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Vilas de Copacabana preservam a tradição em meio a modernidade

Publicado na edição 364 (2ª quinzena de junho de 2013)

Thayssa Rodrigues


Na edição passada, o Jornal Posto Seis iniciou um especial sobre as vilas de Copacabana, mostrando o estilo de vida de três vilarejos preservados na Avenida Princesa Isabel. Agora, dando continuidade a essa série, serão apresentadas as características de outras três vilas mantidas no bairro, mais precisamente nas ruas Santa Clara e Barata Ribeiro, e o esforço de seus residentes em cultivar as peculiaridades desses espaços. Festas comunitárias e o convívio constante na porta de casa fazem parte da rotina desses ambientes, que buscam aliar tradição e modernidade.


Na Rua Barata Ribeiro, uma das principais vias do bairro, existe, no número 533, uma ruela sem saída fechada por um portão de ferro, fixado entre dois grandes edifícios. Ali, nessa faixa estreita e silenciosa, há uma vila com todos os seus principais atributos. Na frente de cada casa, penduradas junto aos postes, luminárias elétricas imitam o estilo antigo dos lampiões a gás, dando um charme a mais ao lugar e indicando a força de suas tradições. A convivência entre os vizinhos é tão positiva, que em datas comemorativas as festas ocorrem ali mesmo, na rua, para que todos possam participar. “Ainda não combinamos nada para a festa junina desse ano, mas sempre organizamos festas de natal e de ano novo. Nessas ocasiões todos confraternizam fora de casa, porque os moradores acabam se tornando amigos de longa data”, relata o estudante Elias Campelo, de 23 anos, que mora com a família desde pequeno no local e afirma ter crescido junto a outras crianças, com as quais criou laços de amizade desde muito cedo.


A poucos metros dali, no número 90 da Rua Santa Clara, outra vila compartilha dos mesmos predicados, somando elogios entre seus proprietários. O relacionamento cultivado ali dentro, no entanto, é apontado pela moradora Deusa Machado, de 74 anos, como um ponto positivo, mas que merece certos cuidados para não se tornar motivo de desavenças. “A proximidade entre as pessoas é maravilhosa. É como se fosse uma cidade do interior, onde todo mundo se conhece pelo nome. Mas claro, é preciso saber se relacionar e manter um certo jogo de cintura, porque a turma fica muito íntima, passa a conhecer seu modo de vida, saber o que você faz, acompanhar a sua rotina...”. Mesmo assim, segundo ela, no fim das contas, são os pontos positivos que se destacam nesse ambiente coletivo: “Temos a oportunidade de conviver com pessoas bacanas, com as quais sabemos que podemos contar”. Quanto as histórias e boatos que possam surgir entre as casas geminadas, tão próximas quanto os comentários vindos das janelas e os sorrisos trocados na porta de casa, ela afirma estar tudo bem: “ Ninguém espalha, fica tudo em família aqui dentro”, conclui aos risos.


Na mesma rua, um pouco mais adiante, no número 148, está a “Vila Copacabana”, que alia modernidade a simplicidade, para o conforto de seus residentes. Na entrada, logo após o portão eletrônico, uma pequena casinha, no melhor estilo camponês, abriga os porteiros do local e a televisão que capta o circuito interno de segurança instalado na ruazinha. As câmeras de segurança, no entanto, nunca registraram qualquer movimento suspeito, conforme relata Reginaldo José da Silva, um dos quatro porteiros da vila, contratado há sete anos. Além da tranquilidade oferecida pelo espaço, o clima amigável cultivado ali é um dos diferenciais apontados pelo funcionário: “Aqui dentro, crianças, cachorros, papagaios e periquitos convivem em harmonia, cada um respeitando o espaço do outro e todos dividindo a mesma área comum”.


Por ser tão diferente das moradias atuais, esses vilarejos, com todos os prós e contras relatados, despertam a atenção dos que passam em frente aos seus portões: “Todos que caminham pela rua dobram o pescoço para olhar a vila e ficam encantados com o que veem. Quase todos os dias alguém pergunta se tem algum imóvel para vender”, relata Reginaldo. A procura, no entanto, nem sempre é fácil, conforme explica a atriz Maria Clara, proprietária de uma das residências do local: “Dificilmente elas chegam a ser anunciadas para venda. O que acontece é que, na maioria das vezes, uns avisam os outros quando há um imóvel disponível, gerando uma divulgação entre os conhecidos. Comigo foi assim, quando comprei a minha”.


Para os que se animaram com a ideia de viver em um desses pequenos cantinhos de sossego no meio da agitação de uma grande cidade, ai vai uma notícia: a qualidade de vida mantida ali, e os tantos elogios acumulados entre seus frequentadores, tem um preço alto, que beira os dois milhões de reais. Segundo Reginaldo, na vila em que trabalha existem dois imóveis a venda, com valores dentro dessa média de preço. Porém, eles não devem permanecer muito tempo disponíveis, já que a procura é grande e a oferta cada vez mais escassa. De acordo com relatos de moradores, o investimento vale muito a pena: “Temos um estilo de vida completamente único”, finaliza Maria Clara.

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