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Tuberculose: se tem tratamento, porque há óbito?


A tuberculose, doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, é provavelmente um dos problemas mais desafiadores da saúde pública mundial. Apenas em 2018, cerca de 10 milhões de pessoas ficaram doentes e 1,5 milhão morreram em decorrência de suas complicações.


No Brasil, em 2019, ano em que lideramos as estratégias globais contra a tuberculose, registramos 2.459 casos a menos da doença, comparados a 2018. Ainda segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, houve uma redução de 8% no número de óbitos na última década (4.881 óbitos em 2008), em 2018, 4.490 pessoas morreram no país.

Mas se há cura, porque os números são tão altos? Existem alguns pontos importantes para se entender e desmistificar sobre a tuberculose que o Dr. Felipe de Andrade Magalhães, diretor médico do Jaleko vai explicar. Fique atento.

  • Infecção:

Transmitida pelo Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch, a tuberculose é contagiosa mesmo quando latente. Uma pessoa infectada pode servir como reservatório para o bacilo, e boa parte da população mundial pode estar infectada, sem saber e nunca sequer desenvolver a doença. O problema é que esse organismo pode não conseguir eliminar o bacilo, e então quando a imunidade ficar baixa ele é reativado e, então, se tornar infectante. Como a grande parte das doenças respiratórias transmissíveis o contágio se dá pelo ar ou proximidade de pessoas infectadas (tosse, espirro, gotículas). Estima-se que, durante um ano, um indivíduo com baciloscopia positiva pode infectar, em média, de 10 a 15 pessoas dentro de sua comunidade, a contaminação ocorre entre pacientes que passam algum tempo junto, portanto as pessoas mais próximas são os mais infectados. A doença afeta principalmente os pulmões, mas pode acometer outros órgãos e sistemas em casos mais raros, como linfonodos, pleura e meninge.

  • Sintomas:

Os principais sintomas na forma pulmonar, que além de ser a mais frequente é também a principal causa pela propagação da transmissão da doença, são tosse por mais de duas semanas, produção de catarro, em casos mais graves escarro com sangue, febre baixa, dor no peito, cansaço/fadiga, sudorese noturna e emagrecimento.

Já em sua forma extrapulmonar, que acomete outros órgãos que não o pulmão, mais comuns em pessoas que vivem com o HIV ou com comprometimento imunológico, os sintomas são; febre vespertina, sudorese noturna, emagrecimento, cansaço/fadiga. Eventualmente até mesmo pessoas sem comorbidades podem desenvolver formas extrapulmonares.

  • Diagnóstico:

O diagnóstico para tuberculose é realizado por exames bacteriológicos, como Baciloscopia, teste rápido molecular para tuberculose e cultura para microbactéria. E por imagem, que são considerados exames complementares, como radiografia e/ou tomografia de tórax.

  • Tratamento:

É muito importante lembrar que o tratamento para tuberculose é oferecido gratuitamente pelo SUS, e dura em média, seis meses. Infelizmente, o abandono é um dos motivos que mais levam ao óbito e ao aumento da resistência da bactéria ao tratamento. Apesar da melhora dos sintomas aparecer já nas primeiras semanas, a cura só é garantida ao final da terapia. No Brasil, a cada 10 pessoas, pelo menos uma abandona o uso dos medicamentos.

O tratamento é feito com doses combinadas de medicamentos que são padronizadas pelo ministério da saúde. Além da importância de seguir as recomendações é imprescindível que o paciente adote hábitos de higiene, evite aglomerações e compreenda que estamos sobrevivendo a maior crise sanitária de doenças respiratórias já vista na história mundial. E com a imunidade baixa, este paciente estará suscetível a diversos outros tipos de enfermidades.


A tuberculose é um grande desafio médico da atualidade, apesar de seu agente ter sido descrito no século XIX. Há dificuldades com o estigma da doença, a busca por pacientes em estágios iniciais, e o alto índice de abandono do tratamento, que dura meses. Questões como essas combinadas à crise sanitária que estamos vivenciando podem ser altamente alarmantes, por isso é muito importante que campanhas sejam endossadas e médicos estejam sempre atentos, não só aos cuidados, mas também para agirem como agentes de saúde.” ressalta, Magalhães

Felipe Magalhães é médico e diretor científico da EdTech Jaleko, graduado na UFF- Universidade Federal Fluminense, com residência clínica médica no Hospital Adventista Silvestre e residência em nefrologia na UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente é também coordenador da comissão de residência médica do Hospital Federal da Lagoa.

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