potencial das terras para a produção de cerâmica. Dessa forma, surgiram as primeiras olarias que serviam a região com telhas e louças. O negócio da família Rêgo prosperou e a área ficou então conhecida como a região das olarias e que mais tarde consolidou-se realmente como o nome do bairro. O trem foi atraído pela produção das fornalhas e em 1917 foi oficialmente inaugurada a Estação Olaria. No início do século XIX começaram as atividades do Matadouro da Penha, que passou a ser responsável pelo abastecimento de carne na região. O negócio cresceu e passou a ser conhecido como a Invernada de Olaria que nas décadas de 1960 e 1970 tornou-se a Segunda Subseção de Vigilância da Polícia e passou a figurar com certa frequência nas páginas policiais. Foi devido a existência do Matadouro da Penha, que surgiu um dos clubes mais importantes dos subúbios cariocas, o Olaria Atlético Clube. O time foi formado por funcionários da empresa, que disputavam pequenos campeonatos, até que resolveram tornar a ideia em algo profissional. Hoje, a sede, contruída em 1925, do Olaria A.C. Possui uma impecável infraestrutura que inclui ginásio coberto, churrasqueiras e um estádio com capacidade para nove mil pessoas. O bairro ainda possui a Igreja Matriz de São Geraldo, de 1932 e a Igreja de São Sebastião, que atende o morro do Alemão. Dentre os bairro da Leopoldina, talvez a Penha possa ser considerada um dos mais expressivos, principalmente porque é ela que detém aquele que é considerado o ícone dos subúrbios leopoldinenses, a Igreja da Penha. Após um suposto milagre concedido pela Virgem Maria, o agraciado capitão Baltazar Abreu Cardoso decidiu erguer um santuário para Nossa Senhora da Penha de França, em 1655, em um morro próximo a sua fazenda, onde já existia uma ermida em favor de Nossa Senhora do Rosário. Desde seus primórdios, a Igreja da Penha atraiu muitos fiéis, o que, unido ao progresso que aos poucos se lançou sobre a região, fez com que um grande número de pessoas se fixasse por lá. A atual aparência da Igreja, data de uma reforma entre 1903 e 1906, quando a escadaria em que os fiéis pagam suas promessas foi alargada e a contrução ganhou suas duas torres. A Penha ainda possui a Estação da Penha, onde passava o trem e a Rua dos Romeiros, por onde passavam as procissões; o Parque Shangai também é uma atração à parte, por ser o mais antigo parque de diversões da cidade; no Largo da Penha, onde acontecem as festividades religiosas, há a Estátua da Índia, que tem seu par no Museu Histórico da Cidade, na Gávea. Muitos dos primeiros habitantes da Penha eram trabalhodores do Cortume Carioca, que na década de 1920 era o mais importante do país. O lugar atualmente onde funcionava o estabelecimento encontra-se abandonado e é possivel observar de longe suas ruínas. Os subúrbios da Leopoldina tem seu passado envolto em histórias e lendas que fizeram parte da formação de grande parte da população de média e baixa renda do Rio de Janeiro. Hoje, esses locais sofrem com um alto índice de favelização, marcado pela presença de grandes comunidades como os complexos do Alemão e da Maré. A contrução de vias de acesso como as linhas Vermelha e Amarela e a Avenida Brasil, trouxeram um progresso rápido, mas desordenado, deixando muitas mazelas ainda presentes na vida e no cotidianos do local.

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