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Área verde atrás do Rio Sul expõe sucesso de replantio organizado por associação de moradores


Situada atrás do Shopping Rio Sul e desconhecida da maior parte dos frequentadores do centro comercial, a Área Verde Senhor dos Milagres da Ramon Castilla funciona quase como um oásis em meio aos prédios. O caminho proporciona ao público um passeio em meio à natureza, fruto do replantio iniciado há cerca de sete anos em um terreno degradado e pavimentado, o que já atraiu animais, como borboletas e micos, ao local.


Todo o trabalho é realizado por cinco educadores ambientais, que fazem parte da cooperativa financiada pelo Rio Sul. Os profissionais trabalham das 6h às 15h e também são quem regam, limpam o caminho, fazem pequenas podas e replicam as mudas para o enriquecimento do Morro da Babilônia. Para isso, foram construídos dois mudários, que os visitantes podem conhecer: basta chegar no horário com trabalhadores disponíveis e solicitar. Uma das estruturas é custeada pela associação de Moradores das Ruas Lauro Muller, Ramon Castilla, Xavier Sigaud e Adjacências (ALMA), responsável também pela conta d’água referente a ambas. As demais despesas relacionados à rega são de incumbência da administração do shopping.


Visando reduzir a quantia a ser paga, o grupo planeja construir um sistema de captação e armazenamento da chuva que desce pela encosta do morro, novamente com apoio do shopping. “Há uma parte que é rochosa, a água sai limpinha”, aponta o presidente da associação, Abílio Valério Tozini, que planeja: “A ideia é tentar parceria com alguma univesidade para implementar um projeto desenvolvido por engenheiros que entendam de mecânica de solos para a instalação de diversas caixas d’água camufladas na encosta”.


Enquanto a ideia não sai do papel, outra medida já funciona com sucesso: uma fábrica de compostagem, que gera adubo para ser usado no local a partir de doações de resíduos alimentares entregues pelos moradores do entorno. “A ideia é que eles separem restos de vegetais, casca de ovo e pó de café. Até cítricos são aceitos, apesar de não recomendados, já que dificultam a fermentação biológica. Como temos oito módulos, no começo já decompomos estes, que são antibióticos naturais. O material é misturado às sobras de podas”, explica Tozini, continuando: “Colocamos uma camada de material triturado, uma de orgânicos, mais uma de terra, e a cada semana mudamos os módulos. Da terceira em diante, a fermentação é menos intensa e é possível semear minhocas e gorgulhos, que aceleram o processo de decomposição e enriquecimento do solo, já que quando defecam, o material sai mais misturado e com minerais estabilizados com compostos orgânicos. Na oitava, o adubo está pronto”.


O número de mudas plantadas é desconhecido, mas o presidente acredita ser superior a 1 mil. Através das imagens disponíveis no Google Maps, é possível acompanhar o quanto as plantas ocuparam o terreno, confirmando as estimativas. Apesar de a quantidade real ser uma incógnita, as espécies foram selecionadas especialmente para a ação. “Há apenas árvores frutíferas que amadurecem no inverno, época muito precária de frutas. Entre setembro e abril, há muitas silvestres, mas nos demais meses, há escassez, o que afeta as aves”, esclarece.

A primeira imagem, de março de 2014, mostra o local ainda escondido pelo muro. A segunda, de novembro daquele ano, exibe a área sem a vegetação. A terceira, de novembro de 2019, evidencia o trabalho de reflorestamento

O sucesso da ação é tanto que o caminho foi integrado à Trilha Transcarioca, no contexto da fundação desta, funcionando como passagem entre os trechos do Morro da Babilônia e do Pão-de-Açúcar. A escadaria, que leva ao alto do primeiro morro, atrai a curiosidade de quem caminha pelo local e levaria mais visitantes ao espaço, mas o acesso precisou ser fechado por questões de segurança. Enquanto não é possível retomar a continuidade desse trajeto, o público segue prestigiando a área verde como espaço de lazer. É o caso da aposentada Paula Kern, 92 anos, que passeava pelo local após uma ida ao médico e foi convidada por um vigilante a entrar. Ela caminhou por toda a extensão, adequadamente pavimentada para sua faixa etária, e não poupou elogios: “Achei tudo muito bom! Diferente de outros lugares, não há bagunça, população em situação de rua, nada…”. Ela aponta que há poucas opções de caminhos como este preparados para idosos, comparando o grau de dificuldade com a do bosque no alto do Pão-de-Açúcar, que não é acessível ao bolso de todos.

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