Por Mauro Franco
Abertura do livro "Jornal Comunitário - comércio e cidadania integradas no bairro", Carolina Hilal, Luminária Academia
Fundamentado na questão da necessidade de se ter material que abranja a mídia comunitária, principalmente no jornal impresso, qualquer trabalho que surja de um jornalista que conseguiu ter a experiência de ter trabalhado em algum jornal de bairro é fundamental para mergulharmos na questão do aprendizado e da importância para a sociedade deste valioso canal de comunicação. Todo trabalho de pesquisa tem o objetivo de trazer a reconstrução do verdadeiro papel da imprensa dentro do cotidiano das pessoas, para que se possa desenvolver caminhos que alicercem a questão cidadã. Apenas desta maneira é que o cidadão terá vez e voz junto ao poder público e conhecerá de fato seus deveres e direitos na sociedade.
Toda comunidade precisa de um canal para exprimir seus anseios e encaminhar suas reivindicações. O veículo que melhor tem cumprido com este objetivo é o jornal comunitário, cujo papel fundamental é servir como meio de expressão e exercício da cidadania. Embora cada jornal comunitário tenha a sua especificidade, seja na linha editorial ou comercial, todos buscam ser porta-vozes das necessidades de cada região, defendendo direitos e cobrando a responsabilidade das autoridades competentes.
Alguns jornais surgiram como decorrência de associações de moradores e amigos do bairro já formada e atuante. Outros, ao contrário, incentivaram a formação de agremiações. Alguns mantêm total independência política, enquanto outros deixam claro sua preferência por candidatos e programas de governo. A maioria enfoca, em suas matérias, somente o bairro e seus moradores, reduzindo a distância que separa o leitor do Poder Público e passando a ser um intérprete mais legítimo e participativo da sociedade. Adquire assim, uma função sociológica importante na medida em que o público leitor consegue ver na notícia um instrumento e não um simples atributo de quem a divulga.
O jornal comunitário expressa os impasses e conflitos entre a sociedade civil local e os seus representantes políticos e administradores governamentais, buscando e cobrando soluções com uma maior participação cívica, restaurando um espaço democrático. A comunicação é, antes de tudo, um bem social e como tal deve chegar ao povo pura, sem infiltrações ideológicas e interesses econômicos. O direito à informação é tão prioritário quanto o da alimentação, saúde, educação e moradia.
Estamos habituados a buscar informações em jornais e portais da "grande imprensa” e esquecemos que existe outro veículo que cumpre esse papel: o jornal de bairro, ou jornal comunitário. O objetivo do jornal comunitário é estabelecer um canal para o povo e pelo povo. É uma publicação voltada para os aspectos da vida em sociedade que compartilha com os leitores uma linguagem próxima de seu cotidiano e que é capaz de alcançar índices de leitura mais elevados que os veículos tradicionais.
Nos dias de hoje, vivemos em um mundo globalizado e mesmo assim o jornal comunitário ganha cada vez mais importância, afinal, o mundo passa a ser o nosso próprio bairro. Todos os jornais de bairro possuem um ponto em comum: o desejo de servir à comunidade, muitas vezes sendo porta-voz de anseios, defendendo os direitos e cobrando responsabilidades das autoridades. Uma reclamação feita em parceria entre moradores de um bairro e o seu jornal comunitário na maioria das vezes leva pouco tempo para ser atendida e receber uma resposta das autoridades competentes. Isto comprova a força e a ampliação que este veículo possui.
Fica difícil imaginar um bairro onde a comunidade não possua um canal para se exprimir e encaminhar suas reivindicações. O jornal de bairro é o veículo que melhor cumpre esse papel, possibilitando trocas constantes de informações, exercício de cidadania e democratização da informação.