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Berta Loran comemora 95 anos


(Foto: Angela Zaremba)

A atriz e comediante Berta Loran completou 95 anos no fim de março. Moradora de Copacabana, a artista tem motivos de sobra para comemorar a nova idade: em breve, sua biografia deve ganhar uma segunda edição, além de ser transformada em um espetáculo teatral.


Nascida Basza Ajs, vivia com a família, de origem judaica, na capital da Polônia. O endereço da residência, na Rua Mila, em pouco tempo se transformaria em parte do Gueto de Varsóvia, que chegou a reunir 400 mil pessoas e viria a se transformar em um dos maiores símbolos do Holocausto. Temendo pela vida após escutar discursos de Hitler em rádios, seu pai fugiu para o Brasil com a esposa e os filhos e logo sua decisão se mostraria correta - os demais parentes foram mortos, assim como a maioria dos moradores daquela região.


Descobriu-se atriz em sua primeira ida ao cinema, assim que chegou ao Rio de Janeiro. Para evitar estranhamentos por parte das outras crianças, teve seu nome abrasileirado em sua nova certidão, passando a se chamar Berta – Loran viria mais tarde, apenas artisticamente, em referência aos seus cabelos naturalmente loiros. Logo iniciou sua carreira em clubes e escolas judaicos, com textos em ídiche, ao lado de seu pai. Aos 20 anos, casou-se pela primeira vez – ao longo de sua vida, faria isso mais três vezes.


Com a criação do Estado de Israel, em 1948, o hebraico, então limitado a cânticos e orações, foi adotado como idioma oficial e o ídiche perdeu espaço. Por não saber se comunicar naquela outra língua, Berta desvinculou-se do nicho que a lançou como artista e foi apresentada ao grande público no teatro de revista “O Pudim de Ouro”. Logo, estreou na TV Tupi e a partir de então, nunca parou – até o presente momento, integrou o elenco de dezenas de produções na TV, filmes e espetáculos teatrais no Brasil e no exterior. Sua veia cômica a fez ser convidada para diversas produções humorísticas ao longo dos anos, como a portuguesa Manuela D’Além Mar, na Escolinha do Professor Raimundo, atração na qual permaneceu por 7 anos. Suas participações durante quase duas décadas nos programas de Jô Soares também foram marcantes.


Devido à pandemia de COVID-19, Berta optou por não comemorar seu aniversário em grande estilo, como nos outros anos. Dessa vez, limitou-se a celebrar em um almoço com os sobrinhos, realidade bastante diferente dos seus 90 anos, quando realizou festa, coquetel, exposição, documentário, participou de um show com artistas diversos e lançou sua biografia; ou dos seus 92, quando estrelou o show “As Damas do Humor e da Canção”, ao lado da amiga Jane Di Castro. Ali, Berta mostrou seu talento cantando, contando piadas, dançando, sapateando e emocionando a plateia.


Enquanto aguarda a segunda dose da vacina, a ser tomada em abril, a artista faz planos para o futuro. Ela espera voltar ao trabalho em breve – o seu mais recente foi uma participação na novela “A Dona do Pedaço”, exibida na Rede Globo em 2019, onde viveu Dinorá, mãe do personagem de Marco Nanini. Por enquanto, a única certeza é que o livro que conta a história de sua vida (“Berta Loran: 95 anos de Humor”, assinado pelo jornalista João Luiz Azevedo) ganhará uma segunda edição e uma adaptação teatral. A estreia é prevista para o fim de 2021.

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